O deputado Rodrigo Amorim chegou a empurrar um guarda municipalReprodução

Rio - Os deputados estaduais Rodrigo Amorim (PTB), Alan Lopes (PL) e Filippe Poubel (PL) se envolveram em uma confusão com guardas municipais, agentes da Secretaria de Ordem Pública (Seop) e policiais militares durante uma fiscalização na Avenida Brasil, na noite desta terça-feira (10). Em vídeos que circulam nas redes sociais, os parlamentares aparecem enfrentando os agentes públicos de forma agressiva.

Ainda nas imagens, Rodrigo Amorim chega a empurrar um guarda municipal e faz gestos como se fosse iniciar uma luta corporal. "Seja homem, você tá cheio de marra, tira o dedo da minha cara o car***. Vem então", diz o deputado em um determinado momento do vídeo. Seguranças armados também aparecem na confusão.
Em outra gravação, o deputado ataca verbalmente policiais militares que prestavam apoio aos agentes. "Você é uma vergonha para a Polícia Militar, ambos vão responder na Corregedoria", gritou.
De acordo com a Seop, agentes do programa BRT Seguro realizavam uma operação de rotina para coibir o trânsito de veículos na via exclusiva de ônibus na Avenida Brasil, quando foram abordados pelos deputados estaduais tentando impedir o trabalho de fiscalização. O caso foi registrado pelos agentes na 22ªDP (Penha).


Nas redes sociais, Poubel publicou uma foto ao lado dos deputados dizendo que teria impedido uma operação irregular.

Em nota, a Seop disse, ainda, que repudia a ação dos deputados estaduais "que abusaram da sua autoridade para impedir o trabalho de fiscalização do BRT Seguro, coagindo e ameaçando os servidores públicos".

Nas redes sociais, a Polícia Militar divulgou um comunicado de repúdio. "Lamentamos profundamente os fatos ocorridos na noite de hoje na Avenida Brasil, onde profissionais da área de segurança pública foram desrespeitados e humilhados, quando exerciam suas atividades legais".

O que dizem os deputados

Procurados pela reportagem, os deputados responderam com uma nota conjunta através da Comissão Especial de Combate à Desordem Urbana da Alerj, da qual fazem parte. Eles alegam que foram checar denúncias de que uma blitz estaria praticando ilegalidades e desrespeitando cidadãos.

"Ao chegar ao local, na pista central da Avenida Brasil, foi constatado que veículos regularizados, com toda a documentação em dia, estavam sendo removidos aos pátios públicos por terem transitado na via exclusiva para veículos de transporte coletivo. Trata-se de uma infração passível de solução imediata, visto que o Código Brasileiro de Trânsito prevê que o veículo seja apenas autuado, ao contrário do que se encontrou no local", disse um trecho da nota.
Os deputados ainda argumentaram que "no local foram surpreendidos com uma idosa recém-operada, que estava passando mal, com sangramento, e ainda assim teve seu veículo colocado no reboque de maneira irregular, com a documentação rigorosamente em dia".

"A idosa estava há mais de duas horas com seu carro no reboque pedindo socorro aos agentes públicos, sem qualquer retorno. Os deputados prontamente acionaram o Corpo de Bombeiros, que rapidamente chegaram ao local e prestaram o devido atendimento, levando-a para a UPA da Penha", acrescenta o comunicado.

Eles disseram, ainda, que Polícia Civil será devidamente comunicada da situação abusiva praticada contra a idosa. Sobre o empurrão realizado pelo deputado Rodrigo Amorim, a assessoria explicou que ele repreendeu um policial militar pela omissão de socorro, cena que foi recortada sem dar o delicado contexto completo.

"Durante a retirada dos veículos que estavam sobre os reboques, de maneira irregular e ilegal, os guardas municipais se juntaram para impedir a saída dos cidadãos, um deles ameaçou o deputado Rodrigo Amorim com um taser, que se defendeu afastando-o com um empurrão", diz o comunicado.

A assessoria disse ainda que os parlamentares são favoráveis às operações dentro da legalidade e se mantêm "impreterivelmente em defesa dos agentes de segurança pública que honram suas fardas".

Alan Lopes é presidente da Comissão Especial de Combate à Desordem Urbana da Alerj, enquanto Amorim atua como vice-presidente. Já Filippe Poubel é membro titular.
Procurada, a Alerj ainda não se manifestou sobre o caso. O espaço segue aberto para posicionamento. A Polícia Civil também não deu detalhes sobre as investigações.
Outros casos
Essa não foi a primeira vez em que os deputados Rodrigo Amorim e Alan Lopes se envolveram em uma confusão com agentes da prefeitura. Em agosto deste ano, os funcionários da Seop realizavam uma fiscalização contra veículos que param próximo ao Aeroporto Santos Dumont, quando Amorim se queixou, pedindo a identificação dos agentes e questionando a legalidade da ação, o que gerou um bate-boca.
Na ocasião, um fiscal afirmou que foi chamado de miliciano e que teve o crachá arrancado pelo deputado. Amorim entrou em contato com o deputado Alan que também compareceu no local. Os envolvidos foram encaminhados à 5ª DP (Mem de Sá), onde a ocorrência foi registrada.
Nesse períoco, Alan Lopes disse que os agentes da Seop teriam se negado a mostrar a identificação e fugido do local após a abordagem dos parlamentares. Já Rodrigo Amorim, em sessão na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), informou que foi vítima de abuso por parte dos fiscais.
Entenda mais sobre a faixa exclusiva
A Avenida Brasil voltou a ter uma faixa seletiva exclusiva para ônibus nos dois sentidos, entre os bairros Guadalupe e Caju, no último sábado (7). Segundo divulgado pela CET-Rio, os motoristas de carros de passeio, vans e táxis, que invadirem a via sofrerão infração de natureza gravíssima, com multa no valor de R$ 293,47.

Essa foi mais uma etapa de preparação para o começo da operação do BRT Transbrasil. A faixa exclusiva fica mais à esquerda em cada direção com 22 km de extensão. O limite de velocidade é de 70 km/h e é fiscalizada por radar fixo e oito lombadas eletrônicas.