Projeto levou atendimento jurídico a presídio na Baixada FluminenseReprodurção / TJRJ
O juiz da Comarca de Japeri, Leopoldo Mendes Júnior, que participou pela primeira vez de uma audiência de redesignação, considerou o trabalho importante. "Nossa atividade de juiz criminal é um pouco limitada e poder participar dessa ação, de uma maneira mais direta, é muito interessante e gratificante. No caso da Kelly, observei que ela estava angustiada e é natural. Afinal, ela se sente mulher. Ela chegou a perguntar: 'Posso pedir para as pessoas me chamar de Kelly?', e eu disse: 'Você agora assina como Kelly', sem questionamentos", contou o magistrado.
Nascida em São João de Meriti, na Baixada, Lorraine (nome fictício) contou que foi obrigada a deixar a sua casa aos 13 anos após revelar para a família não se identificar como gênero masculino. Abandonou os estudos e foi morar na comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte, e acabou se envolvendo com o crime. Aos 29 anos, cumpre pena por assalto à mão armada.
“Minha história começou desde nova, quando fui reprimida pelos meus pais. Me sinto mulher desde a adolescência e, a partir de agora, vou recuperar a autoestima que tento ter há tanto tempo a partir da iniciativa do Justiça Itinerante no Presídio”, disse Lorraine.
Leonardo Leal do Nascimento, agente penitenciário do Milton Dias Moreira, disse que a penitenciária abriga presos que não se identificam com nenhuma facção criminosa - são cerca de 20 internos LGBTQIAPN+ dentro do universo de 2.040 detentos. Para ele, o mais importante é manter o diálogo aberto.
"Desde que eu cheguei na unidade, há três meses, tenho sempre me preocupado em ouvir os detentos. A própria Secretaria tem uma coordenação destinada ao público LGBTQIAPN+, e as demandas são passadas para a direção", esclareceu o servidor.
Desde junho de 2021, uma parceria entre o TJRJ e o Governo do Estado garante a identificação civil da população carcerária. O projeto conta, ainda, com as parcerias da Secretaria de Estado de Administração Judiciária (Seap), do Detran, do Ministério Público e da Defensoria Pública. As informações estão no site do TJRJ.
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