Rio - Morreu na madrugada desta segunda-feira (30), Lorna Washington, aos 61 anos. A drag queen admirada pela comunidade LGBTQIA+ fazia shows desde a década de 1980. A morte foi confirmada por amigos da artista por meio das redes sociais. Lorna foi vítima de um infarto. O velório será na terça-feira (31) no Cemitério do Caju, capela B, a partir das 8h. E o sepultamento, às 11h.
Lorna era comparada à atriz Fernanda Montenegro no mundo drag, pela sua capacidade de encarnar diferentes personagens. A transformista teve a vida retratada no documentário "Lorna Washington: Sobrevivendo a Supostas Perdas", de Rian Córdova e Leonardo Menezes. A artista também era ativista pelos direitos das pessoas com HIV/Aids.
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Em sua última publicação na página do Instagram, em julho, a diva compartilhou registros de uma homenagem que recebeu na casa Pink Flamingo, em Copacabana, Zona Sul do Rio. A artista recebeu flores das mãos da artista Karina Karão. "Muito obrigada por toda reverência que recebi na casa LGBTQIAPN+, mais importante na cena carioca.Me emocionei muito e estou muito feliz por receber essas flores em vida!", escreveu Lorna na publicação.
O grupo em defesa de pessoas com HIV Grupo Pela Vidda RJ (GPV-RJ) divulgou uma nota de pesar. "É com profundo pesar que nos despedimos de uma figura icônica e essencial para o movimento LGBT e de combate ao HIV/AIDS, Lorna Washington. Sua partida deixa um vazio irreparável em nossos corações e na comunidade que ela tanto amou e serviu", diz o texto.
"Lorna Washington não foi apenas um transformista; ela foi uma estrela que brilhou intensamente por um breve momento e que, se dependesse de nós, continuaria a iluminar nossas vidas eternamente. Seu legado é marcado por uma dedicação incansável às causas que abraçou, especialmente ao Grupo Pela Vidda RJ (GPV-RJ) e à luta contra o HIV/AIDS", diz o vice-presidente do Grupo Pela Vidda RJ, Rene Júnior.
O carnavalesco Alexandre Louzada afirmou que o legado da transformista não será esquecido. "Grande legado, uma artista de tamanha grandeza! Sempre foi e será uma estrela! Agora, brilha no céu!", declarou.
Lorna desempenhou um papel fundamental no início do Grupo Pela Vidda RJ. Seu comprometimento em visitar o Hospital Gaffrée e Guinle durante os primeiros dias da epidemia da AIDS não apenas aquecia os corações dos doentes, mas também oferecia um raio de esperança em meio à escuridão que envolvia aquele momento sombrio. Na época em que não havia medicação e o tratamento se resumia a cuidados paliativos para aqueles em estágio terminal, Lorna era um farol de solidariedade e amor, escreveu o grupo na nota divulgada.
Em 2022, a transformista recebeu o prêmio Cidadania, Direito e Respeito à Diversidade na Assembleia Legislativa do Estado indicada pelo deputado Carlos Minc.
Lorna Washington sofreu um AVC no ano passado e também passava por sessões de hemodiálise. Mesmo quando não estava montada, Lorna, cujo nome de batismo era Celso Paulino Maciel, mantinha o uso do nome artístico.
Artista completa e cidadã
O vice-presidente do Grupo Pela Vidda RJ (GPV-RJ ) Rene Júnior afirmou que Lorna Washington era muito mais do que uma transformista. "Era uma atriz, cantora e uma verdadeira estrela que deixou uma marca indelével em todos que tiveram o privilégio de cruzar seu caminho", disse. "Suas contribuições para a comunidade LGBT e para a conscientização sobre o HIV/AIDS foram inestimáveis. Seu ativismo incansável ajudou a derrubar barreiras e preconceitos, e sua presença nos lembra da importância da diversidade e do respeito pelas diferenças", completou.
O grupo enviou condolências aos amigos e familiares. "Neste momento de luto, lembramos com carinho e gratidão por tudo o que Lorna Washington fez por aqueles que mais precisavam. Ela pode ter partido, mas seu espírito e legado permanecerão conosco, guiando-nos na busca por um mundo mais inclusivo e compassivo", finalizou a nota.
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