Policiais da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core) integram as equipes que realizam operações na Vila Cruzeiro, no Complexo da Maré e na Cidade de Deus nesta segunda-feira (9)Pedro Ivo
Publicado 09/10/2023 11:35
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Rio - O traficante Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, conhecido como BMW, suspeito de envolvimento no ataque a tiros à quatro médicos na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, na última quinta-feira (5), é um dos principais alvos das operações realizadas nesta segunda-feira (9), no Complexo da Penha e na Maré, Zona Norte do Rio, e na Cidade de Deus, Zona Oeste. De acordo com o secretário de Estado de Polícia Civil, o delegado José Renato Torres, os policiais tem como objetivo capturá-lo com vida.
O secretário contou, em coletiva realizada no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na manhã desta segunda-feira (9), que BMW é o quinto suspeito de integrar o grupo conhecido como Sombra, que teria executado os médicos Marcos de Andrade Corsato, de 62 anos, Perseu Ribeiro Almeida, 33, e Diego Ralf de Souza Bomfim, 35, em um quiosque na Avenida Lúcio Costa.
Para Torres, Juan tem informações importantes para poder esclarecer o assassinato. A principal tese da investigação, comandada pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), indica que os médicos tenham sido mortos por engano, pois o ortopedista Perseu Almeida tem características físicas semelhantes ao miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, possível alvo do grupo.
"A nossa operação inicial, denominada 'Operação Maré', se tornou pública e a partir daí começamos a monitorar os chefes dessa localidade. A atividade de inteligência detectou que teve uma grande migração para o complexo da Vila Cruzeiro e para a Cidade de Deus. Por isso, houve desdobramento para essas comunidades. A nossa expectativa é de capturá-lo [BMW] com vida para que ele esclareça ainda mais as circunstâncias de tirarem as vidas daqueles inocentes, dos médicos. É importante que ele seja preso com vida porque ele vai esclarecer nosso inquérito da Homicídios. Desse grupo, chamado Sombra, o BMW é o último", explicou.
Grupo Sombra
Outros quatro suspeitos de participarem da execução dos três médicos, que formavam o grupo Sombra, foram encontrados mortos dentro de carros no mesmo dia do crime. Entre eles está Philip Motta Pereira, o Lesk, apontado como um dos principais nomes da disputa territorial entre facções no Estado do Rio, foi achado no porta-malas de um veículo na Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio.
Lesk era miliciano e trocou de lado, passando a integrar o Comando Vermelho (CV) e sendo abrigado por criminosos do Complexo da Penha, na Zona Norte. De acordo com as investigações, o criminoso foi responsável por chefiar a invasão de traficantes na Gardênia Azul, em Jacarepaguá, e tinha a ambição de tomar o bairro de Rio das Pedras. Para isso, ele passou a traçar planos para executar Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, de 26 anos. O miliciano, filho do também miliciano Dalmir Pereira Barbosa, é apontado como líder da quadrilha que domina Rio das Pedras, Muzema e adjacências.
Philip era considerado um dos bandidos mais procurados pela polícia no Rio de Janeiro. O criminoso teve a prisão preventiva decretada em 2019 pelo crime de associação para o tráfico, mas estava foragido desde então.
Outro criminoso encontrado morto foi Ryan Nunes de Almeida. Considerado braço direito de Lesk na guerra entre milícia e CV, ele é suspeito de integrar o grupo Sombra, liderado pelo ex-miliciano. O criminoso foi preso em dezembro de 2020 por tráfico de drogas, posse irregular de arma e corrupção de menores. Ele conseguiu fugir um ano depois da prisão.
Também estão entre os mortos pelo 'tribunal do tráfico' os suspeitos Thiago Lopes Claro da Silva e Pablo Roberto da Silva dos Reis.
Megaoperação
Policiais militares e civis realizam, nesta segunda-feira (9), uma megaoperação na Vila Cruzeiro, dentro do Complexo da Penha, no Complexo da Maré, ambas na Zona Norte do Rio, e na Cidade de Deus, na Zona Oeste. Dois helicópteros das polícias foram atingidos por disparos. Um agente foi ferido por estilhaços, mas sem gravidade. Segundo o Governo do Rio, 1.000 agentes atuam nas comunidades.
O objetivo da ação é cumprir mais de 100 mandados de prisão, entre os alvos estão criminosos da cúpula do Comando Vermelho envolvidos em disputas territoriais, como Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha, e Edgar Alves de Andrade, o Doca.
Até o momento, nove pessoas foram presas, sendo seis com mandado de prisão em aberto e três em flagrante. Dois laboratórios de drogas e artefatos explosivos foram descobertos e 16 veículos foram recuperados.
Armas e entorpecentes também foram apreendidas depois de serem encontradas enterrados perto da Escola Municipal Vereadora Marielle Franco, na Maré. De acordo com o Governo do Rio, foram apreendidos cerca de 100 kg de pasta base de cocaína, mais de meia tonelada de maconha e drogas sintéticas, um fuzil 7.62 e um simulacro, dezenas de artefatos explosivos e carregadores, centenas de munições de diversos calibres radiocomunicadores. O governo informou também que 29 toneladas de barricadas retiradas da Maré.
Segundo o coronel Luiz Henrique Marinho Pires, secretário de Estado de Polícia Militar, a principal dificuldade dos policiais é a resistência dos criminosos com armamentos que não são produzidos no estado, o que gerou intensos confrontos na Vila Cruzeiro.
"O efetivo está distribuído com a necessidade e a característica de cada comunidade. Tivemos confrontos intensos na Vila Cruzeiro. Poder bélico muito grande dos traficantes daquela região. Confronto muito pesado. Maré e Cidade de Deus tivemos confronto, mas de menor intensidade. Por isso que esses equipamentos de tecnologia são importantes para minimizar os ferimentos. A maior dificuldade é a resistência que a gente enfrenta. Enfrentamos na Vila Cruzeiro uma resistência muito grande, um intenso confronto, de um armamento que não é produzido no Rio de Janeiro", comentou.
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