Consumidores voltaram às compras no Calçadão de Campo Grande nesta quarta-feiraReginaldo Pimenta/Agência O Dia
Publicado 25/10/2023 11:57
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Rio - Moradores da Zona Oeste do Rio tentam retomar a rotina, após os ataques de milicianos, no início da semana, que impactaram os transportes públicos, escolas, unidades de saúde e o comércio. Nesta quarta-feira (25), lojas do Calçadão Bispo Daniel Malafaia, o Calçadão de Campo Grande, voltaram a funcionar, depois de ficarem de portas fechadas desde a tarde de terça-feira (24), por conta das ameaças de novas ações criminosas. O policiamento permanece reforçado na região.
Diferente do cenário visto ontem, com maior parte do comércio fechado e poucas pessoas circulando, por volta das 10h desta quarta-feira, as lojas, barracas e bancas já estavam recebendo os clientes e havia grande quantidade de pessoas se deslocando e fazendo compras. Um comerciante da região que conversou com a equipe do DIA contou que fechou seu estabelecimento mais cedo, por conta da baixa de procura de consumidores, mas retomou suas atividades hoje. 
Também nesta manhã, havia agentes da Guarda Municipal no calçadão e uma viatura do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (Recom) foi vista próxima ao local. As equipes da Polícia Militar também estão atuando em outros pontos de Campo Grande e Santa Cruz, em vias expressas, estações do BRT e na linha férrea, enquanto o Grupamento Aeromóvel (GAM) sobrevoa a região. Não há registos de novos ataques na Zona Oeste. 
As escolas da rede pública de ensino da área estão funcionando nesta quarta-feira, depois que 37 delas, sendo 24 municipais e 13 estaduais, foram fechadas na terça-feira. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (SME), 10.536 estudantes foram impactados, enquanto nas instituições da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), 2,8 mil tiveram as aulas noturnas suspensas. 
Nos transportes, o ramal Deodoro - Santa Cruz passa por uma manutenção corretiva na linha férrea e rede aérea, no trecho afetado pelo incêndio a uma composição, durante os ataques. Segundo a SuperVia, alguns trens terminam viagem na estação Campo Grande e retornam de extra para Central do Brasil. O trecho entre Central do Brasil e Campo Grande tem intervalo de 20 minutos e entre Campo Grande a Santa Cruz de 40 minutos.
De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), a frota de ônibus municipais está "praticamente normalizada" e no BRT, a circulação segue normal em todos os corredores e os serviços eventuais estão operando normalmente. A estação Santa Veridiana, no corredor Transoeste, está fechada após ter sido incendiada pelos milicianos e os passageiros devem usar as estações Curral Falso e Vendas de Varanda, todas em Santa Cruz, para embarque e desembarque.
Ataques na Zona Oeste
Os ataques tiveram início na tarde da última segunda-feira (23), depois que o miliciano Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão ou Teteu, foi morto por policiais civis em uma operação na comunidade Três Pontes, em Santa Cruz. Ele era sobrinho e sucessor de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho. Os criminosos incendiaram 35 ônibus, sendo 20 da operação municipal, cinco BRTs e outros 10 de turismo e fretamento, se tornando o maior número de coletivos queimados da história da cidade do Rio.
O motorista de um dos ônibus sofreu queimaduras e está internado com quadro estável no Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz. Os milicianos ainda atearam fogo em um trem na altura da estação Tancredo Neves, em Paciência, em outros veículos e atacaram estações do BRT. A PM chegou a deter 12 pessoas, mas seis delas foram soltas por falta de inídicios de participação nos crimes. As outras permanecem presas e vão passar por uma audiência de custódia hoje.
A corregedoria da PM também prendeu administrativamente o sargento do Batalhão de Choque (BPChq), Bruno Bento do Nascimento, dono da arma encontrada com Faustão. Além disso, a Polícia Civil investiga o criminoso Rui Paulo Gonçalves Estevão, o 'Pipito', de 33 anos, apontado como o sucessor de Teteu e responsável por coordenar os ataques. A instituição ainda pretende descobrir se, além da represália pela morte do criminoso, as ações do grupo foram uma estratégia para para despistar a segurança pública e Zinho, líder da maior milícia do Rio de Janeiro, conseguir fugir da favela. 
 
 
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