Professora Samara de Araújo Oliveira foi presa injustamente em Rio Bonito, na Região Metropolitana do RioReprodução/Redes sociais

Rio - A professora Samara de Araújo, de 23 anos, que ficou presa injustamente por oito dias no Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica, na Zona Norte, voltou para casa, em Rio Bonito, na Região Metropolitana, nesta sexta-feira (1º). Ela teve a prisão preventiva decretada pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) depois de ser acusada de cometer crime de extorsão no município de São Francisco, no interior da Paraíba, em 2010. A prisão foi revogada, já que o caso aconteceu quando ela tinha apenas 10 anos.
Professora Samara de Araújo Oliveira foi presa injustamente em Rio Bonito, na Região Metropolitana do Rio - Reprodução/Redes sociais
Professora Samara de Araújo Oliveira foi presa injustamente em Rio Bonito, na Região Metropolitana do RioReprodução/Redes sociais
Ainda muito abalada, a professora de matemática se recupera do trauma ao lado do marido e do filho de dois anos. Em entrevista ao 'RJTV2', Samara desabafou que sempre fez tudo correto em sua vida e nunca imaginou que um dia estaria em uma cadeia. "Parece que estou sonhando. Eu ainda não estou acreditando que estou em casa e nem que passei todos aqueles dias naquele lugar. Parece que a qualquer momento eu vou parar lá", disse em entrevista.
A professora detalhou que a cela onde estava tinha paredes altas e que o espaço chegou a abrigar 21 mulheres. Para ela, os oito dias presa podem ser definidos como "dias angustiantes". 
O processo
A professora foi denunciada pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) e a prisão preventiva decretada pelo Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), em 3 de fevereiro deste ano. No pedido de revogação da prisão, a defesa de Samara aponta "flagrante falha na investigação" e destaca que, de acordo com a Constituição Federal e o Código Penal, os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, e por isso, a jovem "não poderia nem sequer ter sido denunciada pela prática de crime".
De acordo com a denúncia do MPPB - que tem outros seis envolvidos, além da professora -, em 29 de setembro de 2010, um funcionário do Mercadinho Vieira, à época correspondente bancário da Caixa Econômica Federal, recebeu a ligação de um homem se passando por servidor dos Correios, dizendo que havia sofrido um assalto e que duas pessoas em uma motocicleta estavam do lado de fora do estabelecimento. Caso a vítima desligasse o telefone ou não realizasse transferências bancárias, seria morta pela dupla.
O funcionário então fez diversos depósitos da conta bancária do Mercadinho para as indicadas no telefonema, totalizando R$ 8 mil. Após saber sobre o episódio, o dono do estabelecimento conferiu que não havia ninguém do lado de fora e que eles tinham sofrido um golpe. Os beneficiários da farsa seriam uma homônima de Samara, Cilene de Souza Vilela, Eliane dos Santos Sampaio, Josina Gouvea Padilha, Letícia Souza Alves, Paulo Adriano Félix das Neves e Ricardo Campos dos Santos. A agência bancária não retornou os valores às vítimas, caracterizando vantagem indevida pelos acusados.
Segundo o MPPB, na terça-feira passada (28), "tão logo cientificado dos fatos, manifestou-se favoravelmente pela revogação da prisão preventiva e pela expedição de alvará de soltura". O órgão esclareceu ainda que, conforme verificado em outros processos, na época, um grupo criminoso do Rio de Janeiro utilizou dados de terceiros para movimentar quantias oriundas de extorsão. "No caso, a jovem teve seu CPF citado em investigação policial que detectou o uso do documento na abertura de conta corrente bancária".