Leonardo Quintanilha, de 28 anos, morava em São Gonçalo, mas se mudou para o Rio para ficar mais perto do trabalhoReprodução
Familiares de jovem que teve morte cerebral após ser agredido em assalto vão ao IML para liberação do corpo
De acordo com os parentes, houve falha no socorro e no atendimento hospitalar
Rio - Familiares do assistente de imigração Leonardo Alves Quintanilha, de 28 anos, estiveram no Instituto Médico Legal (IML) para realizar a liberação do corpo do rapaz, que teve morte cerebral declarada, nesta segunda-feira (4) após ser agredido durante um assalto no Centro do Rio. O enterro do jovem está previsto para esta quarta-feira (6), às 16h, no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.
Após declarar que houve falha no socorro e no atendimento hospitalar do irmão, a vendedora Isabella Quintanilha, de 23 anos, contou que não foi procurada por nenhuma autoridade e voltou a falar sobre a negligência. "A informação que a gente tem é que tinha alguma autoridade no local, policial ou guarda, que viu meu irmão desacordado e não prestou o socorro imediato. E quando fomos pro hospital, ele ainda ficou três dias na sala vermelha sem a gente conseguir levar ele pro CTI. E é claro, a negligência do Estado do Rio, a gente sabe que ele não é o primeiro e não vai ser o ultimo. Até quando, sabe? Como que às oito horas da noite no Centro do Rio é permitido acontecer algo tão brutal?", questionou emocionada.
Leonardo foi socorrido por populares que passavam no local e levado para casa, na Cinelândia. Só então a família foi avisada e uma ambulância foi acionada para levá-lo ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio.
Ainda sem acreditar na perda, Isabella, grávida de quatro meses, contou que o irmão era como um protetor da família. "Sabe aquela pessoa que tudo que acontece, a gente procura? Ele era essa pessoa. Ele era meu melhor amigo, a gente se entendia de uma forma surreal, não consigo imaginar a vida sem ele. Quando contei da gravidez, ele ficou tão feliz e animado, fazia lista de nomes para o bebê. Perdi meu irmão na época mais importante da minha vida, que é a gravidez. Meu irmão não vai conhecer o sobrinho dele, que ele tanto queria", lamentou a vendedora.
A partir de agora, a família busca por Justiça e pede que não tenham outras vítimas como Leonardo. "A gente só quer Justiça por ele, é o mínimo, ele não merecia isso. Não vai trazer ele de volta, mas a gente não quer que esse tipo de coisa continue acontecendo. Ter que perder meu irmão por negligência, da maneira que foi, é muto cruel. Meu irmão pagou com a vida por uma negligência, mas ele não vai ser só mais um, não quero ter que ver outra mãe como a minha tá em casa", afirmou.
De acordo com as primeiras informações, o jovem teria saído com um amigo para comer na noite do último dia 28. Na volta, os dois caminharam até um ponto de ônibus na Avenida Beira-Mar, onde o assistente de imigração e o amigo foram alvos de um grupo de criminosos. Segundo os familiares, os bandidos teriam pulado pela janela de um ônibus e agredido ele brutalmente para pegar o celular e a pochete com cartões.
Depois disso, a irmã afirma que o Leonardo teria conseguido se levantar e correr atrás dos assaltantes para recuperar os pertences. "Ele chegou a alcançar o ônibus onde os bandidos estavam e ficou preso na porta tentando recuperar a pochete. O que sabemos é que ele teria sido arrastado por um quarteirão até que os bandidos o empurraram e ele caiu desacordado", disse.
Procurada, a Polícia Civil disse que a investigação, iniciada pela 5ª DP (Mem de Sá), foi encaminhada à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). A corporação informou que diligências estão em andamento para apurar a autoria do crime.
Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que os detalhes sobre o atendimento dado a Leonardo são restritos aos familiares.
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