Atos violentos em série, como a agressão covarde de ladrões contra um empresário numa rua de Copacabana, foram o estopim para o movimento reprodução de vídeo
'Não se justifica um crime cometendo outro', diz secretário de Segurança do RJ sobre grupos de justiceiros
Victor César Carvalho dos Santos os comparou a milicianos e negou aumento do efetivo da PM em Copacabana
Rio - Os integrantes dos grupos que se auto intitulam como "justiceiros", criados após os recentes casos de violência em Copacabana, na Zona Sul, estão sendo monitorados pela polícia. A informação foi confirmada pelo secretário de Segurança Pública do Rio, Victor César Carvalho dos Santos. Em entrevista ao programa 'Estudio i', da GloboNews, ele repudiou as atitudes, chegando a comparar o comportamento do grupo ao de milicianos, e afirmou que todos estão sendo acompanhados.
"Trata-se de um grupo que se acha acima do bem e do mal, no direito de fazer justiça com as próprias mãos. E então praticam crimes com o objetivo de evitar crimes. Na verdade todos eles são criminosos. O justiceiro é criminoso", disse Victor César.
Em grupos de Whatsapp, o bando planeja "caçar" os suspeitos de roubo empregando táticas agressivas e alega que moradores andam desprotegidos nas ruas do bairro. A iniciativa ocorreu após o ataque sofrido pelo empresário Marcelo Rubim Benchimol, de 67 anos, que no domingo passado (3) levou um soco no rosto e em seguida foi roubado por um grupo de jovens.
Em entrevista ao RJ1, da Globo, o secretário afirmou que fazer justiça com as próprias mãos não é a decisão certa, além de ser crime previsto no Código Penal. "Pode ser que pelo fato de ver o idoso ou qualquer outra pessoa sendo vítima de violência, tenha os motivado a fazer justiça com as próprias mãos, mas isso é errado. Não se justifica um crime cometendo outro, incitação ao crime é crime previsto no Código Penal, sem contar o crime que eventualmente venha a ser praticado", disse.
Santos negou a informação de que o efetivo da polícia que atua em Copacabana será aumentado. Ele alega que o emprego da tecnologia vai ser fundamental para frear a onda de violência que atinge a região. "Antes não se investia tanto em tecnologia como se investe agora. Em Segurança Pública foram mais de dois bilhões de reais investidos. Eu entendo que o resultado não aparece de uma hora para a outra, ninguém tem uma varinha de condão para resolver todos os problemas. A tecnologia é que vai funcionar para que a gente possa fazer o melhor uso do recurso humano que hoje já existe", afirmou.
Procurada pelo DIA, a Associação de Moradores de Copacabana (Amacopa) informou que o aumento de policiais nas ruas seria fundamental para diminuir os assaltos. Além disso, a Amacopa repudiou qualquer atitude tomada fora da lei.
"Temos que andar dentro da lei, tomar qualquer atitude violenta vai inverter o jogo. Precisamos combater a desordem e o crime dentro da lei. Precisamos de mais policias para combater, diariamente, esses criminosos que vem para Copacabana tocar o terror. Somente com a Polícia Militar aumentando o efetivo vamos conseguir apaziguar essa criminalidade. Esse é o único passo que podemos dar dentro da lei", ressaltou o presidente da associação, Tony Teixeira.
A preocupação em relação à Segurança Pública deveria ser uma questão do Estado e não da população. É o que explica o advogado criminalista, Hildebrando Ferreira dos Santos. "Esse tipo de comportamento é antijurídico e reprovável, não existe essa possibilidade de Liga da Justiça. O estado é o responsável pelo fator segurança e tem que estar presente, mas ausência dele faz com que as pessoas busquem seus próprios meios de segurança", ressaltou.
O que dizem as polícias
Por meio de nota, a Polícia Militar alertou que as convocações para agressões não são maneiras adequadas de resolver ações criminosas que vêm ocorrendo em Copacabana. A corporação ressaltou, ainda, que é importante que a sociedade apoie, confie e colabore com as ações realizadas pelos órgãos de segurança pública, bem como de outros atores envolvidos. Segundo a PM, esse problema ultrapassa a atuação somente da corporação, sendo um obstáculo de âmbito social.
"Cabe destacar que é de suma importância a atuação ativa de outros atores sociais e de órgãos públicos – municipal, estadual e federal. Além disso, destacamos que a legislação vigente precisa ser revista no que tange a segurança pública. Informamos ainda que a SEPM continua atuando com policiamento reforçado, diuturnamente em Copacabana, trabalhando de forma integrada com as demais forças de segurança", finaliza a nota.
Já a Polícia Civil disse que tomou conhecimento da situação e informou que diligências estão em andamento para identificar os envolvidos e esclarecer os fatos.
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