Publicado 31/01/2024 06:50
Rio - Uma operação do Batalhão de Operação Policiais Especiais (Bope) no Complexo da Penha, na Zona Norte, mirou a guerra entre entre criminosos rivais pelo controle de territórios. Com apoio do Batalhão de Ações com Cães (BAC) e do 3° BPM (Méier), as equipes atuaram desde as primeiras horas desta quarta-feira (31) nas comunidades da Vila Cruzeiro, Parque Proletário, Juramentinho e Flexal, dominadas pelo Comando Vermelho. A ação deixou um suspeito morto, quatro presos e um homem ferido. Meia tonelada de maconha e oito fuzis foram apreendidos.
A operação teve como objetivo coibir a migração de criminosos da região para localidades da Zona Oeste do Rio. Houve intenso confronto ao longo de toda a manhã e criminosos chegaram a incendiar barricadas e veículos para impedir o acesso dos policiais militares à comunidade. As equipes precisaram utilizar retroescavadeira para remover as barreiras. Em imagens que circulam nas redes sociais, é possível ver viaturas do Bope seguindo para comunidade e colunas de fumaça. Confira abaixo.
Segundo a PM, os policiais foram alertados que um homem morto foi abandonado por um motorista de um carro particular no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Informações preliminares apontam que ele teria ligação com o tráfico de drogas e a ordem para deixar o corpo na unidade de saúde partiu do crime organizado.
No confronto, um agente comunitário de saúde acabou baleado de raspão no braço, quando estava à caminho de uma padaria da região. Edimilson Silva Pinto, 45, foi socorrido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Alemão e já recebeu alta médica.
Os militares também prenderam um homem com mandado de prisão em aberto, que tinha duas anotações criminais por homicídio e associação ao tráfico cada, e outro suspeito com drogas, carregadores de fuzil e um radiotransmissor. Na parte da tarde, agentes da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) prenderam mais dois homens no Morro da Fé, dentro do complexo. Dois fuzis que estavam com eles foram apreendidos.
Já o BAC apreendeu uma carga de drogas durante buscas no Parque Proletário, além de meia tonelada de maconha e cinco fuzis. Já dentro da Vila Cruzeiro, outro fuzil foi apreendido, assim como drogas e rádios transmissores.
O 3º BPM ocupou as favelas do Flexal e Juramentinho que, segundo dados de inteligência da PM, poderiam ser rotas de fuga dos criminosos da Penha.
Por conta da operação, as Clínicas da Família Zilda Arns, Valter Felisbino de Souza e Aloysio Augusto Novis suspenderam as atividades externas realizadas no território, como visitas domiciliares, mas o atendimento à população nas unidades foi mantido.
Guerra de facções
Há mais de um ano, as comunidades das zonas Oeste e Norte vivem uma guerra entre criminosos rivais. Sob forte influência de milicianos, as favelas têm sido palco de invasões do Comando Vermelho, que pretende expandir pontos de venda de drogas pelo Rio. Recentemente, integrantes do Terceiro Comando Puro (TCP) se juntaram com os paramilitares para expulsar bandidos da outra facção, que conseguiram invadir partes desses locais. A disputa acontece pelos Morros do Fubá e do Campinho, Muzema, Rio das Pedras, Complexo da Covanca, além da Gardênia Azul, Praça Seca e a Cidade de Deus.
Na madrugada de terça-feira (30), a PM prendeu sete criminosos armados da Vila Cruzeiro que pretendiam invadir a Gardênia Azul, em dois automóveis na Linha Amarela, na altura da Freguesia, na Zona Oeste. Na ação, foram apreendidos quatro pistolas calibre 9mm, 160 munições do mesmo calibre, seis granadas, três telefones celulares, roupas camufladas e os carros. Desde a última sexta-feira (25), a região vem sofrendo com confrontos constantes entre traficantes e milicianos, que deixaram pelo menos dois mortos, um ferido e veículos incendiados.
Cidade de Deus
Nesta quarta-feira (31), o 18° BPM (Jacarepaguá) realizou uma operação na Cidade de Deus, também para reprimir a movimentação de criminosos envolvidos em disputas de territórios no Rio das Pedras e Gardênia Azul. No local, um homem foi preso e os militares apreenderam uma mochila com grande quantidade de drogas. Por conta da ação, o Centro Municipal de Saúde Hamilton Land e a Clínica da Família Lourival Francisco de Oliveira mantêm o atendimento à população, mas as atividades externas, como as visitas domiciliares, estão suspensas.
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