Ação é da Corregedoria-Geral de Polícia Civil em conjunto com a Subsecretaria de InteligênciaReprodução / Google Street View
Publicado 06/03/2024 10:07
Rio - A Corregedoria Geral da Polícia Civil realizou, nesta quarta-feira (6), uma operação contra três policiais civis, lotados em delegacias da Baixada Fluminense e do interior do RJ. Os alvos da ação realizaram diversas consultas, sem justificativas, no banco de dados da corporação sobre o juiz Bruno Monteiro Rulière e seus familiares. O magistrado atuava em ações contra o crime organizado.

Segundo a corporação, o objetivo da operação, nomeada Pretorian, era cumprir doze mandados de busca e apreensão. As ordens judiciais foram expedidas pela 36ª Vara Criminal da comarca da capital. Todos os mandados foram cumpridos e materiais, como dispositivos eletrônicos, foram apreendidos para análise. A investigação segue em andamento. 
A Civil informou que as investigações tiveram início após a Subsecretaria de Inteligência da corporação verificar uma possível violação das regras de uso do "Portal da Segurança" por parte dos três policiais. Na época, os agentes estavam lotados na Delegacia de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco/IE), 128ª DP (Rio das Ostras) e Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC). Ao todo, foram feitas três buscas, sendo uma em 2021 e duas no ano passado. 

A corregedoria da Civil foi comunicada e, atualmente, investiga a motivação que levou os agentes a acessarem, indevidamente, o banco de dados e buscarem informações sobre o juiz, sua mulher, seus sogros e cunhado. Bruno atuava na 1ª Vara Especializada de Combate ao Crime Organizado. 
De acordo com a Polícia Civil, o monitoramento ilegal na base de dados do Portal de Segurança configura uma violação funcional gravíssima. Caso comprovadas as irregularidades, a corporação informou que serão tomadas medidas nas esferas administrativas e penais. 
Histórico
O magistrado já atuou contra o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski. Na ocasião, em novembro de 2022, o juiz aceitou uma denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pelo crime de obstrução de justiça. Turnowski é acusado de atrapalhar as investigações contra uma organização criminosa que cobrava propina de comerciantes da cidade de Petrópolis, na Região Serrana no Rio. Na decisão, Rulière ainda proibiu Turnowski de exercer qualquer função pública e até mesmo acessar lugares vinculados à polícia.
O ex-delegado da Delegacia de Defesa do Consumidor (Decon) Maurício Demétrio está preso acusado de ser o líder da quadrilha. O grupo criminoso, segundo o MPRJ, era dividido em dois núcleos, sendo o principal responsável pela arrecadação dos recursos. Com esses recursos, o delegado manteria um padrão de vida incompatível com seu cargo e os recursos dessa posição.
O juiz Bruno Monteiro Rulière também foi o responsável por condenar os irmãos Leonardo e Leandro Gouvêa da Silva, conhecidos como Mad e Tonhão, a 13 anos de prisão pelo crime de organização criminosa em 2023. Eles são acusados de integrarem um grupo conhecido como "Escritório do Crime", responsável por cerca de dez homicídios.
Em sua decisão, o juiz destacou que as provas apresentadas na denúncia não deixam dúvidas de que o grupo criminoso a qual os irmãos pertencem é composto por mercenários que atuavam como matadores profissionais. A atividade do grupo, de acordo com o magistrado, se desenvolveu no contexto dos jogos do bicho e contravenção. O juiz ainda justificou sua decisão com base na conduta social de Leonardo e Leandro. Para o magistrado, os integrantes do grupo criminoso tem desprezo pela vida humana.
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