Delegado Maurício Demétrio chega à sede da Corregedoria da Polícia Civil, no CentroREGINALDO PIMENTA/AGÊNCIA O DIA

Por Yuri Eiras e Gustavo Ribeiro
Rio - O delegado titular da Delegacia do Consumidor (Decon), Maurício Demétrio, foi preso na manhã desta quarta-feira (30), na Barra da Tijuca, durante a Operação Carta de Corso, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ). O MP investiga uma organização criminosa que cobrava propina a comerciantes de produtos falsos e atuava dentro da própria Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), responsável por combater a pirataria. Demétrio nega as acusações.
Até a última atualização da reportagem, seis prisões já haviam sido realizadas, entre elas a do delegado, a de um perito criminal e a de três policiais civis. O objetivo da operação do Ministério Público é cumprir oito mandados de prisão e 14 de busca e apreensão, alguns na própria DRCPIM, na Cidade da Polícia. Maurício Demétrio foi preso em casa, em um condomínio de luxo na Barra.
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Segundo o Ministério Público, o esquema ocorreu entre março de 2018 e março de 2021, quando Maurício Demétrio era o titular da DRCPIM. O delegado e outros policiais civis exigiam dos lojistas da Rua Teresa, em Petrópolis, o pagamento de propina de R$ 250 semanais e outras vantagens indevidas para permitir que continuassem a venda de roupas falsas. A Rua Teresa é conhecida pelo comércio popular na Região Serrana.
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O delegado Maurício Demetrio (à esquerda). Foto de arquivo - Luciano Belford/Agencia O Dia
O delegado Maurício Demetrio (à esquerda). Foto de arquivoLuciano Belford/Agencia O Dia
O esquema criminoso era dividido por dois núcleos: um agia em Petrópolis e era responsável por ameaçar diretamente os lojistas e recolher os valores cobrados. Este era formado por Alex Sandro Gonçalves Simonete, Ana Cristine de Amaral Fonseca e Rodrigo Ramalho Diniz, comerciantes na Região Serrana. No Rio, Ricardo Alves Junqueira, advogado, e Alberto Pinto Coelho também foram denunciados pelo MP.
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O outro núcleo era formado pelos policiais civis, que cumpriam diligências policiais contra determinados lojistas como "forma de represália" a quem não pagasse a propina, segundo o Gaeco, subvertendo "a estrutura da Polícia Civil em instrumento de organização criminosa". Celso de Freitas Guimarães Junior, Vinicius Cabral de Oliveira, Luiz Augusto Nascimento Aloise são os policiais civis denunciados, junto com o perito criminal José Alexandre Duarte e o delegado da Decon, Maurício Demétrio.
Maurício Demétrio chegou por volta das 12h à sede da Corregedoria da Polícia Civil, no Centro. Ele negou as acusações e afirma que irá processar. "A diligência que o Gaeco me acusa de ser retaliação foi mandado pelo Ministério Público. Não existe nada forjado, de jeito nenhum. O dinheiro (encontrado em seu apartamento) foi declarado no Imposto de Renda, inventariado, herança da minha mãe. Os carros foram comunicados à Corregedoria. Foi uma retaliação, com certeza, capitaneada pelo Gaeco", afirmou. 
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Em nota, a Polícia Civil afirmou que "a Corregedoria já possui procedimentos abertos sobre este caso e solicitará informações ao Ministério Público sobre a operação de hoje para juntar nas investigações".
A Associação da Rua Teresa (ARTE) lamentou a existência do esquema e afirmou não ter recebido qualquer denúncia sobre as propinas pagas aos policiais da delegacia. "A Arte lamenta que lojistas do polo possam ter sido alvo de extorsão como apontam as investigações conduzidas pelo MPRJ e Corregedoria da Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro. Ressaltamos que, desde os anos 1960, a Rua Teresa é uma Rua de comércio familiar e confecção própria, em sua maioria, e que vem lidando com a concorrência desleal de produtos sem procedência comprovada há anos", afirmou a associação. "Reforçamos que somos um importante setor econômico do município, reconhecido por gerar mais de 20 mil empregos diretos e indiretos, e representando, antes da pandemia, cerca de 14% PIB da cidade", completou.