João Vinicius foi eletrocutado ao encostar em food truck durante um festival no RiocentroRede Social
Publicado 29/04/2024 11:34 | Atualizado 30/04/2024 11:04
Rio - A Polícia Civil indiciou 13 pessoas por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, e fraude processual pela morte do jovem João Vinicius Ferreira, de 25 anos, eletrocutado durante um festival de música no Riocentro, na Zona Oeste do Rio. A informação foi divulgada pela mãe do rapaz, Roberta Ferreira, na manhã desta segunda-feira (29).

João foi eletrocutado ao encostar em food truck durante o festival "I Wanna Be Tour" no dia 9 de março deste ano. Na ocasião, chovia muito no local. De acordo com a mãe, diversas testemunhas confirmaram vários fios espalhados pelo chão e reclamaram da falta de organização. O espaço também não foi preservado para perícia, sendo limpo e esvaziado antes da chegada da polícia.

Ao todo, foram indiciados coordenadores e supervisores do evento, organizado pela empresa 30e, eletricistas, proprietários e gestores, além de engenheiros e responsáveis técnicos do Riocentro.

Após a finalização do inquérito, o desejo de Roberta é que a Justiça seja feita e a empresa responsabilizada. "Nada vai trazer meu filho de volta, mas agradeço muito o trabalho da polícia e espero que a Justiça seja feita para que nenhuma mãe passe pelo que eu estou passando. Luto por punição e fiscalização do poder público em eventos. As empresas são responsáveis pelo público que vai assistir as bandas e tem a obrigação de oferecer um serviço de excelência porque sem o público que está ali pagando, não há evento", desabafou.

Relembre o caso

No dia do evento, uma grande tempestade atingiu o local. Ao tentar se proteger da chuva, João acabou encostando em um food truck e recebendo uma descarga elétrica. Ele sofreu uma parada cardíaca, chegou a ser reanimado, socorrido e encaminhado ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas sofreu outra parada e não resistiu.

Segundo a família, um médico legista do Instituto Médico Legal (IML) contou que o jovem estava com uma marca nas costas provocada por um condutor elétrico, mas que ele não estava molhado na hora do incidente, pois suas roupas estavam secas, assim como seus documentos.

Ainda na ocasião, a mãe do rapaz explicou que o local não foi preservado para perícia, que foi realizada apenas dois dias após o incidente.Durante a investigação, testemunhas e organizadores do evento prestaram depoimento.
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Na época, a empresa 30e lamentou o caso e informou que durante a chuva, o público se dirigiu para a marquise coberta, seguindo os protocolos de segurança. "Neste momento, lamentavelmente, ocorreu um incidente na área descoberta próxima a um food truck terceirizado: O jovem João Vinícius Ferreira Simões foi atingido por uma descarga elétrica. O sistema de segurança foi acionado no mesmo instante para atendimento e para as providências de socorro", disse um trecho do comunicado.
Procurada, a empresa informou que aguarda ter acesso integral aos documentos para se posicionar. Já o Riocentro disse que recebeu com perplexidade a informação, pela mídia, de que colaboradores da concessionária foram indiciados pela Polícia Civil e informou que a empresa tem colaborado com as autoridades durante toda a investigação e segue à disposição para o devido esclarecimento dos fatos.
"O centro de convenções ainda não foi formalmente notificado e, logo que o for, irá comprovar que não teve qualquer participação na montagem, desmontagem ou realização do Festival I Wanna Be Tour. Uma área externa do Riocentro foi alugada para a 3Oe, empresa responsável pelo festival, e a mesma apresentou toda a documentação necessária para a realização do evento, inclusive o Alvará e o AVCB do Corpo de Bombeiros. Toda a produção e operação do festival eram de responsabilidade da 3Oe, incluindo alimentação, segurança, distribuição elétrica, brigada de incêndio, serviços médicos e instalações elétricas", disse em comunicado.
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