Rio - A Polícia Civil vai realizar, na manhã desta terça-feira (12), uma perícia complementar no local onde o jovem João Vinicius Ferreira Simões, de 25 anos, morreu eletrocutado durante um festival de música no Riocentro, na Zona Oeste do Rio. Segundo informações repassadas pela família do rapaz, a perícia está marcada para começar às 11h.
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A organização do evento não preservou o local para o trabalho da perícia, após João Vinicius ser gravemente ferido. Conforme informado pela Polícia Civil, caso a atitude cause algum prejuízo para as investigações, os responsáveis podem ser responsabilizados judicialmente. O caso é investigado pela 32ª DP (Taquara).
Os organizadores do evento e outras testemunhas serão chamados para prestar depoimento em busca de esclarecer a morte do jovem.
O caso
João Vinícius Ferreira recebeu uma descarga elétrica ao encostar em um food truck energizado durante o evento 'I Wanna Be Tour', no Riocentro, na noite de sábado (9). De acordo com a mãe do rapaz, Roberta Ferreira, por volta das 21h, o filho informou que estava tudo bem no evento, mesmo com a chuva que caía na região. Cerca de uma depois, as ligações não foram mais atendidas e nem as mensagens respondidas.
A família do rapaz mora em Maricá e estava no Rio apenas para levar e buscar João no festival. Após a descarga elétrica, o jovem foi socorrido e levado ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas segundo a unidade de saúde o paciente chegou sofrendo parada cardiorrespiratória e não resistiu.
O corpo de João foi enterrado às 15h no Cemitério Municipal de Maricá. Durante o velório, o avô do rapaz se emocionou ao falar do neto. "Vinicius, você foi um filho, um neto, um sobrinho, um afilhado maravilhoso. Sou suspeito para falar. Peço a Deus que receba meu neto lá em cima. Agora, por outro lado, eu quero ver a ganância desses empresários maldosos que fazem um show sem segurança para o público. Essas coisas tem que ser observadas. Tem que ter Justiça. Que isso aqui sirva de lição. Meu neto, vá com Deus. Descanse em paz", disse Roberto Ferreira.
O corpo de João, que era apaixonado pelo Flamengo, foi envolto com uma bandeira da equipe durante o velório. Roberta Ferreira, mãe da vítima, disse que o filho estava no sétimo período do curso de Educação Física e tinha o sonho de se tornar professor. Ele já trabalhava como personal em uma academia em Niterói, também na Região Metropolitana do Rio. Segundo a mãe, toda a família está destruída e clamando por Justiça.
O que diz a organização do evento
Através do perfil nas redes sociais do festival, a empresa 30e, produtora do evento, disse que está apurando junto às autoridades sobre o que aconteceu com o jovem. A empresa afirmou que as informações obtidas até o momento atestam para a conformidade de operação do food truck, onde João Vinícius recebeu uma descarga elétrica. A produtora lamentou o ocorrido e informou que está prestando solidariedade à família da vítima.
Outros jovens tomaram choque
Além da vítima, outras pessoas presentes no festival também relataram que tomaram choque ao tocar em food trucks. A jovem Gabriela Neves contou ao DIA que sentiu uma corrente ao fechar a porta de um dos carros a pedido de uma funcionária.
"Eu estava me protegendo da chuva do lado de um food truck e aí eu tava com um sapato bem emborrachado, então eu tava ok, mas teve uma hora que a moça abriu a porta para uma das meninas sair ali do quiosque e pediu pra fechar. Quando eu encostei eu senti a corrente e ela falou para fechar com a cadeira. Peguei a cadeira de madeira pra poder fechar mas eu senti que estava tendo corrente descontrolada", contou.
Mayra Mendes também estava no local e viu o momento em que a descarga elétrica atingiu João. Segundo ela, após o jovem ser retirado do local, a produção seguiu com o evento normalmente.
"Não havia uma área coberta onde pudéssemos nos proteger da chuva, então fomos para a área dos food trucks, assim como muita gente. Antes de chegar lá havia uma área com lugares para sentar que era coberta por uma tenda, de lona. Ficamos ali embaixo dela, mas chovia tanto que não dava vazão, a lona já estava transbordando. Ouvimos uma pessoa gritar 'tira ele, tira ele'. As funcionárias do food truck também gritavam muito. Começou uma gritaria e as pessoas saindo dos foodtrucks. Quando vimos ele estava caído já, com algumas pessoas em volta, logo chegou os profissionais para socorrê-lo. Eles apenas desligaram esse Food Truck, afastaram as pessoas que trabalhavam lá, colocaram algumas latas de lixo para evitar que as pessoas fossem lá, mas não interditaram o local”, explicou.
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