Fiação exposta no Riocentro após acidente que matou jovem eletrocutadoArquivo Pessoal
Ao DIA, a mãe do rapaz, Roberta Ferreira, revelou o descaso da organização do evento. Ela explica que não houve perícia e que ao chegar no espaço toda estrutura já estava sendo desmontada.
"Todas essas fotos tiramos porque a polícia empurrou o portão do evento pra gente entrar. E não tinha mais ninguém do evento lá. Estava tudo sendo desmontado! E ninguém entrou em contato comigo até agora, como eles estão falando que estão dando assistência", disse.
Veja as imagens:
Com a repercussão do caso, duas jovens de 25 e 31 anos revelaram ao DIA terem sofrido choques elétricos antes mesmo da chuva começar. Ambas, com medo de represálias por parte da organização, preferiram não se identificar.
"Minutos antes de começar a chuva, eu fui comprar um lanche no food truck da pista premium, próximo a pipoca e batata de carrocinha. Eu encostei na mesinha presa no carrinho e levei um choque bem forte. Levei um susto e quase caí pra trás", contou.
Segundo a testemunha de 31 anos, ela chegou a avisar as pessoas que trabalhavam no local, mas não foi ouvida. "Uma moça vinha na direção pra encostar e também avisei ela, mas ela não me deu ouvidos e encostou, aí ela não levou choque, então me ignorou. Eu estava bem suada e molhada com água que jogamos no rosto", explicou.
Em relação à chuva, ela disse ainda que não tinha local coberto para abrigar o público. Em mais um depoimento, a segunda jovem contou que chegou no local por volta das 11h e que passou mal por conta do calor, sendo atendida no posto médico. Logo depois, ao ser liberada com recomendação de evitar o sol procurou um espaço com sombra na pista normal, mas não encontrou espaço coberto.
"Alguns minutos depois comecei a me sentir mal novamente e dessa vez bem fraca, foi então que me abriguei atrás de um carrinho de food truck, que vendia pizza, fiquei lá por um tempo. Quando melhorei e fui sair de lá, encostei sem querer, ao mesmo tempo, na placa de metal que fechava o evento e na parede do food truck, levando um forte choque no braço. Achei que havia sido algo aleatório, sentei um pouco pra me recuperar do susto e saí buscando outro lugar pra poder ficar", contou.
A jovem reforçou também que com a tempestade não teve protocolo de segurança por parte da organização do evento. "Eu e as pessoas que estavam comigo ficamos exatamente até a última música do ‘A Day To Remember’, quando se tornou impossível continuar lá. Nós buscamos nos abrigar na lona de entrada/saída pois era o único local coberto que víamos, mas gritaram conosco dizendo que não poderíamos ficar ali pois era passagem. Em momento algum nos deram um direcionamento do que fazer e para onde ir. Eram centenas de pessoas correndo tentando sair da chuva", disse.
Ela não viu o momento em que João foi eletrocutado, mas presenciou os fios jogados pelo chão. "A desorganização deles foi gigante, expuseram a gente em um campo aberto, com diversas estruturas de metal, algumas altíssimas, tinham cabos de energia pelo evento principalmente perto dos food trucks, ao menos na pista normal, e havia previsão de chuva com raios há dias. Vi outros relatos no Instagram de pessoas que também tomaram choques em outras estruturas", finalizou.
As duas só souberam da morte de João depois do evento, que continuou mesmo após o acidente. Nas redes sociais, o público mostra revolta com o descaso da organização.
"Estava ao lado dele quando ocorreu, vi toda a situação, vi todo o despreparo da suposta equipe médica que não sabia nem o que fazer, nem ao menos isolou a área até o meu namorado que estava comigo começar a falar que precisava tirar as pessoas de lá e isolar! Foi um descaso completo, desesperador! Quem tentou reanimar o rapaz no local foi o público, assim como nós, e não a equipe do evento", disse outra testemunha.
O que diz a organização?
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