Anic Herdy foi vista pela última vez entrando no carro de Lourival Fadiga, no dia 29 de fevereiroDivulgação
Publicado 27/05/2024 16:48
Rio - Lourival Correa Netto Fadiga, apontado como amante e mentor do sequestro da advogada Anic Herdy, gabava-se de ter várias mulheres. A afirmação foi feita pelo paraguaio Haled Hassan Sleiman à Polícia Civil. O comerciante foi o responsável por vender 950 celulares a Lourival após o crime. Os produtos, segundo as investigações, foram pagos com o valor do falso resgate milionário da vítima.
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Em depoimento, Haled Hassan afirmou que Lourival, entre muitas idas ao Paraguai, esteve acompanhado de diferentes mulheres, entre elas Rebecca Azevedo dos Santos, amante do suspeito e atualmente presa por participação no sequestro de Anic. "Lourival foi ao declarante acompanhado de uma outra mulher e gabava-se dizendo que tinha quatro esposas. Uma vez Lourival esteve no Paraguai com uma das mulheres, que seria psicóloga", diz um trecho do depoimento do comerciante. Ao ser questionado se conheceu Anic, o vendedor negou.
Ainda segundo o comerciante, ele tentou fazer contato com Lourival para conversar sobre a venda dos celulares, mas foi informado por Rebecca que Lourival "estava internado em estado grave por causa de problema raro na cabeça, o qual existem apenas quatro casos no mundo". Na ocasião, Lourival já estava preso pelo crime de extorsão mediante sequestro de Anic Herdy.
Anic pode ter sido amante de Lourival
A investigação da 105ª DP (Petrópolis) sobre o desaparecimento da advogada Anic trouxe elementos de uma possível relação da mulher com Lourival. Baseados no depoimento de outra testemunha ouvida no inquérito, os investigadores identificaram um "claro envolvimento amoroso" entre Anic e Lourival. Um vendedor de uma loja de produtos eletrônicos de Ciudad del Este, no Paraguai, próximo à fronteira com Foz do Iguaçu, no Paraná, disse aos policiais que conheceu os dois como um casal de namorados, e os viu, inclusive, se beijando.
Segundo a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), Lourival era funcionário de Anic há cerca de três anos. Ele se apresentou falsamente como policial federal e passou a fazer a segurança pessoal da família da vítima, além de ter acesso irrestrito a cartões de crédito e senhas. A advogada é mulher do professor Benjamim Cordeiro Herdy, de 78 anos, um dos filhos do falecido empresário José de Souza Herdy, fundador de um complexo educacional em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, que deu origem à Unigranrio.
O crime
De acordo com o apurado, conhecendo a rotina da advogada, Fadiga arquitetou o crime com ajuda dos filhos, Maria Luiza Vieira Fadiga e Henrique Vieira Fadiga, e de Rebecca Azevedo dos Santos, mulher que também era sua amante.
No dia desaparecimento da advogada, câmeras de segurança registraram a mulher deixando o carro dela no estacionamento de um shopping e entrando em um carro Jeep Compass preto. Em seguida, o veículo saiu do local e não foi mais visto. O sequestro de Anic só foi registrado em 14 de março, porque Lourival orientou a família a não procurar as autoridades.
Ainda segundo a denúncia, Benjamim Herdy, sem saber quem eram os sequestradores, chegou a pagar um resgate de aproximadamente R$ 4,6 milhões, mas a vítima não foi libertada. A investigação destacou que Lourival, os filhos e a mulher foram o beneficiários do valor e, no dia do pagamento, o grupo comprou um veículo de luxo avaliado em R$ 500 mil, pagos em dinheiro. Também foram adquiridos uma motocicleta e 950 celulares.
Além das suspeitas de que a advogada foi assassinada e o cadáver ocultado, as investigações da 105ª DP (Petrópolis) e da Promotora continuam para verificar indícios de que o grupo ainda cometeu crimes como lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Polícia coleta material genético de parentes
A Polícia Civil coletou material genético de familiares de Anic para colaborar com as investigações do desaparecimento da advogada, há cerca de três meses, em Petrópolis, na Região Serrana. Na última quarta-feira (22), agentes da 105ª DP (Petrópolis) fizeram buscas pela vítima em um sítio de Guapimirim, na Baixada Fluminense, mas nenhum vestígio foi encontrado.
Segundo a delegada Cristiana Onorato, o material genético foi colhido no Instituto Médico Legal (IML) de Petrópolis e as amostras de saliva poderão ser usadas para exames de confronto de DNA, caso seja localizado corpo suspeito de ser de Anic. 
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