A cigana Suyany Breschak nas redes sociais Reprodução/Instagram
Publicado 06/06/2024 16:14
Rio - A cigana Suyany Breschack, apontada como mandante da morte do empresário Luiz Ormond, de 49 anos, envenenado pela namorada Júlia Cathermal, é conhecida nas redes sociais pelo nome de Cigana Esmeralda e já foi alvo de denúncias de furto e sequestro. Nas redes sociais, incluindo Instagram, Tik Tok e Kwai, ela acumula mais de 600 mil seguidores. 

Presa desde o último dia 28, a mentora religiosa usa os perfis online para anunciar seus serviços e compartilhar simpatias e rituais. As postagem são direcionadas para diversos tipos de necessidades, desde recuperar um relacionamento e emagrecer até conseguir emprego.
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Em outros registros, Suyany fala sobre os trabalhos feitos e bem sucedidos para "amarração amorosa" e também de "lavagem espiritual". Esse último tipo de ritual, inclusive, teria sido feito diversas vezes por Júlia Cathermal.
Cigana sabia do crime
Segundo depoimento da própria cigana, a jovem buscava os trabalhos pois tinha medo que familiares descobrissem que ela era garota de programa. Em sua fala na 25ª DP (Engenho Novo), no mesmo dia em que foi presa, Suyany também revelou detalhes sobre o plano de envenenamento do empresário.

Aos policiais, a cigana contou que Júlia preparou dois brigadeirões e um deles continha 50 comprimidos moídos de Dimorf 30 mg, que contém morfina. A psicóloga teria ainda mandado mensagens para a cigana, contando que o namorado ficou com a respiração ofegante e, na sequência, parou.

O crime aconteceu no dia 18 de maio, mas o corpo de Luiz Marcelo Ormond só foi encontrado pela Polícia Civil no dia 20, após denúncias de vizinhos. A vítima foi deixada dentro do apartamento onde vivia, no Engenho Novo, junto com a suspeita. Os dois haviam reatado o relacionamento há menos de dois meses.

Denúncias de furto, sequestro e ameaça

A cigana Suyany já havia sido alvo de denúncias abertas pelo próprio ex-marido, com quem foi casada por mais de dez anos e tem dois filhos. Segundo os registros abertos por Orlando Ianoviche Neto, a religiosa teria furtado um veículo em 2023 e também tentado o sequestrar, em 2022.

Um desses casos foi, inclusive, comentado pela prória cigana em vídeo compartilhado nas redes sociais, onde afirma que o ex-marido a persegue e não aceita o fim do relacionamento. Orlando, por outro lado, afirmou em depoimento que Suyany é "perigosa" e que teria, inclusive, ameaçado se envenenar caso ele não voltasse para casa.

Na última segunda-feira (3), logo após o depoimento de Orlando, a defesa de Suyany chegou a comentar as acusações do ex-marido dela. "Acusações inverídicas, próprias de ex-marido que não paga pensão a altura de seus rendimentos e que tem interesse em prejudicar sua ex-esposa", disse o advogado Etevaldo Viana Tedeschi.

Relação com Júlia

Em depoimento na 25ª DP (Engenho Novo), onde a morte de Luiz Marcelo Ormond é investigada, a cigana revelou ter trabalhado para Júlia em diversos trabalho e que a jovem tinha com ela uma dívida de R$ 600 mil. Parte desse valor, teria sido pago com os bens roubados do empresário envenenado, como o carro avaliado em R$ 75 mil.

Segundo o delegado Marcos André Buss, da 25ªDP (Engenho Novo), Suyany tinha grande influência sobre a vida de Júlia e é considerada mandante do plano de envenenamento do empresário com o 'brigadeirão'.

"A Júlia tinha por Suyany uma grande admiração, uma verdadeira veneração. O que nós sabemos e está sendo confirmado é que ela fazia pagamentos mensais para Suyany, não sabemos exatamente o porquê, mas ocorriam com frequência. No entanto, podemos afirmar com certeza que Suyany tinha uma influência muito grande sobre Júlia", explicou Buss.

Ainda segundo o delegado, dentro do cenário de grande influência, Suyany teria instruído Júlia a ministrar o medicamento, além de ter descoberto como adquirir os remédios que foram inseridos no brigadeirão.

"Temos mais que o testemunho dos pais para crer que a Júlia se sentia ameaçada e entendia que pudesse acontecer algo contra ela, uma morte ou uma doença. Me parece que essa crença se estendia em eventuais poderes mágicos de Suyany. Tudo indicava que ela acreditava que a cigana tinha poder sobre a vida, morte e saúde das pessoas. Temos elementos, que não são poucos, nesse sentido", acrescentou.

Prisão de Júlia

Júlia estava foragida desde o dia 28 de maio, quando foi expedido um mandado de prisão temporária por homicídio qualificado contra o empresário. As negociações para sua rendição iniciaram na terça-feira (4) e duraram quase 12 horas. No momento, ela está presa temporariamente, com prazo de 30 dias e as investigações devem continuar.

Segundo o delegado, a advogada de Júlia, Hortência Menezes, esteve na delegacia ainda na manhã de terça (4), no entanto, apenas na parte da noite indicou a localização da suspeita, que foi encontrada em uma rua de Santa Teresa, na Região Central do Rio. Na distrital, Júlia se manteve em silêncio e não se pronunciou sobre o caso.

"Gostaríamos de ouvir a Júlia sobre a participação da Suyany, temos outras frentes a estudar, como o paradeiro das armas. Quando encontramos ela em Santa Teresa, desta vez, ela não estava indiferente, pelo contrário, estava abalada e emotiva, mas conversei muito pouco com ela", explicou o delegado.
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