Cigano Orlando Ianoviche NetoRenan Areias

Rio - O ex-marido de Suyane Breschak, presa por suspeita de envolvimento na morte do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, disse que no dia 26, dois dias antes de ser presa, ela enviou um áudio para a mãe dele afirmando que daria veneno aos seus dois filhos e, logo em seguida, tiraria a própria vida.

As alegações foram afirmadas por Orlando Ianoviche Neto, no início da tarde desta segunda-feira (3), ao ir prestar depoimento na 25ª DP (Engenho Novo), delegacia que investiga o caso. Ainda conforme a testemunha, que também é cigano, Suyane estava implorando para retomar a relação.

"Ela mandou um áudio para a minha mãe falando que ia se envenenar e matar os meus dois filhos, um de nove anos e outro de cinco anos. Se realmente for comprovado que o rapaz morreu por envenenamento [Luiz Marcelo], ela ia fazer a mesma coisa com os meus filhos", acusou.

Na sequência ele mostrou um áudio que supostamente teria sido gravado por Breschak. No áudio, a pessoa diz aos prantos: "Volta para casa, pelo amor de Deus. Eu vou tomar veneno, eu vou dar veneno para eles. Volta pra casa, eu te amo, pelo amor de Deus".

Segundo o cigano, o 'eles' no qual a pessoa se refere no áudio seriam os dois filhos do casal. Orlando diz ainda que o caso foi registrado na 126ª DP (Cabo Frio). A defesa da cigana nega as acusações do ex-marido. 
"Acusações inverídicas, próprias de ex-marido que não paga pensão a altura de seus rendimentos e que tem interesse em prejudicar sua ex-esposa", disse o advogado Etevaldo Viana Tedeschi.
Investigações

As investigações conduzidas pelo delegado Marcos Buss apotam que Suyane Breschak sabia de todo o plano para matar o empresário. A cigana era uma espécie de mentora espiritual de Júlia Andrade Cathermol Pimenta, principal suspeita de ter envenenado o namorado com um 'brigadeirão'. O crime aconteceu em maio e o corpo da vítima foi encontrado no apartamento onde o casal vivia, no Engenho Novo, Zona Norte.

Em depoimento, a cigana afirmou que Júlia não aguentava mais o relacionamento e queria matar o empresário. "Temos o depoimento da Suyane, que detalhou o que a Júlia teria confidenciado a ela. Temos elementos de que a Suyane tinha conhecimento antes, durante e depois do plano criminoso da Júlia", disse o delegado titular da 25ª DP (Engenho Novo).

A polícia aponta, ainda, que a cigana foi beneficiária de todos os bens furtados do empresário e recebeu o carro dele. Orlando Ianoviche disse ainda que ela teria oferecido esses bens a 1organizações criminosas' do Rio. O veículo da vítima foi encontrado em Cabo Frio, na Região dos Lagos, após supostamente ter sido vendido por R$ 75 mil, e recuperado, junto com outros bens. 

De acordo com o delegado, os agentes fazem buscas para localizar as armas do homem, que podem estar com a namorada, que permenece foragida. Contra ela, foi expedido um mandado de prisão temporária por homicídio qualificado.

A defesa da cigana afirmou que ela nunca teve contato com Luiz Marcelo e não sabia que havia bens da vítima no carro que recebeu como pagamento pelos trabalhos feitos à suspeita. Segundo o advogado Etevaldo Viana Tedeschi, o automóvel teria sido um presente do empresário para a namorada, que o repassou para Suyane. Para ele, o interesse dela no caso seria "no máximo, financeiro, e jamais de que alguém perdesse a vida", e espera provar que a mulher não teve relação direta com o crime.

Relembre o caso

Luiz Marcelo Antônio Ormond foi encontrado morto dentro do apartamento onde morava com a namorada, no Engenho Novo, na Zona Norte, na madrugada do último dia 20, em estado avançado de decomposição. O empresário não era visto desde 17 de maio e, de acordo com o laudo cadavérico, ele morreu três ou seis dias antes do corpo ser localizado. Os agentes apuraram que Júlia dormiu ao lado do cadáver durante o fim de semana e, na segunda-feira seguinte, fugiu do apartamento levando pertences e o carro do empresário.

Com a ajuda de Suyane, ela se desfez dos bens de Luiz Marcelo. Um homem que estava com o veículo do empresário apresentou documento de transferência escrito à mão, que ele disse ter sido assinado pela vítima, mas acabou preso em flagrante pelo crime de receptação. Com ele estavam ainda o telefone celular e o computador da vítima.

O Disque Denúncia divulgou um cartaz para ajudar a localizar Júlia e recebe informações pela Central de Atendimento, nos telefones (21) 2253-1177 ou 0300-253-1177; pelo WhatsApp Anonimizado, no (21) 2253-1177; e pelo aplicativo Disque Denúncia RJ. O anonimato é garantido.