Pai do Edson Davi durante protesto no Centro do RioRenan Areias/Agência O DIA

Rio- O desaparecimento do menino Edson Davi, de 7 anos, completa cinco meses nesta terça-feira (4). Em busca de respostas e tentando provar a existência de um sequestro, familiares realizaram uma nova manifestação em frente ao quartel do Corpo de Bombeiros, no Centro do Rio, durante esta manhã. O objetivo, segundo a mãe da criança, Marize Araújo, é que a corporação permita que os militares que estiveram na Praia da Barra da Tijuca, altura do posto 4, Zona Oeste, quando a criança sumiu, prestem depoimento para uma investigação particular sobre o caso. 
Na delegacia, os militares disseram que não viram o menino entrar na água, mas informaram que o mar estava agitado e que tinham bandeiras vermelhas fixadas na areia. Apesar disso, a Polícia Civil ainda mantém a hipótese de afogamento e afirma que diversas linhas de investigação foram consideradas e todas as denúncias foram apuradas, inclusive, em outros estados do país.
Para a mãe de Edson Davi, ainda há esperanças e as buscas devem permanecer com dignidade e respeito. Ao DIA, ela explicou que a sua investigação particular busca derrubar a tese de afogamento e comprovar o sequestro. Por isso, há uns dois meses, ela pediu ao Corpo de Bombeiros o depoimento dos militares, mas ainda não foi atendida.

"Pistas a gente até tem, mas a gente não consegue fazer nada até provar que de fato não houve afogamento, não podemos deixar fechar o inquérito e meu filho ser dado como morto. Eu estou pedindo o apoio da assessoria jurídica do Corpo de Bombeiros para liberar os dois bombeiros para dar depoimento para minha investigação particular, só falta isso para gente concluir essa primeira etapa, para que volte a ser feita uma busca com dignidade e respeito, o que era para ter sido feito desde início", disse.

Marize contou ainda sobre os cinco meses de angústia longe do filho. Com um quiosque na orla da praia, ela disse que não conseguiu voltar a trabalhar depois do desaparecimento. No local, faixas estendidas pedem ajuda para localizar o menino. A família oferece R$ 50 mil de recompensa para quem tiver informações que levem até Edson Davi.

"Eu não consegui mais voltar para praia, fui duas ou três vezes, mas não consegui voltar a ter minha rotina lá. Esses cinco meses é uma contagem muito dolorosa, muito dura e cruel. Para mim é terrível, eu não consigo acreditar e nem aceitar, meu filho é de uma família humilde, mas ele tinha tudo que eu podia dar, era bem cuidado, escola particular, plano de saúde bom, tudo que eu posso, eu dou para os meus filhos", lamentou.

A mãe reforçou ainda que no dia do desaparecimento não deixou o filho com qualquer pessoa e sim com o pai. "Eu fui no médico com meu outro filho, quem tem duas crianças pequenas sabe a dificuldade. Em um dia de férias, nublado, não deixei o Edson Davi com uma pessoa irresponsável, deixei com o pai e infelizmente aconteceu essa tragédia. Tudo que eu quero é lutar por Justiça, como qualquer outra mãe, quero saber o que aconteceu com o meu filho, punir os responsáveis por isso", contou.

Marize disse também que enquanto tiver forças vai lutar para encontrar Edson Davi. "Meu filho não vai ficar na estatística, enquanto eu tiver força, eu vou lutar para saber o que aconteceu com ele e fazer Justiça pela vida dele, porque foi uma total injustiça o que fizeram, e eu tenho esperança, eu tenho fé que vou encontrar meu filho com vida em nome de Jesus", explicou.

Por fim Marize reconhece o esforço nas buscas pelo filho, mas reforça que precisa de mais. "Nosso objetivo agora é conseguir essa liberação do Corpo de Bombeiros. Eles fizeram uma busca intensa, incansável e nada foi encontrado, queremos solucionar o que de fato aconteceu", finalizou.

No dia do desaparecimento, em 4 de janeiro, o menino estava na barraca com o pai. Marize tinha ido levar o outro filho a uma consulta médica. A última vez que ele foi visto foi às 16h46 por meio de uma gravação feita por um funcionário da barraca da família.

A mãe afirma que Edson tinha medo do mar e não teria mergulhado em nenhum momento. Além disso, cerca de 400 metros da extensão da praia não tiveram imagens registradas nas câmeras de segurança.

O que diz a Polícia Civil?

Procurada, a Polícia Civil informou que a investigação continua na Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) para esclarecer todos os fatos. Em relação ao sequestro, a especializada ressalta que os agentes analisaram imagens de 13 câmeras de segurança localizadas ao redor da orla, em um perímetro de dois quilômetros.

"As imagens mostram o menino na barraca do pai logo após a partida de futebol. Não há registro de imagens que mostram ele saindo da praia. Diversas linhas de investigação foram consideradas e todas as denúncias foram apuradas, inclusive, em outros estados do país", disse.

Ao longo das investigações, a DDPA também ouviu familiares e testemunhas. Uma testemunha narrou que viu o menino entrar no mar por três vezes enquanto jogava futebol com outra criança, tendo o pai, inclusive, chamado a atenção do filho. Outra testemunha relatou que anteriormente a criança teria pedido uma prancha emprestada para entrar na água, mas que ele não atendeu ao pedido porque o mar estava revolto. Em depoimento, o homem que trabalha com o pai dele afirmou que também teria pedido para o menino sair da água, tendo em vista as condições do mar.
Procurados, o Corpo de Bombeiros não informou se irá liberar os militares para prestar depoimento na investigação particular da mãe, uma vez que eles já foram ouvidos na DDPA.