Aparecida Guimarães, mãe do pequeno Davi Geovane, no IML do CentroPedro Ivo/Agência O DIA
Publicado 11/09/2024 15:54
Rio - Davi Geovane Guimarães, de 8 anos, que teve o braço amputado durante um acidente de ônibus em São Cristóvão, na Zona Norte, saiu do coma e respira sem ajuda de aparelhos nesta quarta-feira (11). Ao DIA, a mãe da criança, Aparecida Guimarães, 47 anos, revelou que a sensação é de alegria após mais uma etapa vencida no processo de recuperação. O menino teve o membro reimplantado na sexta-feira (6) e permanece internado no Hospital Quinta d’Or.

"Meu filho está muito bem, está ótimo. Hoje (quarta-feira) ele está respirando sem os aparelhos. A recuperação dele vai ser devagar porque foram muitos medicamentos fortes, então ele não está falando direito, mas ele está ótimo. Eu só tenho que agradecer esse hospital, essas pessoas e as orações. Eu estou muito feliz! Eu já não tenho nem mais o que falar de tanta felicidade que eu estou, só tenho que agradecer", disse.
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Aparecida esteve no Instituto Médico Legal (IML) do Centro, ainda na tarde desta quinta (11), para realização do exame de corpo de delito a fim de auxiliar nas investigações sobre o acidente.

"Nós vamos ter um caminho muito longo pela frente, mas nós só passamos pela primeira etapa. Tem muita coisa pela frente ainda, vamos vencer, nós já vencemos. É o rei Davi, não é à toa que ele se chama Davi, é o rei, é vitória. Hoje eu conversei com ele, a professora foi lá no hospital, as crianças fizeram cartazes para ele, estou muito feliz", contou.

Segundo a mãe, o menino estava acordando aos poucos e ficaria contente ao saber de todo carinho que tem recebido. "Eu não quero que ninguém olhe para meu filho com pena, eu quero que os outros vejam meu filho com vida. Eu faço questão de que cada um que orou pelo meu filho vá lá dar um abraço nele e falar: Davi você é vida", relatou.

O pequeno acordou no fim da tarde logo após o efeito da sedação passar. Segundo a família, ele está recebendo transfusões de sangue regularmente, por conta do volume perdido no acidente e durante a cirurgia. Por isso, uma campanha pedindo doações de sangue está sendo feita nas redes sociais.
O acidente deixou outras 26 pessoas feridas. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), quatro delas permanecem internadas em hospitais da rede municipal. Um paciente está em estado grave, porém estabilizado, e os demais apresentam quadro de saúde estável.
Novo procedimento
Nesta terça-feira (11), o cirurgião plástico Rudolf Nunes Köbig, que reimplantou o braço do menino, disse que ele precisará passar por um novo procedimento para restabelecimento da flexão do cotovelo. A cirurgia, no entanto, ainda não foi marcada.
Segundo o médico, a mobilização do ombro de Davi está normal, mas a recuperação do movimento da mão pode levar aproximadamente um ano. "Para restabelecimento da flexão do cotovelo será necessário novo procedimento, que deve ser realizado brevemente. Para a recuperação do movimento da mão e da função à longo prazo, o período é maior, de aproximadamente um ano, mas podendo variar dependendo da regeneração nervosa do paciente", explica Köbig.
A primeira cirurgia, considerada um sucesso pela equipe médica do Hospital Quinta D'Or, teve como principal desafio reconstituir os vasos sanguíneos. O que contribuiu para um bom resultado foi o curto espaço de tempo entre a perda do membro e o reimplante. "Realizamos a cirurgia a tempo, visto que o membro destacado do corpo rapidamente se deteriora. Conseguimos realizar o procedimento graças às pessoas que socorreram o Davi e acondicionaram a parte amputada de pronto, e também ao Hospital Quinta d'Or que já estava organizado e preparado para socorrer a vítima", ressalta o profissional.
O responsável pelo rápido socorro e recuperação do membro arrancado foi o mototaxista Diego Mendes, que passava pelo local no momento do acidente. Chamado de 'anjo' por Aparecida Guimarães, o rapaz levou mãe e filho até o hospital mais próximo e depois retornou ao ônibus para buscar os pertences da família. Foi neste momento que ele encontrou o braço da criança, que havia sido colocado em uma mochila de entregas, com gelo, por equipes do Corpo de Bombeiros.
O caso está sendo investigado pela 17ª DP (São Cristóvão). A perícia foi realizada no local e testemunhas foram ouvidas.
 
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