Capitão de Mar e Guerra Gisele Mendes de Souza e Mello morreu ao ser baleada na cabeçaReprodução / Redes Sociais
Publicado 17/12/2024 12:11 | Atualizado 17/12/2024 15:57
Rio - Uma semana após a morte da médica da Marinha Gisele Mendes de Souza e Mello, o filho da capitã de Mar e Guerra, Carlos Eduardo Mello, de 30 anos, falou pela primeira vez, nesta terça-feira (17), sobre a perda e a dor da família. Gisele estava em uma cerimônia no Hospital Naval Marcílio Dias quando foi atingida na cabeça durante uma operação da PM nas comunidades do Complexo do Lins, Zona Norte.
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Cadu, como é conhecido, disse que é um momento difícil para toda a família, em especial para os avós e para o seu irmão, Daniel Mello, que recebeu a notícia da morte da mãe no dia do aniversário de 22 anos. Emocionado, Carlos Eduardo lembrou que os familiares se preparavam para celebrar o Natal juntos.
"Esse ano será um Natal diferente, vamos ter que passar por isso juntos e nos acolher. Nossa mãe era uma pessoa muito cuidadosa, ajudava os outros, era especial. Nós [Cadu e Daniel] pensamos em continuar o legado dela, de fazer o bem para outras pessoas, e continuar expandindo o que ela fazia aqui. É mais difícil para o nosso pai e para os nossos avós, que não estavam preparados para isso", lamentou ele, em entrevista ao 'Encontro com Patrícia Poeta', da TV Globo.
"A gente aprendeu muita coisa com a nossa mãe, e vamos continuar cuidando das nossas famílias. No fim das contas, vai ficar tudo bem. A gente deve isso a ela, que era uma pessoa muito feliz e alegre. Cuidava de todo mundo, mas gostava de tomar sua cervejinha e curtir seu samba. É difícil, mas a gente vai seguir e vamos ser felizes, como ela queria que a gente fosse", completou.
Gisele foi a 105ª vítima de bala perdida no Grande Rio em 2024, de acordo com um levantamento feito pelo Instituto Fogo Cruzado. Ao DIA, servidores, pacientes e acompanhantes relataram insegurança e medo ao retratarem a rotina no Hospital Naval Marcílio Dias.
"Ninguém está seguro na cidade do Rio. Tenho 30 anos e não lembro de não viver sob uma ótica de guerra, com bandidos armados e confronto com a polícia. A gente não vê outra proposta a não ser o conflito. A política de segurança pública não pode ser só isso. A gente tem que pensar em como acabar com essa guerra, porque ela existe há anos. Qual é a proposta para a gente buscar a paz? Se a segurança pública for só guerra, não é segurança. Quem está seguro? Está morrendo bandido, policial, mãe, criança... Não é possível a gente continuar com essa loucura, achando que está legal", disse Cadu.
Carioca, Gisele era geriátrica e trabalhou por anos em Brasília, onde foi diretora do Hospital da Marinha. Há um ano, ela voltou à capital fluminense para atuar no Marcílio Dias. Cadu revelou que no início de 2025 ela iria tentar realizar o sonho de abrir uma clínica de idosos.
"No início do ano ele seria promovida a almirante ou iria para a reserva e voltar para casa. Ela estava tranquila, trabalhando muito, e o que acontecesse seria bom. Se voltasse para casa, ela iria realizar o sonho dela de abrir uma clínica geriátrica e cuidar de outros idosos. Se fosse promovida, iria fazer o dever dela de defender bem a Marinha", contou Cadu.
Gisele foi cremada no Cemitério do Caju, Região Portuária, na última quinta-feira (12). Durante o funeral, foram prestadas as devidas honras fúnebres conduzidas pela Marinha. Aos 55 anos, a capitão de Mar e Guerra deixa o companheiro e os dois filhos.
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