Publicado 21/12/2024 17:47 | Atualizado 21/12/2024 18:45
Rio - Um homem identificado como Everton Firmo Mesquita, de 33 anos, foi morto a tiros no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio, no início da tarde deste sábado (21). De acordo com o Instituto Fogo Cruzado, houve um tiroteio na comunidade horas depois, por volta das 16h45.
PublicidadeDe acordo com a PM, agentes da UPP Morro dos Macacos foram acionados e encontraram Everton morto. O local foi preservado para a perícia da 20ª DP (Vila Isabel) e, até o momento, não há confirmação de que a vítima foi morta durante um confronto armado entre bandidos. O caso foi encaminhado à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que atua para identificar a autoria e esclarecer a motivação do crime.
Entre a noite de sexta-feira (20) e a madrugada de sábado, um outro homem foi baleado durante um tiroteio entre facções criminosas na área de mata do morro. Ele foi encaminhado para o Hospital Federal do Andaraí e, segundo a PM, estava lúcido, sem risco de morte. O caso também foi registrado na 20ª DP (Vila Isabel).
Tiroteios recorrentes no Morro dos Macacos
Dados do Instituto Fogo Cruzado apontam que, nesse ano, o Morro dos Macacos teve oito vezes mais tiroteios em disputas do que em 2023. Do Grande Rio, a localidade foi a que mais teve troca de tiros em 2024.
De acordo com o levantamento divulgado neste sábado, 33 dos 71 tiroteios registrados foram em disputas territoriais por facções criminosas. Isso representa um aumento de 725% nos confrontos, comparado ao mesmo período do ano passado. Os confrontos deixaram ao menos 20 pessoas baleadas.
Os números representam que, a cada cinco dias, um tiroteio foi registrado na comunidade, em 2024.
Em agosto, a guerra entre as facções deixou cinco mortos durante um evento com diversas famílias na Praça Barão de Drummond, em Vila Isabel. As investigações apontam que a chacina foi motivada pela disputa entre o Terceiro Comando Puro (TCP), que comanda o Morro dos Macacos, e o Comando Vermelho (CV), que domina comunidades vizinhas, como o São João, no Engenho Novo.
Segundo a Polícia Civil, morreram Gabriel Pereira Candido, de 24 anos, Pedro Henrique Pereira dos Santos, 18, Pedro Henrique Barbosa da Conceição, também de 18, o adolescente T. M. L, de 17 e Walace de Oliveira Cláudio, 35.
No mesmo mês, o entregador de farmácia Luiz Gabriel Costa de Jesus, de 20 anos, e um adolescente de 13 anos foram mortos durante um tiroteio na comunidade. De acordo com testemunhas, um homem em uma motocicleta teria efetuado disparos em direção às vítimas.
Em protesto contra a violência, moradores do Morro dos Macacos fecharam o Túnel Noel Rosa. Barricadas feitas com pedaços de madeira, pneus, caçambas e sacos de lixo foram colocadas no local e incendiadas para impedir o trânsito.
Neste mês, a guerra atrapalhou a Unidos de Vila Isabel. A escola de samba precisou cancelar dois ensaios, dos dias 11 e 15, por conta de tiroteios.
Guerra entre facções
Sob o domínio do TCP, o Morro dos Macacos, que abriga cerca de 5 mil pessoas, de acordo com o Instituto Pereira Passos, está situado na parte alta da Vila Isabel. A favela é caracterizada por ruas íngremes e becos estreitos, de difícil acesso. A principal liderança do grupo é o criminoso Leandro Nunes Botelho, conhecido como Scooby Doo, de 47 anos.
Os tiroteios na comunidade acontecem por uma tentativa de expansão territorial do CV, liderada por traficantes do Morro do São João, no Engenho Novo. Os bandidos são comandados por Willian Souza Guedes, conhecido como Corolla, que foi preso em julho deste ano no Jacarezinho, na Zona Norte. No entanto, a prisão do chefe do tráfico não impediu os planos da facção.
A localização do Morro dos Macacos é considerada favorável para o CV, pois dá acesso à Zona Oeste por meio do Parque Nacional da Tijuca. O 'atalho' é atrativo para a maior facção do Rio, que tenta expandir sua organização criminosa para a Zona Oeste, como vem acontecendo na Gardênia Azul.
A distância entre as duas comunidades é de aproximadamente 4 km, o que facilita a mobilização de traficantes em tentativas de invasões e ações violentas.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.