Patrícia Amieiro desapareceu em 2008 e a morte declarada em 2011, mas corpo nunca foi encontradoReprodução

Rio - A Justiça do Rio decidiu ouvir o homem considerado testemunha-chave no julgamento do caso Patrícia Amieiro. A engenheira desapareceu em 2008, aos 24 anos, quando teve o carro alvejado por policiais militares, e o corpo nunca foi encontrado. O júri popular dos PMs aconteceria em fevereiro deste ano, quase 17 anos após o crime, mas acabou sendo adiado pela segunda vez. 
Na ocasião, o adiamento do júri ocorreu por conta de uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), que impediu a inclusão do depoimento de um taxista, que garantiu ter presenciado o crime dos policiais contra Patrícia. O relato chegou à acusação em 2020. Em junho de 2024, quando o caso completou 16 anos, o julgamento já havia sido adiado, também por conta do surgimento da nova testemunha. 
O Ministério Público do Rio (MPRJ) recorreu da decisão de fevereiro, alegando que a falta da oitiva causaria um "enorme prejuízo" ao processo. Nesta quarta-feira (9), a desembargadora Elisabete Alves de Aguiar, da 8ª Câmara Criminal, decidiu que o taxista será ouvido e determinou que uma nova data seja marcada para o júri dos militares Marcos Paulo Nogueira Maranhão e Willian Luís Nascimento, que respondem por tentativa de homicídio, além de Márcio Oliveira dos Santos e Fábio Silveira Santana, por fraude processual.
Para o irmão de Patrícia, Adryano Amieiro, que chegou a dizer ao DIA que pensou em desistir do julgamento, a nova decisão surge como uma esperança. "Espero que o júri popular seja marcado o mais rápido possível e não dê mais margens para a defesa entrar com recurso e tentar atrasar ainda mais o júri. Estamos há 17 anos em busca por justiça. Existe uma testemunha ocular do crime que tenta ser ouvida no júri popular há cinco anos. O que a Justiça está esperando para fazer justiça?", desabafou.
Relembre o caso
Patrícia Amieiro foi considerada desaparecida em junho de 2008, quando tinha 24 anos. Na ocasião, ela voltava de carro de uma festa no Morro da Urca, na Zona Sul. A engenheira seguia para casa, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, quando, na saída do Túnel do Joá, o veículo dela teria sido confundido com o de um traficante e os PMs atiraram.
O automóvel foi encontrado a poucos metros de distância no Canal de Marapendi. O caso foi tratado, inicialmente, como acidente de carro com desaparecimento do corpo, mas passou a ser visto como homicídio, após peritos encontrarem marcas de tiros no automóvel. 
Para o Ministério Público, que acusa os PMs, o corpo da engenheira foi retirado do veículo e jogado no canal pelos policiais para encobrir o crime. Ela foi declarada morta em 2011. Marcos Paulo e Willian já haviam sido condenados em 2019, no primeiro julgamento do caso, por fraude processual, mas inocentados das acusações de tentativa de homicídio. A pena foi de três anos e 60 dias de prisão.