Gabriel estaria na praia na madrugada de domingo comemorando seus 24 anos de vidaAcervo pessoal

Rio - Gabriel Gomes, que desapareceu na madrugada de domingo (13) depois de entrar no mar da Praia do Diabo, no Arpoador, Zona Sul, teria mergulhado nas águas revoltas para socorrer uma mulher desconhecida que se afogava. Quem revela a história é Pablo Belarmino, que estava com ele e outros amigos em uma confraternização na areia. O grupo celebrava, com um tradicional pagode, os 24 anos de vida de Gabriel, completados em 30 de março.
Pablo conta que estavam curtindo a festa, por volta de 4h, quando uma mulher que não conheciam abordou o grupo, aflita, e pediu ajuda de quem soubesse nadar porque uma colega dela estava se afogando. Logo, Gabriel e Pablo correram para o mar, junto com três amigos: Fábio, João Vitor e Alberto. "No desespero de tentar salvar uma vida acabamos perdendo outra", lamenta Belarmino, de 28 anos.
O ex-militar lembra que foi muito difícil ajudar a menina, que já estava desesperada. Mas com um esforço conjunto e a ajuda de um surfista, ela foi tirada do mar. Sair da água foi ainda mais difícil, mesmo para Pablo, que já foi atleta de natação. As ondas eram grandes e a corrente puxava os rapazes para dentro. Apesar do sufoco, conseguiram voltar para a areia e, então, só faltava o Gabriel.
"Ele ajudou empurrando a menina para as pedras. Mas ficou exausto. Nós tentamos jogar coisas para o mar, como um bambu, para que ele pudesse pegar e ser puxado. Mas ele já estava muito fraco. Veio uma onda, o cobriu e nunca mais o vimos", contou Pablo. Ele garante que nem Gabriel nem os outros amigos estavam alcoolizados.
"A ambulância chegou com o dia já claro, eles não resgataram ninguém”, disse Belarmino. Ele, que tinha ferido o pé nas pedras, procurou os agentes para fazer um curativo, mas não foi atendido. “Me disseram que era leve, para me cuidar em casa. Nem fizeram um protocolo, para saber o que aconteceu. Tanto que a gente não sabe até agora o nome da menina que salvamos", conta.
O Corpo de Bombeiros informou nesta terça-feira (15) que continua as buscas pelo jovem e usa vários recursos, como drones e helicópteros, para localizar a vítima "o mais rápido possível". Não há previsão para encerrar os trabalhos. A corporação reforçou a recomendação para que as pessoas não entrem no mar à noite.
Para os amigos do jovem desaparecido, tem sido difícil lidar com a situação. ”Todos nós que estávamos na água estamos completamente desnorteados. Hoje eu estou tomando calmantes para dormir porque toda vez que fecho os olhos lembro dele pedindo socorro”, disse Pablo. Ele destacou que Gabriel era muito querido por todos e sempre fazia questão de ajudar. “Era capaz de tirar a roupa do corpo para dar para alguém”.
Pablo torce para que o amigo seja encontrado logo: "Está sendo muito difícil porque até agora não achamos o corpo para prestar a homenagem que ele merece para poder descansar em paz. Só queremos acabar com esse pesadelo".
*Gabriela Wolynec, sob supervisão de Flávio Almeida