Irmãos ocultaram o cadáver do pai em casa, na Ilha do GovernadorDivulgação / Polícia Civil

Rio - A Justiça do Rio converteu em preventiva a prisão dos irmãos investigados por esconderem o cadáver do pai dentro de casa, na Ilha do Governador. Marcelo Marchese D’Ottavio e Tania Conceição Marchese D’Ottavio foram representados por um advogado na audiência realizada no último sábado (24), já que ambos estão internados em alas psiquiátricas no Rio. 
Na decisão, a juíza Laura Noal Garcia decidiu manter a prisão dos irmãos por considerar a liberdade deles um risco para o andamento da investigação na 37ª DP (Ilha do Governador). Além disso, também foi levado em consideração o fato de que Marcelo e Tania resistiram ao mandando de busca e apreensão, sendo necessário o uso da força policial para contê-los.
"Destaco que o custodiado Marcelo apresentou perante os policiais comportamento agressivo, agitado e alterado, conforme narrado perante o Delegado de Polícia responsável pela condução do flagrante", escreveu a magistrada. 
Ao fim da audiência, a juíza informou que os irmãos deverão retornar à Central de Custódias para a realização de uma nova sessão. "Com a alta, requisitem-no, com urgência, para a realização da audiência de custódia", finalizou. 
Atualmente, Marcelo está internado no Hospital Psiquiátrico Philippe Pinel, em Botafogo. Já a irmã dele acabou sendo encaminhada a uma ala psiquiátrica no Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz. Ambos respondem pelo crime de ocultação de cadáver do pai, Dario Antonio Raffaele D’Ottavio, de 88 anos. O corpo foi encontrado em estágio avançado de decomposição por policiais civis no dia 21 de maio. 
O que se sabe até o momento
O corpo de Dário foi encontrado deitado sobre uma cama, em estado avançado de decomposição. Um vídeo registrou o momento em que os filhos foram presos. As imagens mostram o corpo do idoso dentro do quarto da casa onde os irmãos viviam.
As investigações preliminares apontam que o cadáver pode ter sido mantido no local para que os filhos continuassem recebendo benefícios financeiros em nome do pai. Exames periciais estão em andamento para determinar a causa da morte e o tempo aproximado do óbito.
Vizinhos de Dário Antonio disseram à Polícia Civil, na última quarta-feira (22), que ouviram diversas vezes o filho do idoso gritar pela janela que havia o matado. Três testemunhas ouvidas pela polícia afirmaram que não viam o idoso desde novembro de 2023 e passaram a notar comportamentos estranhos dos irmãos. "Por diversas vezes ouvi Marcelo gritar: 'Eu matei meu pai', do muro da casa, esbravejando em alto e bom tom", contou uma vizinha que mora na mesma rua.
Ainda segundo eles, Marcelo e Dário protagonizavam brigas constantes, na maioria das vezes por causa de dinheiro. Em uma das discussões o filho teria ordenado que o idoso o entregasse o cartão do banco e a senha.
Moradores estranharam o sumiço repentino, especialmente porque, mesmo após a morte da companheira, Dário mantinha uma rotina ativa, cuidando do carro na garagem e aparecendo na calçada. Ainda segundo os vizinhos, o idoso tinha uma situação financeira confortável.

Com o tempo, Marcelo passou a agir de forma agressiva, gritar com a irmã e exibir maços de dinheiro ao fazer compras na feira ou no mercado.