Alexandra Lima confecciona lacinhos de crianças para venderDivulgação

Ela tem apenas 17 anos, estuda no segundo ano do Ensino Médio da Escola Pedro II, de São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, mas já é uma empreendedora nata e vem lucrando com a criação e venda de acessórios infantis como laços, pulseiras, faixinhas para recém-nascidos e tiaras. Alexandra Lima conta que resolveu fazer os produtos durante o confinamento."Comecei na pandemia, aquele período louco para todo mundo. Tinha acabado de fazer 13 anos e, como toda criança e adolescente, eu estava muito inquieta, sem amigos, não tinha contato com ninguém. O que me tirou daquele período tenso foi o artesanato". A empreendedora começou o seu negócio com R$ 20,00 e hoje chega a faturar até R$ 2.500,00 por mês.
A estudante conta que desde criança sua mãe comprava tinta, cola, coisas para fazer artesanato. "Eu já estava no caminho. Só que o laço, coisas de tecido, assim, veio muito da minha avó. Eu não pude conhecer a minha avó materna. Só que minha mãe fala que eu herdei esse dom dela. A minha mãe é zero na costura, mas a minha avó fazia figurino para televisão e escola de samba".
Se irá seguir os passos da avó ela ainda não sabe pois diz ser muito nova. "Não tenho a certeza do que me espera. Gosto de empreender. O que eu faço é simples, mas eu sei que é de responsabilidade. Recebo encomendas e algumas crianças que usaram o meu laço hoje já estão com 5 anos. Me sinto velha", brinca.
Quanto à faculdade, Alexandra pensa muito e cursar economia ou administração e algo sobre empreendedorismo. "Estou pesquisando para não resolver muito em cima da hora. No momento, a tendência é o empreendedorismo. Agora, posso tentar design também", diz ela, com as dúvidas de quem irá escolher o destino profissional. 
Os pais da jovem, a técnica em farmácia Erika Maria Lima, e o pai, o taxista Alexandre Lima, dão força para o trabalho da filha, mas querem que o foco seja no estudo mesmo. "Quando eu era mais novinha tinha mais tempo livre. Então, realmente, eu ganhava mais. Agora eu trabalho por encomenda", diz ela com uma página no Instagram (@bfavodemel) e pretende abrir uma loja física quando for possível. "Há alguns períodos que eu realizo as lives shops, que são eventos on-line onde promovo os produtos que estão à venda. Em certa ocasião, consegui arrecadar o valor que eu ganho em um mês", revela.
Alexandra diz que publica todos os produtos através da página da Boutique Favo de Mel. Mas o canal principal de comunicação para as vendas é o WhatsApp da loja.
Além do lado empreendedora, Alexandra é uma jovem solidária. De tempos em tempos ela doa os cabelos para que sejam confeccionadas perucas e ajuda meninas também. "Já participei de projetos sociais nos quais confeccionei cerca de 50 laços para algumas meninas de comunidades carentes no Rio de Janeiro. É um sentimento muito prazeroso ver o sorriso de cada uma ao receber um lacinho, o que cumpre com o slogan da loja: 'levando sorrisos em cada lacinho', finaliza Alexandra, que, quando não está estudando ou fazendo seus produtos no atelier, gosta muito de viajar para Além Paraíba para curtir a natureza e os seu primos.

'Alternativa real para uma mudança de vida'

O empreendedorismo vem ganhando cada vez mais força no país, mas será que todas as pessoas têm o perfil para o negócio? O DIA conversou com três profissionais sobre o assunto. Veja as opiniões da especialista em empreendedorismo feminino, liderança e CEO da Editora Leader, Andreia Roma; e dos especialistas em empreendedorismo, vendas, negociação e presidente da Universidade Tânia Zambon, Michael Lopes D'ávila, e de empreendedorismo, vendas e marketing digital, Erick Bocardi.

O DIA : Como você vê o empreendedorismo no país?
Andreia Roma: Vejo o empreendedorismo no Brasil como uma força transformadora fundamental para o desenvolvimento econômico e social do país. Apesar dos desafios e das dificuldades, como burocracia e acesso limitado a recursos, o empreendedor brasileiro é resiliente, criativo e disposto a inovar. Hoje, o empreendedorismo vai muito além do ato de abrir um negócio; é uma atitude que envolve coragem, propósito e impacto positivo na comunidade. É também uma ferramenta poderosa para a inclusão social, especialmente para as mulheres, que estão conquistando cada vez mais espaço, seja no mercado tradicional ou digital. Como CEO da Editora Leader e idealizadora do Selo Editorial Série Mulheres, vejo o empreendedorismo como um caminho para fortalecer vozes femininas e construir legados.

Michael Lopes D'ávila: O empreendedorismo no Brasil é uma força viva. É a resposta prática do nosso povo diante das dificuldades, e também um reflexo da criatividade, coragem e resiliência do brasileiro. Mesmo em cenários econômicos desafiadores, vemos uma movimentação crescente de pessoas que não esperam as oportunidades caírem do céu, elas criam as oportunidades. No Instituto Tânia Zambon, acompanhamos diariamente empresários e empreendedores que estão transformando realidades com inovação, atitude e propósito. O Brasil é um celeiro de empreendedores, e o futuro da economia passa diretamente pelas mãos dessas pessoas.

Erick Bocardi: Vejo o empreendedorismo no Brasil como uma força cada vez mais presente e necessária. Em um país com tantos desafios econômicos e sociais, empreender se tornou uma alternativa real para muitas pessoas mudarem de vida. A criatividade e a resiliência do brasileiro são impressionantes. Mesmo com burocracia e altos impostos, muita gente consegue transformar uma ideia simples em um negócio lucrativo. Isso mostra que, com orientação certa e coragem, empreender aqui é possível — e pode ser um caminho de liberdade financeira e impacto positivo na sociedade.

O DIA: Uma jovem de apenas 17 anos resolveu fazer acessórios como fitas, pulseirinhas e laços para bebês durante a pandemia e hoje fatura R$ 2.500 vendendo os produtos. Você acha que o empreendedorismo já está na 'veia' ou que as pessoas conseguem aprender?

Andreia Roma: Empreendedorismo é uma combinação de talento nato com aprendizado constante. Algumas pessoas realmente têm uma veia empreendedora que as impulsiona desde cedo, como essa jovem que você mencionou, que soube identificar uma oportunidade e transformar em negócio. No entanto, o empreendedorismo pode e deve ser aprendido, desenvolvido e aprimorado ao longo da vida. É fundamental investir em educação empreendedora, capacitação e mentoria, justamente o que buscamos promover com os nossos projetos na Editora Leader e no Selo Série Mulheres, para que cada vez mais pessoas possam descobrir seu potencial e ter sucesso em suas jornadas.

Michael Lopes D'ávila: O empreendedorismo pode estar no sangue de alguns, mas ele é, sem dúvida, uma habilidade que pode e deve ser desenvolvida. Ninguém nasce pronto. Essa jovem é a prova de que a atitude empreendedora nasce da necessidade, da visão e da ação. O que falta muitas vezes não é talento, é direcionamento. Por isso criamos treinamentos como o Método Tânia Zambon e a Universidade de Negócios, justamente para ensinar pessoas comuns a se tornarem líderes de negócios extraordinários. Com as ferramentas certas, qualquer pessoa pode aprender a empreender e alcançar resultados sustentáveis

Erick Bocardi: O empreendedorismo pode até estar na “veia” de algumas pessoas, mas eu acredito que ele pode — e deve — ser aprendido. Esse exemplo da jovem de 17 anos mostra que, mesmo sem experiência, com atitude e ação, é possível começar pequeno e gerar resultado. Empreender é uma habilidade desenvolvível. Com o acesso à informação que temos hoje, qualquer pessoa que queira aprender, testar e evoluir pode se tornar empreendedora, mesmo que nunca tenha pensado nisso antes.

O DIA: Qual deve ser o perfil de um bom empreendedor?

Andreia Roma: Um bom empreendedor é resiliente, flexível e visionário. Ele sabe aprender com os erros, adaptar-se às mudanças e manter o foco em seus objetivos, mesmo diante de adversidades. Além disso, é alguém com propósito claro, que quer gerar impacto positivo além do lucro financeiro. A capacidade de liderança, comunicação eficaz e empatia são essenciais para inspirar equipes e construir relacionamentos duradouros. Por fim, acredito que um(a) empreendedor(a) de sucesso é aquele que sabe valorizar sua própria história e contribui para o legado que deseja deixar no mundo exatamente o que buscamos incentivar nas mulheres e homens que fazem parte da Leader.

Michael Lopes D'ávila: Um bom empreendedor precisa ser um resolvedor de problemas. Alguém que enxerga oportunidades onde outros só veem obstáculos. Ele deve ter coragem para arriscar, disciplina para executar e humildade para aprender. Visão estratégica, adaptabilidade, foco em resultado e liderança são pilares essenciais. Mas, acima de tudo, ele precisa ter propósito. Quando você entende que empreender é servir, e transformar vidas com o que você oferece, o sucesso se torna consequência. E é isso que ensinamos todos os dias: o empreendedor não é apenas um dono de negócio, ele é um agente de transformação.

Erick Bocardi: Um bom empreendedor precisa ser alguém que resolve problemas. Mais do que ter uma ideia genial, ele deve ter coragem para agir, humildade para aprender e resiliência para não desistir diante dos obstáculos. Precisa também estar sempre atento às mudanças do mercado, ouvir o cliente, e ter visão de longo prazo. Empreender não é só vender — é construir algo que realmente faz sentido e gera valor. E claro: foco, disciplina e uma mente preparada fazem toda a diferença no caminho.