Público se divertiu na Biblioteca FantásticaReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Rio - A Bienal do Livro começou na manhã desta sexta-feira (13) com uma cerimônia realizada no Riocentro, na Zona Oeste. O evento contou com a participação do prefeito Eduardo Paes, que recebeu o prêmio José Olympio, e do escritor e jornalista Ruy Castro, homenageado da edição.
O evento, que reunirá mais de 300 participantes (entre escritores, expositores e mediadores), acontecerá até o dia 22 de junho. São esperados mais de 600 mil visitantes. Os ingressos podem ser comprados pela internet, através do site da Bienal. O preço varia a partir de R$ 21.
A edição ocorre no ano em que o Rio é a Capital Mundial do Livro, título concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). O prefeito Eduardo Paes valorizou o evento, destacando a importância da leitura.
"Esses pavilhões são caixas de livros, em tamanho e formato, que abraçam todo e cada leitor. Por duas semanas, editores, livreiros, autores, ilustradores e leitores traduzem suas paixões no maior evento da cidade, que muito nos orgulha. É um cenário rico, inspiração infinita. O Rio é a crônica favorita dos cariocas e o capítulo fundamental nesta obra coletiva chamada Brasil. Ficção ou não, em prosa ou verso, científico ou fantasioso, o livro é a arma da civilidade contra a barbárie", discursou.
Durante a cerimônia de abertura, Paes recebeu o prêmio José Olympio, entregue pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel). A premiação reconhece personalidades ou instituições que se destacam por ações de apoio ao livro e à leitura no país. Olympio foi um dos primeiros editores a prestigiar autores nacionais.
"Essa homenagem me emociona muito. Fiz questão de estar aqui. Agradeço essa honra inovando o nosso compromisso de fomento da indústria do livro e de melhora aos índices de leitura. Há muito a que se fazer ainda nesse caminho", completou o prefeito.
Ruy Castro, de 77 anos, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e autor das biografias de Garrincha, Carmen Miranda e Nelson Rodrigues, é o homenageado do ano. O escritor relembrou a carreira e disse sobre a necessidade de valorizar o leitor. A atriz Malu Mader entregou a homenagem.
"A elevação do Rio como Capital Mundial do Livro leva a cidade para outro patamar. Nesses 217 anos, o Rio recebeu escritores, editores, livreiros e leitores de todo o país. O Rio foi a forja da literatura brasileira. Para mim é muito emocionante estar aqui. Acumula uma aventura que começou há mais de 70 anos, quando eu, com 5 anos, li meu primeiro livro. Eu nunca mais saí das páginas. É um privilégio. No trabalho que executo, procuro me basear em algumas coisas básicas, que são a clareza, a objetividade e a verdade. Nós devemos isso aos leitores. Precisamos respeitar, admirar e beijar as mãos do leitores que levam nossos livros para a cama para ler toda noite", contou.
Ao DIA, o secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, informou que 30 mil alunos da rede, além de 50 mil educadores, irão frequentar a Bienal este ano.
"Sou muito fã da Bienal. É o quarto maior evento do Rio, ficando atrás do Carnaval, Réveillon e do Rock in Rio. Para mim, é o mais importante de todos porque reúne cultura, educação, entretenimento e consegue motivar que as nossas crianças possam viajar através dos livros. O livro é denominador comum de todas as artes. É a porta e a janela de descobertas. A Bienal é uma das justificativas para o Rio ter sido escolhido como Capital Mundial do Livro. Para a gente é motivo de muito orgulho", ressaltou.
Nova geração de leitores
O primeiro dia da Bienal recebeu milhares de pessoas e uma grande quantidade de crianças e estudantes, que aproveitaram os estandes disponíveis. A bibliotecária Luciana Ferreira, de 46 anos, moradora de Vila Isabel, na Zona Norte, contou que todo esforço foi válido para estar no local.
"É a segunda vez e por mim vinha sempre. Já começa pela imersão no local. Para quem gosta de leitura, é o melhor lugar para se estar. Já tivemos a experiência da roda gigante, estamos encantadas com os livros que conhecemos e com autores que já conhecíamos. Tenho pensado muito me preparando para esse dia. Valeu todo o esforço para estar aqui. A leitura transforma a vida", disse.
A estudante Luísa Moraes, 16, sobrinha de Luciana, destacou a quantidade de crianças procurando livros. "É muito emocionante, pois as crianças vão ter um olhar da leitura totalmente. Isso me deixa muito feliz."
Para o engenheiro Antônio Palermo, 65, morador de Pilares, também na Zona Norte, a leitura é importante para aprendizagem da escrita. Segundo o idoso, a atual tecnologia vem influenciando na educação das crianças.
"Talvez, daqui a uns 10 anos, a molecada de hoje não vai saber escrever. Com o celular, todo mundo abrevia. Até para conseguir entender uma mensagem é complicado, ainda mais para pessoas da minha geração. Vejo isso como um problema. O pessoal lê pouco. Tem que aumentar isso para o pessoal pegar cultura e educação, e escrever melhor. Se você não escrever bem, terá muitos problemas no futuro", constatou.
A professora Claudia Pinho, 54, é moradora de Jacarepaguá, na Zona Oeste, e levou ao evento um grupo com oito crianças, que acompanhadas dos pais, visitaram a roda-gigante e compraram livros. Na avaliação da educadora, a Bienal tem uma grande importância para estimular a leitura entre os jovens.
"É muito importante trazer as crianças para um evento como esse. Tem que incentivar a leitura. Hoje em dia, é muito importante tirar as crianças da telinha e trazer para o mundo físico", disse.
Cláudia também elogiou a infraestrutura do espaço. "Estou achando maravilhoso. Eu sempre participo de toda a Bienal e essa está sendo bem especial. Eles investiram com muito conteúdo, bem artístico, lúdico para as crianças.”
"É muito importante trazer as crianças para um evento como esse. Tem que incentivar a leitura. Hoje em dia, é muito importante tirar as crianças da telinha e trazer para o mundo físico", disse.
Cláudia também elogiou a infraestrutura do espaço. "Estou achando maravilhoso. Eu sempre participo de toda a Bienal e essa está sendo bem especial. Eles investiram com muito conteúdo, bem artístico, lúdico para as crianças.”
Programação
Os autores vão participar de encontros em espaços como o tradicional Café Literário Pólen, que celebra 25 anos como o palco das reflexões mais profundas sobre temas contemporâneos para a sociedade. Ainda há o Palco Apoteose Shell, que consiste em uma arena para grandes encontros e experiências imersivas misturando literatura e cultura pop com 40 painéis e mais de 70 horas de conteúdo.
Uma das curadoras do Palco Apoteose é a jornalista e escritora Thalita Rebouças, que ficará responsável por debates sobre temas como violência doméstica, adolescência, parentalidade consciente, menopausa e sororidade. Ao DIA, a autora destacou a importância do evento para as gerações mais novas.
"Eu sempre digo que a Bienal é um respiro de esperança que a gente tem. Quando chegamos no Riocentro e vemos adolescentes e pré-adolescentes carregando mochilas e malinhas de mão com livros, temos muita esperança no Brasil. Não existe evento igual a Bienal", comentou.
Neste ano, a organização apresenta o Book Park, um verdadeiro parque literário, que fortalece a importância do livro em meio a participação do próprio leitor. São três espaços que prometem ter histórias envolventes e divertidas através de uma experiência imersiva.
Entre as experiências, está a Roda-Gigante Leitura nas Alturas Light, em que cada cabine representa um universo literário diferente, proporcionando ao público uma viagem sensorial por grandes histórias. A atração reúne editoras em ativações criativas, como a Panini, com a "Turma da Mônica"; a Intrínseca, com "Percy Jackson"; a HarperCollins Brasil, com "As Crônicas de Nárnia"; e a Melhoramentos, com "Stitch". As editoras Ciranda Cultural, VR Editora, Darkside, Companhia das Letras, Arqueiro, Planeta de Livros, Record, Globo Livros e a plataforma Skeelo também levam surpresas preparadas especialmente para a novidade.
Outra experiência é o Labirinto de Histórias Paper Excellence, que convida o visitante a mergulhar em histórias de romance e magia em um espaço interativo onde os livros ganham vida de forma lúdica. Serão quatro editoras no estande: a Darkside Books traz uma proposta intrigante com "Wicked" e "Alice no País das Maravilhas", reinterpretando dois clássicos da literatura mundial; a Globo Livros leva o público para dentro de "Uma Janela Sombria", de Rachel Gillig; a Companhia das Letras apresenta a mitologia antiga com as séries "Hades & Perséfone", de Scarlett St. Clair, e ‘Covenant’, de Jennifer Armentrout; já a Record traz o universo de "Corte de Espinhos e Rosas", série de tirar o fôlego, repleta de magia e romance, da autora Sarah J. Maas.
Para os fãs de mistério, o Escape Bienal Estácio convida os leitores a enfrentar desafios que testarão suas habilidades investigativas. Com quatro cenários literários desenvolvidos em conjunto com editoras, o espaço traz enigmas e desafios inspirados em thrillers de sucesso. Um desses encontros imersivos terá a "presença" da aclamada escritora britânica Agatha Christie, em parceria com a editora Harper Collins, ícone do romance policial. Já a Companhia das Letras propõe um desafio eletrizante: desvendar o misterioso desaparecimento do autor Raphael Montes. A editora Arqueiro mergulha no clima tenso de "A Empregada", thriller psicológico de Freida McFadden. Já a Ediouro, por sua vez, desafia os participantes a decifrar os mistérios envolventes das histórias de Cara Hunter.
Entre os autores brasileiros confirmados estão nomes de peso como Ailton Krenak, Conceição Evaristo, Mário Sérgio Cortella, Marcelo Rubens Paiva, Dráuzio Varella, Pedro Bial, Miriam Leitão, Leandro Karnal, Gabriela Prioli, Itamar Vieira Junior, Raphael Montes, Aline Bei, Jeferson Tenório, entre outros.
O festival também será ponto de encontro para autores consagrados da cena internacional, como a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, a cubana Teresa Cárdenas, o mangaká japonês Nagabe, o sul-coreano Kim Ho-yeon, o português Afonso Cruz, a britânica Cara Hunter, as italianas Dacia Maraini e Antonella Lattanzi, os norte-americanos GT Karber, Lynn Painter e Alexene Farol Follmuth, a canadense Brynne Weaver e a chilena Lina Meruane.
Como chegar
A Mobi-Rio montou uma operação especial para levar o público de BRT. Nos finais de semana do evento (14 e 15 e 21 e 22) e no feriado de Corpus Christi (19), quando é esperado um público maior, o BRT terá um serviço especial partindo do Terminal Jardim Oceânico para as estações Riocentro e Olof Palme, com paradas apenas no Terminal Alvorada e na estação Rio 2, em ambos sentidos. O serviço, com tarifa normal (R$ 4,70), vai funcionar entre 9h e 23h.
Nos fins de semana e no feriado, também terá o serviço especial do Terminal Paulo da Portela x Terminal Recreio, das 9h às 23h. A linha fará parada nas estações Campinho, Praça Seca, Tanque, Taquara, Santa Efigênia, Curicica, Asa Branca, Morro do Outeiro, Riocentro e Olof Palme.
Nos fins de semana e no feriado, também terá o serviço especial do Terminal Paulo da Portela x Terminal Recreio, das 9h às 23h. A linha fará parada nas estações Campinho, Praça Seca, Tanque, Taquara, Santa Efigênia, Curicica, Asa Branca, Morro do Outeiro, Riocentro e Olof Palme.
Nos dias úteis, as linhas 51 (Recreio x Deodoro – Parador) e 41 (Madureira x Recreio – Expresso) serão reforçadas. Excepcionalmente no período da Bienal, a linha 41, que só opera de segunda a sexta, fará paradas nas estações Olof Palme e Riocentro.
Os visitantes também poderão contar com as linhas de ônibus municipais, como a 613 (Del Castilho x Riocentro), 342 (Candelária x Riocentro – via Linha Amarela) e 368 (Candelária x Riocentro – via Avenida dos Bandeirantes).
Quem quiser ir de carro pode estacionar no Riocentro, que conta com 7 mil vagas. O estacionamento é operado por uma empresa terceirizada e o valor custa R$ 45 por um período de 12h.
A Prefeitura do Rio informou que a Rua Pedro Calmon poderá ser interditada em caso de necessidade, no trecho entre a Avenida Salvador Allende e a Rua Abrahão Jabour. Nos horários do evento, em função da possível sobrecarga na circulação de veículos na Avenida Salvador Allende e na Avenida Embaixador Abelardo Bueno, é recomendado que os motoristas utilizem a Avenida das Américas e a Avenida Ayrton Senna para acessar a Linha Amarela.
A organização oferece o Expresso Bienal, um serviço de ônibus de turismo fretado que deixa o visitante dentro do Riocentro. Os embarques ocorrem diversos pontos estratégicos do Rio, como nas zonas Sul e Norte, além da Baixada Fluminense e Niterói, na Região Metropolitana.
Os valores das passagens variam conforme o ponto de embarque: R$ 70,00 para quem sai da Zona Sul e Zona Norte, e R$ 80,00 para passageiros da Baixada Fluminense e Niterói. Para adquirir os bilhetes, basta acessar o site da Bienal.
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