Guia Marcos Rabello com clientes na travessia Petrópolis-TeresópolisReprodução/ Redes Sociais

Rio - O estado do Rio de Janeiro é um paraíso natural, conhecido por suas paisagens deslumbrantes que misturam mar, floresta e montanha em trilhas espetaculares. Mas por trás do visual encantador, há também riscos reais que exigem preparo, atenção e respeito aos limites físicos. Seja no topo da Pedra da Gávea ou na longa travessia da Serra dos Órgãos, quem se aventura pelas trilhas fluminenses precisa estar ciente dos desafios que esses caminhos podem impor.
Engana-se quem pensa que todas as trilhas cariocas são simples caminhadas em meio à natureza. Muitas delas envolvem subidas íngremes, trechos técnicos, exposição ao sol, risco de queda e mudanças bruscas no clima. Por isso, o guia turístico Marcos Rabello, especialista em trilhas e escalada, revela como se prepara para suas aventuras.
"Nas minhas guiadas eu sempre envio uma cartilha do que levar, que geralmente é uma mochila grande, tênis adequado, água, roupa adequada e etc. Os guias normalmente passam para os clientes os riscos que podem vir a ocorrer e as pessoas têm que seguir o que é falado, prestar atenção no que o guia orienta durante os percursos e observar muito bem o solo e o ambiente. Então o ideal é a pessoa conhecer os seus limites, começar com uma trilha leve, seguir à risca tudo o que é passado e aí ir subindo os níveis de dificuldade, até chegar nas grandes montanhas", explica o guia.
No estado do Rio de Janeiro, as principais trilhas são a da Pedra da Gávea, a Travessia Petrópolis-Teresópolis, o Pico da Caledônia, o Parque Estadual da Pedra Branca e o Parque Nacional do Itatiaia. Rabello destacou alguns exemplos de percursos e o que é necessário para cada um.
"As principais trilhas do Rio são sinalizadas, existem placas, fontes de água e pontos de apoio, principalmente as que ficam no Parque da Tijuca. Para as trilhas maiores, como nas grandes montanhas, o ideal é contratar um guia especialista naquele tipo de aventura. A trilha que eu considero que precisa de um cuidado a mais e um maior preparo é a da Pedra da Gávea, pois existem pontos de escalada", pontua Rabello.

"Quando você decide fazer trilhas em parques nacionais, como a ida ao Pico das Agulhas Negras, em Itatiaia, geralmente na entrada desses parques o responsável pelo grupo assina um termo dizendo que possui os equipamentos necessários, como cordas, cadeirinha para escalada, capacete e vestuário apropriado, então é mais uma forma de segurança", completa o guia.
Morte de brasileira na Indonésia acende alerta
Nos últimos dias, o caso da brasileira Juliana Marins, que morreu após uma queda enquanto fazia uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia, ligou o alerta em milhões de pessoas pelo mundo. Desde pessoas comuns à entusiastas de aventura se sentiram tocados pelo ocorrido e muitas hipóteses foram levantadas.
A família de Juliana acusa a equipe de resgate de negligência e atraso nas buscas e a equipe de guias que atuam nas trilhas do Monte Rinjani de falta de ajuda básica. Bruno Ferrari, que é entusiasta de trilhas e escaladas, revela que agora deverá pensar duas vezes antes de se aventurar no desconhecido.
"Eu faço trilhas e escaladas já há alguns anos e passei por perrengues leves apenas, sem nenhum grave acidente. Casos como o da Juliana nos fazem pensar mais algumas vezes antes de iniciar qualquer aventura. O ideal é ficar experiente nas trilhas mais leves antes de ir para as mais pesadas. Eu tinha pensamentos de viajar pelo mundo atrás delas, mas agora só quando já estiver 100% seguro nas do Brasil", conta o entusiasta.
O guia Marcos Rabello também fala da importância dos guias e das autoridades nas situações de perigo encontradas em trilhas. O profissional destaca que aqui no estado do Rio de Janeiro, a ação do Corpo de Bombeiros sempre foi impecável quando precisou e pede que forneçam cursos aos guias para evitar tragédias como a de Juliana.
"Acidentes sempre vão correr, é praticamente inevitável, pois estamos falando de condições que não são confortáveis para o ser humano. Aqui no Rio nós temos o Corpo de Bombeiros que presta um serviço de excelência. Eu já viajei bastante e não vejo um trabalho igual ao daqui. A equipe de montanha do CBMERJ é fantástica, eles sobem qualquer montanha do nosso estados e estão sempre em contato com os guias para se aprimorar cada vez mais. A sugestão que fica é de ter cursos disponíveis para os guias com Bombeiros, principalmente no interior dos parques", explica Marcos.