Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a sessão plenária 'Paz e Segurança e Reforma da Governança Global' do Brics, no Museu de Arte Moderna (MAM)Ricardo Stuckert / Presidência da República
Na abertura da sessão plenária "Paz e Segurança e Reforma da Governança Global", Lula lembrou que esta é quarta vez que o Brasil sedia o encontro dos Brics, mas ressaltou que neste ano é a que ocorre "em cenário global mais adverso". No discurso, o presidente reprovou a decisão de junho da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em aumentar os gastos em defesa dos 32 países que fazem parte do tratado, como Estados Unidos, Canadá e nações europeias.
"Nos defrontamos com um número inédito de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial. A recente decisão da Otan alimenta a corrida armamentista. É mais fácil destinar 5% do PIB para gastos militares, do que alocar os 0,7% prometidos para a assistência oficial do desenvolvimento. Isso evidência que os recursos para implementar a Agenda 2030 (da ONU) existem, mas não estão disponíveis por falta de prioridade política. É sempre mais fácil investir na guerra do que na paz", declarou o presidente.
O presidente também pontuou que não há justificativas para as ações terroristas praticadas pelo Hamas, mas que os países não podem ser indiferentes às mortes de civis e inocentes atribuídas à Israel na Faixa de Gaza, bem como o uso da fome como arma de guerra. Lula também defendeu o fim dos conflitos entre Rússia e Ucrânia.
"A solução desse conflito só será possível com o fim da ocupação israelense e com o estabelecimento de um Estado palestino soberano, dentro das fronteiras de 1967. O governo brasileiro denunciou as violações à integridade territorial do Irã, como já havia feito no caso da Ucrânia. É urgente que as partes envolvidas na guerra na Ucrânia aprofundem o diálogo direto com vistas a um cessar-fogo e uma paz duradoura".
O mandatário também discursou por "transformar profundamente o Conselho de Segurança", o tornando "mais legítimo, representativo, eficaz e democrático", com a inclusão de membros permanentes da Ásia, África, América Latina e do Caribe.
É mais do que uma questão de justiça. É garantir a própria sobrevivência da ONU (...) Adiar esse processo torna o mundo mais instável e perigoso. Cada dia que passamos com uma estrutura internacional arcaica e excludente é um dia perdido para solucionar as graves crises que assolam a humanidade", completou.
Neste domingo, além da primeira sessão, os chefes de Estado e de Governo participam de um almoço de trabalho. Em seguida, está prevista a chegada dos chefes de delegação de organismos internacionais, países de engajamento externo e parceiros. Ainda durante a tarde, ocorre a última reunião do dia, sobre "Fortalecimento do Multilateralismo, Assuntos Econômico-Financeiros e Inteligência Artificial". Nesta segunda-feira (7), as lideranças voltam a se reunir no MAM, para a sessão plenária "Meio Ambiente, COP30 e Saúde Global".



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