Após perder o ônibus no ponto, passageiro protagonizou uma cena de imprudência ao correr pela Rua Professor Gabizo, na TijucaReginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - Pedestres, passageiros e ciclistas se arriscam diariamente nas ruas do Rio de Janeiro, deixando a pressa e a imprudência transformarem trajetos comuns em situações de perigo. A reportagem de O DIA flagrou, na tarde deste sábado (16), uma cena que ilustra bem esse problema. Após perder o ônibus no ponto, um passageiro correu pela Rua Professor Gabizo, na Tijuca, Zona Norte, tentando alcançar o coletivo já em movimento, colocando a própria vida em risco.
Casos como esse se repetem em diferentes pontos da cidade e, muitas vezes, terminam em tragédia. No dia 5 de agosto, um ciclista morreu ao ser atropelado por um ônibus na Rua Visconde de Santa Isabel, em Vila Isabel, também na Zona Norte. A vítima, identificada como Douglas B. Serra, de 52 anos, teria tentado ultrapassar o coletivo quando houve a colisão.

Outro episódio aconteceu em 19 de julho, na Penha Circular. A idosa de 86 anos, Leny Freitas Trevisan, foi atropelada por um ônibus no cruzamento da Avenida Brás de Pina com a Rua Guará. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
É lei, ônibus devem ter adesivos de alerta para pontos cegos

A imprudência de pedestres e passageiros se soma a um outro fator de risco: os chamados pontos cegos. São áreas ao lado do veículo que não aparecem nos retrovisores e dificultam a visibilidade do motorista, aumentando as chances de acidentes.

Para ampliar a conscientização, em abril de 2024 a implantação de adesivos para apontar a localização de ponto cego nos veículos de transporte público passou a ser obrigatória na cidade do Rio. É o que determina a Lei nº 8.287/2024, de autoria do vereador Celso Costa (MDB).

A norma foi sancionada pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) e tem como objetivo resguardar ciclistas, motociclistas e pedestres de acidentes pela falta de visibilidade do motorista do modal, que não consegue ver determinados pontos pelo retrovisor.

"O ponto cego é aquele que impede o motorista de ver outros veículos que estão ao lado ou atrás dele no trânsito", explica Costa. O parlamentar ainda ressalta que a mortalidade no trânsito na cidade chegou a aproximadamente 3,5%, de 2019 para 2020, com uma taxa de 9,7 mortes em acidentes a cada 100 mil habitantes.

De acordo com o texto, o não cumprimento da medida sujeitará a concessionária do serviço público a uma advertência, na primeira infração, e multa de R$ 80 mil para cada veículo que descumprir a norma, em caso de reincidência. As despesas da colocação do adesivo ficarão a cargo da empresa.
Os ônibus intermunicipais no estado do Rio também passaram a ser obrigados a ter adesivos sinalizando esses pontos cegos. A mudança faz parte da Lei 10.701/25, de autoria do deputado Samuel Malafaia (PL), sancionada pelo governador Cláudio Castro (PL) e publicada no Diário Oficial em 20 de março deste ano.