Marilha Menezes Antunes completou 28 anos em 1º de setembroReprodução
Família acusa médico de omitir causa da morte de mulher em clínica de Campo Grande
Marilha Menezes Antunes, de 28 anos, juntou dinheiro para dar a si mesma uma cirurgia como presente de aniversário
Rio - Com 28 anos recém-completados, a jovem Marilha Menezes Antunes, que morreu após complicações durante uma hidrolipoenxertia no glúteo no Centro Médico Amacor Saúde, havia juntado dinheiro para realizar o sonho de fazer o procedimento estético como um presente de aniversário para si mesma.
De acordo com a família, Marilha não recebeu assistência do médico ou da clínica, que nega. A irmã, Léa Carolina Menezes Antunes, que a acompanhava durante o procedimento, revelou que houve demora para acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o profissional apenas se dirigiu à delegacia para registro da ocorrência após a intervenção da Polícia Militar.
Segundo Carolina, o médico também omitiu para a família que havia perfurado um órgão de Marilha e disse que a jovem havia sofrido uma bronco-aspiração e parada cardíaca. Após necrópsia, feita nesta terça-feira (9), o médico legista, no entanto, concluiu que Marilha morreu por choque hipovolêmico, hemorragia interna e ação perfuro contundente.
De acordo com a irmã, Marilha foi levada para o segundo andar da clínica por volta das 13h e o procedimento teria sido iniciado às 16h, com previsão de duas a três horas de duração. Às 18h, uma enfermeira desceu as escadas pedindo para que uma ambulância fosse solicitada.
Foi quando Carolina resolveu ir atrás de notícias da irmã e viu Marilha sendo reanimada na sala de cirurgia. A jovem foi declarada como morta às 19h30. Ela ainda afirma que o médico queria apenas que a declaração de óbito fosse preenchida e o serviço funerário acionado, mas a família decidiu por uma necrópsia.
De acordo com a Polícia Civil, o caso foi registrado na 35ª DP (Campo Grande) e encaminhado à Delegacia do Consumidor (Decon).
Marilha era saudável e havia completado 28 anos em 1º de setembro. Ela era técnica de segurança do trabalho e deixa um filho de 6 anos. O corpo será velado no Cemitério da Cacuia, Ilha do Governador, a partir das 13h30, na capela B. O sepultamento está marcado para 15h30.
O que diz a clínica?
Ao DIA, a direção da unidade destacou que o procedimento foi realizado por uma equipe médica que alugou uma sala para a realização da cirurgia. A clínica é classificada como "One Day Clinic" (Hospital Dia) e o seu centro cirúrgico serve como uma hotelaria, ou seja, terceiros alugam o espaço para procedimentos.
A direção ainda afirmou que a Amacor é responsável por fornecer a infraestrutura e orientação da conduta médica local. Além disso, ressaltou que o seu centro cirúrgico está devidamente aparelhado com todos os equipamentos essenciais para o atendimento de emergências cardiovasculares e respiratórias.
"A unidade dispõe de carrinho de parada cardiorrespiratória completo, equipado com medicamentos, dispositivos de via aérea avançada. Complementarmente, o setor conta com desfibrilador bifásico e Desfibrilador Externo Automático (DEA) em perfeitas condições de funcionamento", diz a nota.
Ainda segundo a direção, ao perceber sinais de instabilidade hemodinâmica durante o procedimento, a equipe multidisciplinar presente acionou imediatamente os protocolos de emergência estabelecidos.
"As manobras de ressuscitação cardiopulmonar foram iniciadas sem dilação, seguindo rigorosamente as diretrizes do Advanced Cardiac Life Support (ACLS), com atuação coordenada e sistemática de todos os profissionais envolvidos. A pronta resposta da equipe evidencia o preparo técnico e a eficiência dos treinamentos continuados implementados na unidade", destacou.
A Amacor ainda lamentou a morte da paciente e se colocou à disposição das autoridades para esclarecer as dúvidas que surgirem.

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