Caso aconteceu na Rua Américo Rocha, em Marechal HermesReprodução

Rio - Um motorista de aplicativo atropelou uma mulher e arrastou o marido dela, por cerca de 300 metros, após se recusar a realizar uma corrida, em Marechal Hermes, Zona Norte. O crime envolveu familiares de Telma Freitas, de 52 anos, que tem deficiência. A denunciante alega capacitismo.
O caso aconteceu na noite do último sábado (27) na Rua Américo Rocha. Ao DIA, Telma contou que pediu uma corrida pela 99 para deixar a casa dos primos e voltar para sua residência. No entanto, no aplicativo, o veículo aparecia parado. A filha da mulher questionou o motorista sobre isso, o que teria o irritado.
A passageira usa muletas, pois tem dificuldade para andar devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Pela falta de mobilidade, Telma precisa andar no banco do carona porque é mais fácil de entrar no carro. Segundo ela, o motorista reclamou sobre o fato e se recusou a levá-la.
"Quando chegou, nós fomos até o carro. Quando me viu, já veio gritando comigo: 'Senhora, quando o carro estiver constando parado, a gente está terminando a corrida. Não tem que ficar mandando mensagem para motorista'. Foi grosseiro, mas eu não falei nada, só queria voltar para casa. Meu primo estava me ajudando a entrar na frente porque eu tenho dificuldade de entrar atrás. Quando ele olhou a muleta, ele falou assim: 'Ainda tem mais essa. Quer saber, não quero levar mais vocês não. Vou cancelar a corrida'. Minha filha saiu da parte de trás e eu nem consegui entrar", explicou.
Neste momento, o primo de Telma foi contestar a atitude do motorista. Uma câmera de segurança flagrou o condutor arrancando com o carro e, posteriormente, voltando de ré, atropelando a companheira do parente da passageira e depois arrastando o próprio primo.
"A mulher de um primo que estava com a gente foi até o motorista para pedir que entrasse no carro e fosse embora. Ele bateu com a porta do carro nela e ela virou para vir embora. Foi quando ele acelerou, veio de ré e a jogou para o alto. O marido dela já estava correndo para saber o que aconteceu. O carro parou e o primo segurou o cara pela camisa para tentar segurar ele. O cara acelerou o carro e o meu primo não conseguiu se soltar. Foi arrastando ele da Rua Américo Rocha até a Carolina Machado. Uma distância de 300 metros", disse.
Veja o vídeo:
De acordo com Telma, o parente sofreu uma fratura em um dos dedos, queimadura nos pés e está com o braço machucado. A vítima recebeu atendimento no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, ainda na Zona Norte, e já está em casa. A mulher dele sofreu apenas escoriações.
"Sofro muito capacitismo por motoristas de aplicativo por não conseguir entrar na porta de trás, mas nunca imaginei que teria alguém com essa índole de atropelar uma pessoa, arrastar outra, brigar e sair do carro. Tamanha violência na frente de crianças. A filha do meu primo, de 7 anos, viu a mãe dela sendo atropelada. Fico com essa imagem na cabeça, escutando o grito da minha filha. Fico muito tensa e muito triste. Espero que ele seja preso", completou a passageira.
O caso foi registrado na 30ª DP (Marechal Hermes) como tentativa de homicídio e lesão corporal gravíssima. A Polícia Civil informou que os agentes analisam as imagens das câmeras de segurança e testemunhas serão ouvidas. Outras diligências também estão em andamento para esclarecer os fatos.
Perfil bloqueado
Procurada, a 99 lamentou o caso e informou que possui uma política de tolerância zero para agressões, atitudes discriminatórias e quaisquer outras formas de violência. Assim que a empresa foi comunicada do ocorrido, o perfil do motorista parceiro foi bloqueado permanentemente da plataforma.
Ainda segundo a 99, a equipe especializada está em contato com os passageiros para oferecer acolhimento e
orientações sobre o acionamento do seguro, que inclui auxílio para despesas médicas e apoio psicológico. A empresa destacou que segue à disposição para colaborar com as autoridades, se necessário.

A 99 ressalta que não é permitido o cancelamento de corridas por motivos relacionados a capacitismo e/ou quaisquer formas de discriminação. Além disso, reforçou que atua na conscientização e educação de motoristas parceiros/passageiros por meio de iniciativas como o Guia da Comunidade 99, que traz dicas e orientações sobre como agir e quais comportamentos não são aceitos na plataforma.