Familiares do pastor Eduardo Oliveira estiveram no IML para reconhecer e liberar corpoReginaldo Pimenta / Agência O Dia
'Até quando as pessoas vão sofrer assim?', lamenta irmã de pastor morto no Chapadão
Tatiane Oliveira contou que não conseguiu se aproximar do irmão baleado devido a quantidade de tiros
Rio - "Até quando as pessoas vão sofrer assim?" O desabafo é da costureira Tatiane Oliveira Ferreira, irmã do pastor Eduardo de Oliveira Santos, de 45 anos, que morreu após ser baleado durante operação no Complexo do Chapadão, na Zona Norte, nesta segunda-feira (20).
Familiares da vítima, que trabalhava como pintor, estiveram no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro, no fim da manhã desta terça-feira (21), para reconhecimento e liberação do corpo.
Depois dos procedimentos, Tatiane lembrou sobre o caso. Eduardo tinha ido ao Chapadão para visitar a irmã e estava na rua dela no momento em que foi atingido pelo disparo. A costureira ressaltou que tentou ajudá-lo, mas os tiros continuaram, o que não possibilitou a aproximação ao pastor.
"Meu marido falou que meu irmão estava abrigado em um lugar que pinta carro. Meu irmão me viu, pegou a bicicleta e veio ao meu encontro. Eu ia abrir o ateliê para nos abrigar. Quando olhei para trás, ele já estava deitado no chão. Olhou para mim e disse: 'Tati, fui atingido'. Quando tentei chegar até ele, não consegui porque continuaram atirando para que não chegássemos perto. Não deixaram eu ajudar o meu irmão", contou.
Tatiane destacou que Eduardo era tratado como um filho. A morte revoltou os familiares, que desejam a identificação do responsável pelo disparo.
"Agora, ele está morto. Um pintor, trabalhador e homem de Deus. Agora vão fazer o que? Quero saber quem foi. Daqui a pouco será só mais um. Por que mataram meu irmão? Agora, como eu vou viver? Meu irmão foi embora e nunca mais volta. Até quando as pessoas vão sofrer assim? Cadê o direito do cidadão? Não confio em ninguém, em Justiça alguma. Ninguém vai poder dar meu irmão de volta", completou.
Eduardo chegou a ser socorrido e encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ricardo de Albuquerque, mas não resistiu.
Em nota, a Polícia Militar disse que agentes do 41º BPM (Irajá) realizavam uma operação com o objetivo de reprimir a movimentação de criminosos envolvidos em disputas territoriais e coibir roubos de veículos e de cargas. Durante a ação, traficantes atiraram contra a equipe, o que gerou reação e início do confronto.
A corporação destacou que, após o conflito, os policiais souberam que Eduardo tinha dado entrada na UPA. Depois da morte, moradores realizaram um protesto na região. Três ônibus foram sequestrados e usados como barricadas.
O caso foi registrado na 31ª DP (Ricardo de Albuquerque) e será encaminhado à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Segundo a Polícia Civil, as diligências estão em andamento para apurar os fatos.
Ainda não há informações sobre o enterro da vítima.
Segundo dia de operação
Nesta terça-feira (21), agentes do 41º BPM voltaram ao Complexo do Chapadão para uma nova operação. A PM explicou que o objetivo era estabilizar a região, controlada pelo Comando Vermelho (CV). Em busca de dificultar a passagem das equipes, criminosos atearam fogo em objetos, bloqueando ruas da região.
Seis pessoas foram presas em flagrante até o momento. As equipes apreenderam quatro fuzis, uma pistola e drogas, além de recuperarem dois carros e uma moto.
*Colaboração de Reginaldo Pimenta






















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