Cintia Mariano, acusada de envenenar os enteados Bruno e FernandaPedro Ivo / Arquivo / Agência O Dia

Rio - O júri popular de Cíntia Mariano Dias Cabral, que aconteceria nesta terça-feira (21), foi adiado para o dia 4 de março de 2026. Ela é acusada pelo assassinato por envenenamento da enteada Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, e pela tentativa de homicídio contra o enteado Bruno Cabral, que tinha 16 anos na época. O crime aconteceu em Realengo, Zona Oeste, em 2022.
Após ter um pedido de adiamento indeferido pela Justiça, a defesa de Cíntia decidiu abandonar o plenário. Na decisão, o juízo afirmou que o "abandono da sessão plenária do Tribunal do Júri de forma deliberada constitui tática processual que atenta contra a dignidade da Justiça e o dever de lealdade processual". Além disso, destacou que o ato gera gastos desnecessários aos cofres públicos em razão da logística que envolve a realização do júri.
Com isso, a Justiça multou a defesa da Cíntia no valor de 10 salários mínimos, além do valor correspondente ao custo para realização da sessão, que será calculado pela Contadoria Judicial do Tribunal de Justiça do Rio.
Na última audiência de instrução e julgamento, que aconteceu em maio de 2023, Cíntia optou por se manter em silêncio. A única testemunha a ser interrogada no dia foi o médico neurologista e perito médico legista da Polícia Civil, Gustavo Figueira Rodrigues. Segundo ele, o resultado do laudo pericial de Bruno estava claro para toda a equipe médica do plantão. "A primeira análise que foi feita foi no laboratório da Polícia Civil. Apesar de não se evidenciar, está claro o caso de intoxicação", explicou.
A audiência foi encerrada com pouco menos de 20 minutos. No final, a mãe de Fernanda, Jane Carvalho chorou muito ao falar do crime.
"Desde o início, quando tudo aconteceu com o Bruno, eu tinha certeza de que era ela. Tinha certeza de que ela pagaria da mesma proporção. Nós já sabíamos que a defesa viria para recorrer e adiar a decisão, não é nenhuma novidade. Independente disso, seguimos com fé de que ela receberá a maior sentença já vista em todo país, porque é o que ela merece. Não tenho dúvida dessa justiça", disse na época.
O crime
Fernanda morreu em março de 2022, depois de ficar 12 dias internada no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo. A jovem deu entrada na unidade após passar mal na casa do pai, onde a madrasta também morava. Na ocasião, ela comeu um sanduíche e, posteriormente, caiu no chão do banheiro. Fernanda apresentou dificuldades para respirar, ficou com a língua enrolada e a boca estava coberta por espuma. No hospital, ela não teve um diagnóstico definido, o que dificultou o tratamento.
Dois meses depois da morte da irmã, Bruno também sofreu com os mesmos sintomas de envenenamento após comer feijão na casa do pai e da madrasta. Ele chegou a ser internado, mas sobreviveu.
Com a similaridade dos casos, a Polícia Civil instaurou um inquérito que terminou no indiciamento de Cintia Mariano pelo assassinato de Fernanda e pela tentativa de homicídio de Bruno. Segundo a 33ª DP (Realengo), ela teria colocado chumbinho na comida dos irmãos.