29/04/2018 - Caderno Baixada. Jogos da Baixada. Final Futebol de campo masculino. Magé e Guapimirim. Magé foi a equipe vencedora. Foto: Fernanda Dias / Agência O Dia. - Fernanda Dias
29/04/2018 - Caderno Baixada. Jogos da Baixada. Final Futebol de campo masculino. Magé e Guapimirim. Magé foi a equipe vencedora. Foto: Fernanda Dias / Agência O Dia.Fernanda Dias
Por Herculano Barreto Filho

Duque de Caxias - Um atacante da equipe de Nova Iguaçu avança em velocidade pela direita e é derrubado por um defensor de Guapimirim, na semifinal do futebol de campo dos Jogos da Baixada, disputada neste domingo, na vila olímpica de Duque de Caxias. A árbitra Rejane Caetano da Silva apita a falta, corre em direção aos atletas e ergue o cartão amarelo. A mulher que soube coibir os lances mais ríspidos na competição não apita só competições de categorias de base. Rejane integra a seleta lista de árbitras da Fifa no país, que conta com apenas quatro profissionais. E luta contra o preconceito para crescer na carreira.

Ela diz saber se impor quando está no gramado, apitando partidas das séries C e D do Campeonato Brasileiro. Mas confessa que já ouviu piadas machistas nos bastidores do futebol profissional. "O preconceito é fora do campo. Já ouvi piadinhas como 'vai lavar uma louça'. Mas esse tipo de coisa não me atinge", garante a árbitra.

No quadro da Fifa desde o ano passado, ela precisou preencher uma série de pré-requisitos, como falar inglês, espanhol e ter nível superior completo. Mas o condicionamento físico é o principal trunfo de Rejane, que é formada em Educação Física. Aliás, foi justamente por isso que ela se interessou em atuar na área. "Eu já tive uma vida de atleta de alto rendimento (ela competia em provas de atletismo nos 800m rasos). Aí, vi o pessoal do futebol fazendo teste físico para apitar e me interessei", conta Rejane, que fez o curso na Escola de Arbitragem da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) em 2011.

Com experiência em competições internacionais, como o sul-americano sub-20 do Equador, disputado no ano passado, Rejane agora busca uma ascensão na carreira. A projeção é ambiciosa. A ideia é integrar o quadro de arbitragem do Campeonato Brasileiro de 2020 e apitar a Copa do Mundo de 2022, no Catar. "Apesar do preconceito, as mulheres estão começando a conquistar espaço na arbitragem. As portas estão se abrindo. Não gosto de lavar louça. Quero mesmo é apitar", sorri, antes de apitar a final entre Magé e Guapimirim, com a certeza de que a competência pode vencer o preconceito no meio do futebol.

 

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