Nilson André, que começou a competir em Duque de Caxias, participou da equipe que herdou o ouro olímpico na Olimpíada de 2008 - Reprodução da internet
Nilson André, que começou a competir em Duque de Caxias, participou da equipe que herdou o ouro olímpico na Olimpíada de 2008Reprodução da internet
Por Herculano Barreto Filho

Nilson de Oliveira André deu os seus primeiros piques em Imbariê, bairro humilde de Duque de Caxias. Desde pequeno, já percebia que tinha mais velocidade do que os meninos da sua idade nas brincadeiras de rua. O caçula dos seis filhos do eletricista Nivaldo André e da dona de casa Claudete de Oliveira saiu de lá para descobrir o atletismo na vila olímpica do município quando só tinha 14 anos. Chegou a conquistar um ouro nos Jogos da Baixada. De lá, ganhou as pistas do país e do mundo. Foi bicampeão sul-americano, bicampeão mundial militar e teve sete participações em mundiais. Inclusive, já correu ao lado de Usain Bolt no começo da carreira. Foi no Mundial sub-17 do Canadá, disputado em 2003. "Na época, ele já era um fenômeno. Mas o mundo não conhecia. Batia recordes toda hora e sobrava muito na prova".

Mas é a participação nos Jogos Olímpicos que ainda faz parte da sua história. Nilson integrou a delegação olímpica nos Jogos de Pequim-2008 e de Londres-2012. No dia 31 de maio, a Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) negou o último recurso da Jamaica, que pretendia manter o ouro no revezamento 4x100m. A equipe caribenha terminou em primeiro lugar, comandada por Usain Bolt. Mas perdeu o ouro após teste positivo refeito pela Agência Mundial Antidoping (WADA) em 2017, com o material coletado com o jamaicano Nesta Carter. Com isso, Trinidad y Tobago herdou o ouro, Japão a prata e o Brasil levou o bronze.

Os brasileiros Vicente Lenilson de Lima, Sandro Viana, Bruno Lins e José Carlos Moreira Codó disputaram a prova. Mas Nilson de Oliveira André e Rafael Ribeiro, que fizeram parte da equipe, também passam a ser considerados como medalhistas olímpicos. Um reconhecimento tardio, lamenta Nilson, que participou da sua última competição em fevereiro deste ano, na seletiva para o Mundial Indoor nos 60m, em São Caetano do Sul, no interior de São Paulo. "Se fosse na época da Olimpíada, a medalha teria mudado a nossa vida. Faltou premiação, salário e reconhecimento".

ESQUECIDO NA CIDADE DE ORIGEM

Aos 32 anos, Nilson, que mora em São Paulo, guarda mágoa do município onde deu os seus primeiros piques. "Nunca me chamaram pra nada. Isso me entristece. Só tenho gratidão pelas pessoas que me incentivaram", lamenta o medalhista olímpico que Duque de Caxias ainda não sabe que tem.

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