Erin Brooks e Samuel Pupo com os troféus das vitórias no Corona Saquarema Pro Thiago Diz/WSL

Saquarema - O brasileiro Samuel Pupo e a canadense de apenas 16 anos, Erin Brooks, conquistaram os desejados troféus das vitórias no Corona Saquarema Pro apresentado por Banco do Brasil no último sábado (21), na Praia de Itaúna, em Saquarema, na Região dos Lagos do Rio. Samuca derrotou o taitiano Mihimana Braye e fechou a temporada na vice-liderança do ranking do Challenger Series 2023. Antes, ele já havia confirmado a vaga de Deivid Silva no World Surf League (WSL) Championship Tour (CT), com o Brasil passando a ter maioria com nove surfistas na elite masculina de 2024. Já o primeiro título na primeira final de Erin Brooks, foi conquistado sobre a australiana Sophie McCulloch.


“É uma emoção gigante. O campeonato foi muito longo, consegui fazer ótimas baterias e mais uma boa na final, então estou muito feliz pela vitória”, disse Samuel Pupo. “Eu achei uma direita que estava difícil de entrar hoje, mas senti que estava bem conectado e foi onde tirei minha maior nota. O mar ficou bem difícil e esse lugar é muito especial para mim. Eu fiz uma final no ano passado aqui, com o Filipe (Toledo) no CT e fiquei em segundo, então agora ganhar esse campeonato foi demais”.
No ano passado, Samuel Pupo decidiu o título da etapa brasileira do CT em Saquarema, nas mesmas ondas da Praia de Itaúna. Mas, enfrentou um invicto Filipe Toledo e o bicampeão mundial conquistou sua terceira vitória seguida no Maracanã do Surf da Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Na final do Corona Saquarema Pro apresentado por Banco do Brasil, Samuca achou uma rara direita no sábado, que abriu bem a parede na bancada, para fazer uma série de batidas e rasgadas de frontside, que valeram nota 8,00. Ela acabou selando a vitória por 14,17 a 10,93 pontos. Tanto Samuel Pupo, como Erin Brooks, receberam o mesmo prêmio de 20.000 dólares pelos títulos.

A WSL Latin America inovou mais uma vez, oferecendo troféus especiais para os finalistas do Corona Saquarema Pro apresentado por Banco do Brasil. Inspirados em Toy Art, eles foram produzidos pela PB Arts, com as peças esculpidas em resina oca em uma base de madeira. Os troféus chegaram na Praia de Itaúna carregados por um paraquedista e entregues para a prefeita de Saquarema, Manoela Peres. Foi mais uma novidade da etapa brasileira do Challenger Series, que também teve apresentação especial dos finalistas na passarela da arena do evento, antes de entrarem nas decisões dos títulos.
“Eu estava brincando com a minha mãe (Jeane Pupo), que eu tinha visto a mesma arte no Instagram da PB Arts. Eu até queria comprar e na hora que vi que era esse troféu, eu falei pra mim mesmo que teria que ganhar ele aqui (risos)”, contou Samuel Pupo, que falou sobre fechar a temporada com vitória. “Vir aqui e conseguir a vaga pro CT, já era uma missão muito difícil. Não dava nem pra acreditar e sair daqui vitorioso, só mostra quão grande Deus é e tudo que Ele faz na minha vida. Toda honra e toda glória ao Senhor, por essa vitória incrível”.

Última vaga no CT 2024
O caminho do título no sábado, começou com Samuel Pupo garantindo a última vaga para o CT 2024 para seu grande amigo, Deivid Silva. Ela foi confirmada quando Samuca derrotou o francês Marco Mignot no último duelo das quartas de final. Na bateria anterior, o cearense Michael Rodrigues também poderia tirar o DVD do G-10, se passasse para as semifinais. Mas, Michael perdeu para Eli Hanneman e terminou em 11.o lugar no ranking final do Challenger Series 2023, logo à frente de outro brasileiro, Mateus Herdy.

“Estou muito feliz. Eu sabia quanto essa bateria com o francês (Marco Mignot) era importante para mim e para o Deivid (Silva) também”, destacou Samuel Pupo. “Ele sempre viaja comigo e com meu irmão (Miguel Pupo) para os campeonatos há muito tempo e merecia muito se classificar. A gente se conhece desde criança, sei o quanto ele batalhou por isso e agora estamos nós dois de volta para o CT”.
Deivid Silva não estava na praia na hora da bateria, mas chegou depois e foi bastante festejado pelos brasileiros na arena do evento: “Eu nem consegui dormir essas últimas noites e fiquei até doente, por conta da pressão desses resultados. Eu fiquei em casa mais tranquilo, porque é difícil torcer contra, então deixei tudo nas mãos de Deus. Acho que era pra ser desse jeito, então estou muito amarradão por estar de volta ao CT. Vai ser um ano incrível, quero mostrar mais do que posso fazer e estou feliz também pelo Samuel (Pupo) ter conseguido a classificação. Na verdade, muito obrigado ao Samuel pela vaga e vamos com tudo, seguir treinando forte que no começo do ano tem mais”.

Apesar de não ter conseguido a vaga para o CT 2024, Michael Rodrigues não se abateu: “Pois é, acabou o ano pra mim, mas estou amarradão, porque me superei esse ano em todos os aspectos. Eu dei meu máximo e estou muito orgulhoso de mim. Nem sabia que podia lidar com tanta pressão e me sinto pronto para os próximos desafios. Vou ter muito tempo para me preparar agora e espero voltar como uma máquina, para me classificar no próximo ano. Estou feliz, orgulhoso de mim e da minha equipe toda. A gente fez um trabalho excelente e às vezes não dá mesmo, mas estou feliz pra caramba”.
Maioria brasileira
Apesar de Michael Rodrigues ficar de fora, Samuel Pupo confirmou a vaga de Deivid Silva e garantiu a maioria brasileira com nove surfistas na elite masculina do CT em 2024. Além de Samuca e DVD classificados pelo Challenger Series, a seleção brasileira terá os campeões mundiais Filipe Toledo, Gabriel Medina e Italo Ferreira, João Chianca, Yago Dora, Caio Ibelli e Miguel Pupo, com Tatiana Weston-Webb sendo a única na elite feminina.

Já somando a quantidade total de surfistas nas categorias masculina e feminina, a Austrália tem o maior pelotão com 13 atletas, contra 11 dos Estados Unidos, 10 do Brasil e 9 do Havaí. Mais sete países serão representados na disputa pelos títulos mundiais no World Surf League Championship Tour 2024, a África do Sul com dois competidores, Itália com um, Japão com um também, assim como a Indonésia, França, Costa Rica e Portugal, que volta ao grupo dos melhores do mundo com Frederico Morais.
Primeira vitória
Na categoria feminina, a grande surpresa foi Erin Brooks. A canadense tem apenas 16 anos e participou do Challenger Series pela primeira vez. Nas semifinais, ela derrotou Nadia Erostarbe, do País Basco, com este resultado confirmando a última vaga no CT 2024 para a australiana Isabella Nichols. Na decisão do título, a pequenina Erin Brooks destruiu uma onda com uma série de manobras executadas com pressão e velocidade, que valeram nota 8,67. Com ela, fechou a sua primeira vitória importante da carreira, por 13,67 a 7,50 pontos da australiana Sophie McCulloch.

Com o título, Erin Brooks subiu da 21.a para a nona posição no ranking, entrando no grupo da sexta a décima colocadas, que garante participação no Challenger Series do ano que vem. A canadense acabou tirando a própria Sophie McCulloch dessa lista, que terminou em 11.o lugar no ranking final de 2023. Curiosamente, nesse mesmo ano, a jovem norte-americana de apenas 17 anos, festejou sua primeira vitória em etapas do CT, Caitlin Simmers, campeã do Vivo Rio Pro apresentado por Corona. Agora, foi Erin Brooks quem fez história, como a mais jovem vencedora da etapa brasileira do Challenger Series.
“Estou muito feliz por ter me qualificado pro Challenger do próximo ano. Isso vai me dar mais tempo para trabalhar meu surfe e espero fazer alguns aéreos nas baterias do ano que vem”, disse Erin Brooks, que tem as manobras aéreas como arma. “A bateria não começou muito bem para mim, mas Deus me mandou ondas incríveis para eu vencer. A Sophie (McCulloch) é uma grande competidora e eu adorei Saquarema. Amei o lugar, as pessoas, a comida e as ondas aqui são muito divertidas”.

Lista do Challenger Series
O encerramento do Challenger Series pela primeira vez no Brasil e não no Havaí, fechou a lista dos 10 homens e 5 mulheres classificados para o CT 2024. Desse total, 12 vagas foram confirmadas nesta semana em Saquarema. O ranking feminino terminou com India Robinson (AUS) em primeiro lugar, seguida por Sally Fitzgibbons (AUS), Sawyer Lindblad (EUA), Alyssa Spencer (EUA) e Isabella Nichols (AUS). No masculino, em primeiro lugar ficou Cole Houshmand (EUA), com Samuel Pupo (BRA) em segundo, depois Jacob Willcox (AUS), Crosby Colapinto (EUA), Eli Hanneman (HAV), Imaikalani deVault (HAV), Frederico Morais (PRT), Jake Marshall (EUA), Kade Matson (AUS) e Deivid Silva (BRA).