Teresa Yoshiko (Lúpulos Ninkasi) foi curadora do seminário e palestrou sobre o panorama do lúpulo no BrasilHenrique Silva
Capital nacional do lúpulo, Teresópolis é protagonista no cultivo dessa nova matriz agrícola brasileira e vem buscando formas de incentivar e fortalecer a emergente cadeia produtiva do lúpulo, que tem se apresentado com grande potencial agregador de diferentes setores, como agricultura, indústria e turismo. Foi com esse objetivo que a Prefeitura de Teresópolis, por meio da Secretaria Municipal de Turismo (SMTUR), e o Sebrae-RJ promoveram um seminário gratuito sobre o lúpulo, no dia 29 de agosto, no Campus Quinta do Paraíso do Unifeso (Centro Universitário Serra dos Órgãos).
O encontro reuniu pesquisadores, produtores, estudantes, empresários e outros representantes do agronegócio para compartilhar, debater experiências e desafios comerciais na produção e comercialização da planta, conhecida como "Ouro Verde" por seu alto valor agregado. Entre os temas, o seminário abordou o agroturismo, tendo o lúpulo como vetor, passando pela produção, inovação na indústria cervejeira, empreendedorismo e negócios, turismo e rotas do lúpulo.
No pós-evento, no dia 30, foram realizadas visitas técnicas opcionais ao viveiro Lúpulos Ninkasi, primeiro viveiro do país a obter autorização Ministério da Agricultura e Pecuária para comercializar mudas de lúpulo com certificação de qualidade, e à fazenda de lúpulo do Grupo Petrópolis, ambos no interior de Teresópolis. A programação teve a curadoria da pesquisadora e técnica agrícola Teresa Yoshiko, proprietária da Lúpulos Ninkasi, com o apoio do Sebrae-RJ e da SMTUR.
“Teresópolis conquistou o título de Capital Nacional do Lúpulo no ano passado, uma iniciativa do Prefeito Vinicius Claussen, que estimulou a elaboração de um projeto de lei pelo Deputado Federal Sóstenes Cavalcante, sacramentado pelo Senador Carlos Portinho. Agora a gente quer fazer uso desse título, uma vez que ele é muito importante para a valorização da nossa agricultura e reconhece nosso protagonismo nesse movimento, fortalecendo também o turismo e a economia do nosso município e, melhor de tudo, gerando mais oportunidades e renda para nossos agricultores”, destacou Elizabeth Mazzi, secretária municipal de Turismo.
A secretária explica que a intenção do poder público municipal é promover anualmente o seminário, com a proposta de aprofundar os temas relacionados ao lúpulo. "Queremos junto com o Sebrae-RJ auxiliar todo esse trade ligado à produção de lúpulo, não apenas para a indústria cervejeira, mas também para as outras indústrias, como a farmacêutica", afirmou.
Hoje, o principal gargalo produtivo encontra-se na fase de beneciamento do produto. Essa etapa, que se inicia após a colheita, ainda requer equipamentos considerados caros pelos produtores. "O poder público quer apoiar os produtores a superar esse gargalo", afirmou a secretária.
Uma das possíveis soluções apontadas passa pela organização dos produtores em associação ou cooperativa. Dessa forma, poderão se habilitar a receber recursos públicos, tais como emendas parlamentares federais, para viablizar investimentos, por exemplo, em compra do maquinário para uso coletivo. A ideia é que, no seminário de 2024, o município e os produtores já tenham dado um passo adiante no enfrentamento a esse desafio.
Lúpulo e empreendedorismo
Um estudo do Sebrae-RJ, também apresentado no evento, trouxe para a organização as potencialidades desse cultivo para o empreendedorismo local, como conta Cristina Andriolo, analista do Escritório Regional Serrana II do Sebrae-RJ. "Desde 2021 o Sebrae vem estudando o lúpulo, para entender melhor a dinâmica desse mercado e como podemos atuar mais fortemente para potencializar o desenvolvimento desse mercado", comentou Cristina.
Disponível no site do Sebrae-RJ, o material oferece informações estratégicas e territoriais para que produtores e empreendedores tomem decisões mais assertivas e seguras nesse mercado, que tem uma perspectiva muito grande no país.
"Existem estudos que mostram que em 2024 o Brasil será o maior produtor de lúpulo da América Latina, então é preciso ter um olhar carinhoso para esse cultivo", acrescenta a analista.
Cristina destaca que o Sebrae-RJ está à disposição dos produtores para estudar o melhor modelo de negócio para a organização dos produtores, de forma que seja benéfica para que tenham mais condições de empreender com segurança, de fazer investimentos e de acessar créditos.
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