O idoso aparece imóvel em vários momentos do vídeoReprodução

Rio - Imagens de câmeras de segurança, divulgadas nesta quarta-feira (17), flagraram os momentos em que Erika de Souza Vieira Nunes leva Paulo Roberto Braga, de 68 anos, em uma cadeira de rodas, até uma agência bancária em Bangu, na Zona Oeste. No vídeo, o idoso aparece com a cabeça tombada para o lado algumas vezes, como se já não tivesse mais controle do corpo. Segundo o delegado Fábio Luiz Souza, responsável pela investigação, a vítima morreu ao menos duas horas antes.

O banco fica em um shopping da região e as primeiras imagens foram gravadas ainda na garagem do edifício, onde Erika aparece pegando a cadeira de rodas para colocar Paulo. Em seguida, eles são filmados no primeiro piso em direção a agência. Nos registros, o idoso aparece imóvel a todo momento.

Os dois chegaram ao local através de um carro de aplicativo. A Polícia Civil busca identificar o condutor para esclarecer o caso. Já que Erika alega que o idoso chegou vivo à unidade. "Ele ainda não foi identificado, mas vamos descobrir quem foi esse motorista e ele vai ser ouvido. Ele vai poder esclarecer, se ajudou a colocar no carro, se quando ele pegou a pessoa estava viva ou não", explicou o delegado.

A morte do idoso foi descoberta após funcionários da agência desconfiarem da atitude de Erika e da reação do idoso. Na ocasião, eles acionaram o Serviço Móvel de Urgência (Samu), que constatou o óbito. Em seguida, ela foi presa em flagrante por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver enquanto tentava sacar um empréstimo de R$17 mil em nome de Paulo.
Na delegacia, Erika afirmou que é sobrinha da vítima, no entanto, as documentações apontam que ela seria uma prima.

Ainda segundo o delegado, em depoimento, Erika alega que o idoso chegou vivo ao banco, versão contestada pelas investigações. Isso porque livores cadavéricos, que são acúmulos de sangue decorrentes da interrupção da circulação, indicam que Paulo não teria morrido sentado, como estava na cadeira, mas possivelmente deitado. O corpo dele ainda permanece no IML de Campo Grande.

Erika foi transferida para o presídio nesta quarta-feira (17), onde aguarda a audiência de custódia. As investigações estão em andamento na 34ªDP (Bangu) para identificar a causa da morte e como o empréstimo foi feito. O delegado aguarda o resultado dos laudos periciais.

À princípio, o empréstimo teria sido realizado presencialmente no dia 25 de março, mas o idoso não havia sacado antes porque estava internado com pneumonia na semana anterior.

O que diz a defesa?
A defesa de Erika, representada pela advogada Ana Carla Corrêa, garante que o idoso chegou vivo ao banco, além de informar que Paulo sofria com alcoolismo e enfrentava problemas de saúde recentemente, assim como o uso da cadeira de rodas.
"O idoso é tio dela e temos testemunhas que confirmam que o Paulo chegou vivo à agência. Eles moram, a família em si, em um grande terreno com várias casas, e ali um cuida do outro. O seu Paulo sempre foi uma pessoa independente, mas de um tempo pra cá começou a ter uma saúde um pouco mais debilitada, não somente pela idade, mas porque ele também era uma pessoa alcoólatra", disse.

Ainda segundo Ana Carla, informações como o motivo do empréstimo e o porquê a sobrinha não ter percebido que havia algo de errado com o tio durante o atendimento no banco, serão esclarecidas apenas em juízo.

"O corpo se encontra no IML, vamos esperar o retorno da necropsia e vamos juntar assistente técnico para confrontar a questão pericial. Com relação às horas que morreu ou não, qualquer pessoa que passa por mal súbito pode ter o enrijecimento dos seus músculos. As demais informações vão ser esclarecidas em juízo. Vamos esperar passar a audiência de custódia", finalizou.