Porto Alegre - O julgamento do recurso da defesa do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva no caso do triplex do Guarujá (SP) pelo Tribunal Regional da 4.ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, na próxima quarta-feira, mobiliza movimentos pró e contra Lula na capital gaúcha. As manifestações tomarão corpo a partir desta segunda-feira, e as forças de segurança se articulam para planejar sua atuação.
As manifestações mais numerosas prometem ser as de movimentos sociais e partidos de esquerda que apoiam o ex-presidente da República. Entre os participantes da Frente Brasil Popular, ligada à CUT, que lidera a organização dos atos pró-Lula, o clima é de Fórum Social Mundial - movimento de esquerda que se destacou em Porto Alegre no início dos anos 2000.
Na segunda e na terça-feira, serão realizadas diversas plenárias. O principal ato público dos movimentos de esquerda será realizado no fim da tarde de terça-feira, quando são esperadas mais de 200 caravanas do interior do Rio Grande do Sul e dos Estados vizinhos, Santa Catarina e Paraná, para uma marcha na região central da capital gaúcha. Os organizadores esperam reunir mais de 50 mil pessoas.
"Será uma marcha pacífica e organizada em defesa da democracia e contra a condenação sem provas do ex-presidente Lula. Queremos mostrar que aqui se pratica a democracia e denunciar a gravidade do que está acontecendo na Justiça, que insiste em condenar sem provas", diz Claudir Nespolo, umas das lideranças da Frente Brasil Popular, que reúne 78 organizações.
Para garantir que a manifestação seja pacífica, Nespolo informa que os organizadores designaram cerca de 2 mil orientadores, que circularão entre os manifestantes para tentar evitar qualquer tipo de confronto com grupos favoráveis à condenação de Lula ou com as forças de segurança, bem como impedir atos de vandalismo contra o patrimônio público ou privado.
Já os movimentos favoráveis à condenação de Lula têm optado por manifestações mais discretas. O Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua espalharam pela cidade cerca de 30 outdoors pedindo "Lula na cadeia".
Na véspera do julgamento, um ato está sendo convocado para o Parque Moinhos de Vento, espaço usual de protestos em apoio à Lava Jato em Porto Alegre.
"Vai ser um evento pequeno, já que consideramos e avaliamos que um evento grande poderia implicar questões de segurança. Será um ato de apoio ao TRF-4 e à Justiça, para que continuem fazendo o seu trabalho e que não se tolere ameaças ou intimidações", afirma Iria Cabreira, uma das coordenadoras do Vem Pra Rua no Rio Grande do Sul.
O MBL convoca para outra manifestação no dia do julgamento, também no Parcão. Chamado de "CarnaLula", o evento é anunciado pelo movimento como "um verdadeiro pré-carnaval" em "comemoração pelo início da libertação do Brasil". Segundo a divulgação, "a condenação de Lula marcará uma nova era em que a população construirá um país mais livre, digno e próspero".
Órgãos de segurança têm realizado diversas reuniões de trabalho nos últimos dias para planejar a atuação até o julgamento. Movimentos sociais, representantes dos magistrados e também a imprensa foram chamados para coordenar procedimentos.
O acesso ao entorno do TRF-4 será restrito a pessoas previamente cadastradas no site do Tribunal, ônibus passarão por revistas das polícias rodoviárias federal e estadual para verificar a presença de objetos que possam ser usados como armas.
A Polícia Federal atuará na segurança dos magistrados enquanto a Brigada Militar fará a proteção de prédios públicos, além de monitorar possíveis conflitos nas manifestações.