Angra1vira alvo de ação na Justiça depois de vazamento de material radioativo no mar em setembro de 2022.Divulgação

Angra dos Reis- O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEM) fizeram uma inspeção nas instalações da Usina Nuclear Angra 1, terça-feira (4) e nesta quinta-feira,5, em Angra dos Reis/RJ. O objetivo foi avaliar os danos causados pelo lançamento de água contaminada na Baía de Itaorna. O vazamento aconteceu em setembro do ano passado, mas a Eletronuclear só comunicou para as autoridades competentes 20 dias depois.

Em nota o Ibama explicou que foi realizada uma vistoria em toda a área, desde onde ocorreu o vazamento até o canal em que foi liberado o material radioativo. Disse ainda que nesta quarta-feira (5), fariam coletas de amostras de água para serem analisadas pela CNEM.

O Ibama disse que foi comunicado do lançamento da água contaminada através de uma denúncia anônima, e não da Eletronuclear. Logo após tomar conhecimento, o órgão designou uma equipe para inspecionar o local e apurar a veracidade das informações.

Na ocasião, a vistoria realizada não confirmou o vazamento, mas agentes ambientais cobraram a Eletronuclear a respeito de informações. Os documentos apresentados confirmaram o vazamento, que teria sido provocado por "degradação (corrosão) do sistema de contenção de vazamentos".

A Eletronuclear reafirmou o compromisso com os mais rigorosos padrões de segurança e qualidade em suas operações e está à disposição dos órgãos fiscalizadores para esclarecer quaisquer dúvidas".
Denúncia encaminhada ao MPF ( lembrando o caso)
O fato foi alvo de denúncia encaminhada ao Ministério Público Federal, na qual a prefeitura de Angra dos Reis, foi coautora na ação movida pelo MPF contra a Eletronuclear por não ter informado imediatamente sobre o vazamento de material radioativo na usina Angra 1 em setembro de 2022.
O Ibama multou a empresa pelo vazamento e pelo descumprimento da licença de operação em R$ 2,1 milhões. A Justiça Federal em Angra, a pedido do MPF, determinou no prazo de 30 dias que a Eletronuclear apresente avaliação dos danos causados ao meio ambiente com o acidente e evite a realização de qualquer atividade que possa agravar a contaminação da água, do solo e do ar na área atingida pelo vazamento. 
O procurador da República Aldo de Campos Costa, autor da ação, disse que "a transparência deve ser uma regra, não uma exceção, afim de que a população confie nas informações divulgadas".
No último dia 23 de março, o prefeito Fernando Jordão cobrou oficialmente explicações do presidente da estatal, Eduardo Grivot. "Em nenhum momento fui informado sobre o caso, nem a Defesa Civil ou o Centro Integrado de Informações Estratégicas em Saúde. As responsabilidades precisam ser apuradas." – disse o prefeito, que parece ter sido informado quando a notícia foi a público através da Imprensa.
Em situações como essa, a notificação é compulsória e imediata, mas a estatal demorou 21 dias para comunicar ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Além disso, a Eletronuclear primeiro negou o vazamento, mas depois admitiu que cerca de 90 litros de água contaminada escorreram para o mar. Alegando um pequeno volume de material lesivo lançado de forma involuntária às águas e que na análise não encontrou nenhum resultado significativo.
No dia 22 de março, a Justiça Federal determinou que a estatal avalie possíveis danos causados, faça testes de níveis radioativos e divulgue informações objetivas sobre o acidente e as medidas adotadas.
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