Trabalhadores da usina nuclear de braços cruzadosDivulgação/Sindicato

Angra dos Reis - Trabalhadores do complexo nuclear, em Itaorna, Angra dos Reis, na costa verde estão em greve por tempo indeterminado, desde o início da manhã desta terça-feira (8). A decisão foi tomada em assembleia realizada na tarde da última quinta-feira(3), 16h30, na porta da usina, com aprovação unânime de 400 trabalhadores. Em Angra são 1250 funcionários no Rio 550. O movimento está pacífico, com apenas 10% dos serviços, considerados essenciais, operando. Viaturas da PM, guarda municipal e PRF, estão no local.
Segundo o presidente do Sindicato, Stiepat, Cássio Tilico, a categoria pede o fim das demissões, manutenção das condições de trabalho vigente, aumento de 6,76 % ( =100 IPCA data base 2022) que está sendo tratado na justiça e até hoje não houve sentença e 3,69 % ( = 100 % IPCA data base 2024).

"Estamos chegando a mais um ano da data base, maio de 2025, sem esses devidos reajustes. Só pra se ter uma ideia a empresa pretende revogar instruções normativas que garantem 25 benefícios aos trabalhadores, o que possibilitaria alterar condições de trabalho, sem que as mesmas fossem discutidas em assembleia" disse Tilico. Entre os benefícios estão: férias, 100% de plano de saúde, ticket alimentação, complemento auxílio excepcional autista, entre outros.
" Entendemos a situação econômica da empresa, queremos manter nossos empregos e condição de trabalho. Somos produtivos" - disse um dos diretores do sindicato, afirmando que cerca de 90 trabalhadores aposentados já receberam aviso prévio e que a previsão é de que 250 sejam demitidos.
"A empresa teve um faturamento superior a 10% em 2024 comparado a 2023, quando foi registrado recorde de faturamento e produção, saltando de R$ 318 milhões para R$ 550 milhões. Estamos desde 2019 sem receber PLR. Não dá para fechar uma proposta rebaixada. Não aceitamos esse tratamento desrespeitoso" - disse um dos diretores da entidade.
O sindicato informou ainda que os serviços essenciais e segurança das usinas serão garantidos. Em nota enviada ao O Dia, a empresa diz que está aberta ao diálogo e esclarece que a paralisação em Angra foi oficialmente confirmada, mas no Rio até o momento ( início da tarde de hoje,13h20) não há informação oficial sobre paralisação.
A Eletronuclear em nota informou que a greve não compromete a operação nem a segurança das usinas nucleares. Isso porque as atividades essenciais serão mantidas conforme previsto nos protocolos internos e nas normas regulatórias do setor.
A empresa esclarece que "apresentou proposta de acordo com reajuste integral de salários e benefícios pelo IPCA, num percentual de 3,69%. A empresa lamenta o impasse gerado pelas entidades sindicais que condicionam a assinatura do acordo a inclusão de cláusula que lhes dá participação no poder de gestão da companhia. Desta forma , a Eletronuclear ficaria obrigada a ter anuência destas entidades para poder modificar normativos internos, o que fere a legislação vigente (art. 138 da lei 6404/1976) e suas próprias regras de governança". Segue a nota da empresa.


"Não é verídica a previsão de demissão de 250 trabalhadores. 133 empregados estão sendo desligados de forma voluntária ao longo deste ano como parte de um plano de demissão implementado em 2024. Adicionalmente, outros 90 já aposentados serão demitidos este ano. Essa medida está inserida em um contexto de adequação dos custos da companhia cujo objetivo é assegurar a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos postos de trabalho. A Eletronuclear reforça que "está aberta ao diálogo com as entidades sindicais, tendo mantida sua proposta de acordo com reajuste integral do IPCA para salários e benefícios e continua buscando um entendimento, até o momento sem sucesso". 
Como não há um acordo entre sindicato e empresa a questão segue agora na esfera da justiça trabalhista.

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