O presidente Michel Temer assina o decreto que determina a intervenção federal na segurança no Rio de Janeiro.
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O presidente Michel Temer assina o decreto que determina a intervenção federal na segurança no Rio de Janeiro. / AFP PHOTO / Sergio LIMA CaptionAFP PHOTO / Sergio Lima
Por O Dia

Brasília - O presidente Michel Temer fez pronunciamento oficial, na noite desta sexta-feira, sobre o decreto de intervenção federal na área de segurança do Estado do Rio. Em sua fala, essencialmente semelhante ao discurso feito à tarde, Temer declarou que o 'crime organizado no Rio é como uma metástase' e deve ser contido. "Nossas praças não podem ser salão de festas do crime. Nossas estradas devem ser seguras para os motoristas, não locais de roubos de cargas e assaltos. Estamos vendo bairros inteiros sitiados, escolas sob a mira de fuzis e não podemos deixar que matem nosso presente", disse.

O general Walter Braga Netto, do Comando Militar do Leste, foi anunciado como interventor. O decreto tem validade imediata, mas será submetido à aprovação do Congresso na noite de segunda-feira. O governador Luiz Fernando Pezão e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) participaram da cerimônia de assinatura do decreto.

"O crime organizado quase tomou conta do Estado do Rio de Janeiro. O governo dará respostas duras, firmes e adotará todas as providências necessárias para enfrentar o crime organizado e as quadrilhas. A intervenção foi construída em diálogo com o governador Luiz Fernando Pezão e eu comunico que nomeei interventor o comandante militar do leste General Walter Braga Netto, que terá poderes para restaurar a tranquilidade do povo. As polícias e as Forças Armadas estarão nas ruas, avenidas e comunidades. Reunidas combaterão, enfrentarão e vencerão aqueles que sequestram o povo e a nossa cidade", afirmou Temer, mais cedo.

Pezão: 'Não estamos conseguindo deter a guerra'

O governador Luiz Fernando Pezão também admitiu que as polícias civil e militar do Rio perderam o controle da situação. "O Rio tem pressa e tem urgência. Nós, só com a Polícia Militar e a Polícia Civil, não estamos conseguindo deter a guerra entre facções no nosso estado. E ainda com componente grave que são as milícias", disse Pezão.

O ministro da Defesa Raul Jungmann lembrou que não é a primeira atuação das Forças Armadas no Rio. Tropas federais já colaboraram com as polícias do estado, inclusive com ocupação de comunidades consideradas de risco, como os complexos da Maré e do Alemão.

"Já tínhamos uma integração com as forças de segurança, teremos um salto de qualidade no trabalho que será feito com as polícias e o sistema penitenciário e o Corpo de Bombeiros", disse o ministro.

Jungmann elogiou o general Braga Netto. "É um general absolutamente qualificado e conhecedor profundo do Rio de Janeiro e sua dinâmica."

O general Braga Netto estava de férias quando foi convocado para atuar como interventor da segurança no Rio. "Recebi a missão agora e nós vamos entrar numa fase de planejamento. Nosso relacionamento com as forças de segurança é muito. Agora é fortalecer os sistema de segurança e dar tranquilidade aos cariocas", disse.

"As forças armadas jamais foram ameaça à democracia"

Nenhuma autoridade adiantou detalhes sobre a intervenção da segurança no Rio. Segundo o ministro da Defesa, o plano ainda será traçado pelo interventor federal. "O que cidadão pode esperar é que as Forças Armadas continuarão cumprindo seus compromissos. A partir do plano traçado por Braga Netto, as necessidades adicionais que surgirem serão cumpridas, mas não dá para antecipar o que será feito. Mas será um sistema muito mais robusto de seguridade social. Com o andamento disso, a percepção de segurança será intensificada", disse Jungmann.

Segundo o ministro de Segurança Institucional, Sergio Etchegoyen, novos atos administrativos podem ser editados com base no planejamento do general Braga Netto. Ele reforçou que o decreto já está em vigor, mas pode ser confirmado ou encerrado pelo Congresso Nacional.

O ministro criticou quem considera que a intervenção possa ser uma ameaça à democracia e disse que as Forças Armadas só farão a intervenção porque as polícias não conseguiram conter a violência. "As forças armadas jamais foram ameaça à democracia", afirmou. "Ao invés de perguntar isso, deveríamos perguntar porque as polícias não conseguem (conter a violência)", disse.

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