Brasília - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta segunda-feira que a reforma da Previdência é “prioridade número um”, mesmo com a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro. “Evidentemente que, se as lideranças do Congresso concluírem que a reforma da Previdência tem voto suficiente para ser aprovada, a ideia, inclusive já anunciada pelo presidente da República, é tomar uma medida que viabilize a votação da Previdência, atendidos todos os requisitos da Constituição”.
Meirelles afirma ainda que o governo não trabalha com um plano B. “Acho que antes de se definir o número de votos e se é possível aprovar, acho que não cabe ficarmos discutindo planos B, porque isso serviria evidentemente para desviar a atenção do fundamental que é a aprovação da reforma”.
Assinado na sexta-feira por Temer, o decreto de intervenção na segurança do Rio de Janeiro será votado pelo plenário da Câmara dos Deputados hoje, em sessão deliberativa extraordinária, convocada para às 19h. Caso o Congresso Nacional aprove a intervenção, fica impedido, pela Constituição Federal, de aprovar quaisquer propostas de emenda à Constituição (PEC) – como é o caso da reforma da Previdência – enquanto a intervenção vigorar.
A ideia do governo, conforme explicou Meirelles, é interromper a intervenção federal, substituindo-a por um decreto do governo do estado capaz de manter a estrutura colocada pelo Exército e, após votada a reforma, retomar a intervenção federal.
A reforma propõe a adoção de uma idade mínima para aposentadoria – de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres – e regras de transição com intuito de equilibrar as contas públicas para os próximos anos. Conforme a proposta, trabalhadores do setor privado e servidores públicos deverão seguir as mesmas regras, com um teto de R$ 5,5 mil para se aposentar, e sem a possibilidade de acumular benefícios. Para trabalhadores rurais, idosos e pessoas com deficiência, sem condições de sustento, as regras não sofrerão mudanças.
Por se tratar de uma PEC, para ser aprovada, a reforma da Previdência precisa ter o apoio de três quintos dos 513 deputados, ou seja, 308 votos, em dois turnos de votação.
Crise e segurança
Para o ministro, a crise fiscal pela qual passa o país está relacionada à crise de segurança nos estados. A crise econômica do país levou a um aumento do desemprego e beneficiou o recrutamento de jovens para atividades criminosas. Para Meirelles, uma melhora na economia, portanto, também terá impactos na área de segurança.
"Existem programas sociais que passam a ser melhor financiados na medida em que existe recuperação fiscal e não só do governo federal, com aumento da arredação, com o teto de gastos e com a reforma da Previdência, mas dos estados".
Meirelles citou o Regime de Recuperação Fiscal dos Estados, ao qual o Rio de Janeiro aderiu. O governo do estado recebeu um empréstimo bancário de R$ 2,8 bilhões a partir da penhora de ações da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).
Segundo o ministro, um novo empréstimo, que tem como garantia royalties do petróleo, está sendo negociado, ainda sem o valor definido. Esse empréstimo já está previsto no âmbito do plano de recuperação. “Agora está se endereçando e sendo enfrentada uma questão crítica, que é a questão da segurança, mas a questão financeira e fiscal como um todo já está sendo enfrentada, estamos no meio do processo”, disse Meirelles.
O ministro comentou ainda o aumento de 1,04% no Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado na sexta-feira: “confirmando o que temos dito, o país cresceu em 2017 e vai crescer mais”.