Rio - O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, participou, nesta sexta-feira, do programa Eleições 2018, do canal GloboNews, onde falou sobre temas como gays, mulheres, privatização da Petrobrás e como anda a escolha do vice que irá compor sua chapa.
Durante a entrevista, Bolsonaro tornou a fazer declarações polêmicas . Entre elas, está o seu discurso sobre os gays, onde o candidato afirmou não ser homofóbico, mas disse ser contra o que chamou de “ideologia de gênero” que, segundo ele, é ensinada nas escolas.
“Nunca fui homofóbico. [Mas] eu não posso admitir que crianças com seis anos de idade assistam a filmes como ‘Encontrando Bianca’, onde meninos se beijam, meninas se acariciam, para combater a homofobia”, disse.
“Está na cara que a criancinha de seis anos de idade que assistir a isso, no intervalo, o Joãozinho vai querer namorar o Pedrinho. Um pai não quer chegar em casa e encontrar o filho brincando com uma boneca por influência da escola”, afirmou.
Bolsonaro ainda declarou que acha um absurdo o governo criar qualquer tipo de política para combater a desigualdade salarial entre homens e mulheres. Vale lembrar que, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), o rendimento médio dos homens é de R$2.012, enquanto o das mulheres é de R$1.522.
“Se você quiser interferir no mercado, você vai quebrar de vez. Não é que tem quem ganha mais ou menos. Isso vai do entendimento de quem contrata. Você vai chegar e vai dizer que [homens e mulheres] têm que ganhar a mesma coisa? [...] Você não tem como interferir no mercado. Isso é um absurdo”, afirmou Bolsonaro.
Segundo um levantamento do site de empregos Catho, mulheres ganham, nos mesmos cargos e funções, até 53% menos que os homens.
Sobre a economia do país, o candidato do PSL disse que se eleito, há uma possibilidade de privatizar a estatal “se não tiver solução”.
“Se não tiver uma solução, eu sugiro a privatização da Petrobras. Acaba com esse monopólio estatal e ponto final. Então, é o recado que eu dou para o pessoal da Petrobrás”, afirmou o candidato.
“Eu entendo que a Petrobras é estratégica. Por isso não gostaria de privatizar a Petrobras, esse é o sentimento meu. Agora, se não tiver solução, não tiver um acordo, você não vai ter outro caminho”, completou o candidato.
Bolsonaro ainda declarou que, se for eleito, o economista Paulo Guedes será o ministro da Fazenda e terá liberdade para conduzir a política econômica e ainda escolher, por exemplo, o presidente do Banco Central.
Sobre sua chapa para disputa presidencial, Bolsonaro afirmou que deve mesmo concorrer com um chapa pura. O deputado disse que vai decidir, até domingo, entre a advogada Janaína Paschoal e Luiz Philippe de Orléans e Bragança, da família real brasileira.
"O meu vice vai ser do PSL. Estou conversando com a Janaína e ela apresenta alguns problemas familiares", disse. "Lógico que a gente pensa sempre num plano B. No momento, o plano B é o príncipe."
Outros temas
Armas e feminicídio: "Você vai fazer uma viagem [...]. Você não se sentiria mais segura se pudesse, desde que estivesse habilitada, ter uma arma no teu carro? Porque pode furar um pneu na Rio-Santos e você ter que trocar e, daí, se chega alguém para fazer uma maldade contigo, você vai sacar do bolso a lei do feminicídio? Ele [o bandido] vai dar risada de você".
Tortura: "A palavra tortura cai em mim por eu ser militar. É inadmissível a tortura. Na própria Câmara, eu cheguei em 1991, capitão do Exército [...], tinha um montão de ex-preso político, anistiado, e o pessoal olhava para mim com muito carinho [...] e ali, está certo, nesses embates, falavam coisas que não eram verdades, queriam se vitimizar. Algumas eram [verdade], outras não. E daí as caneladas minhas aconteceram lá dentro"
Indígenas: "O índio quer se integrar à sociedade, ele quer um dentista, ele quer um médico, ele quer energia elétrica. Nós não podemos fazer com que o índio continue vivendo dentro da reserva indígena como se fosse um animal de zoológico. É isso o que acontece. O mundo está de olho no Brasil."
Número de ministros do STF: "Se fizermos uma pesquisa sobre a credibilidade do Congresso Nacional e do Supremo, os números serão muito próximos. Lamentavelmente, o nosso Supremo está deixando a desejar. [...] Praticamente desistimos da ideia [de propor aumentar o número de ministros de 11 para 21], até porque não seria uma imposição minha, dependeria de emenda constitucional".
Colégios 'militarizados': "Eu acho que em cada comunidade pobre que nós temos aqui [no Rio], temos o Alemão, temos Mangueira, temos tantas, tem a própria Rocinha, se ali embaixo pintar um colégio militarizado, eu acho que vai ajudar em muito e muito mais que a própria UPP, que no meu entender exauriu-se e não deu certo".
O candidato também defendeu que o Brasil deixe o acordo de Paris sobre o clima; afirmou que, se eleito, manterá o Bolsa Família; disse que não é fascista; e disse gostar do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Com informações do Estadão Conteúdo