Nos áudios, ele diz que “empresas, açougues, lavadoras de carros e fábricas” brasileiros compraram seu software para mandar mensagens em massa a favor de Bolsonaro.
Além de obter o áudio, a Folha confirmou posteriormente detalhes da conversa.
Se confirmada a contratação a favor de Bolsonaro, que teria sido feita por uma série de empresas brasileiras, não pelo candidato em si, o episódio deve ser configurado por crime eleitoral. Afinal, a doação de empresas para campanhas de caráter eleitoral é proibida no Brasil. Além disso, ações não declaradas de pessoas físicas também são ilegais no país.
O jornal conseguiu acesso a gravações em que o dono da espanhola Enviawhatsapps , Luis Novoa, conta que empresas brasileiras de diferentes setores teriam comprado o software desenvolvido por ele. Ainda segundo a publicação, Novoa diz não saber que o produto oferecido por ele estava sendo usado para campanha eleitoral, ou seja, para fins ilegais.
"Eles contratavam o software pelo nosso site, fazíamos a instalação e pronto (...) Como eram empresas, achamos normal, temos muitas empresas (que fazem marketing comercial por WhatsApp)", afirma o espanhol, segundo a Folha de S.Paulo. Perguntado durante a conversa gravada, ele ainda chega a afirmar "Eram campanhas para Bolsonaro".
Também de acordo com as gravações e com a reportagem, o empresário só percebeu que havia algo errado naquela situação quando suas linhas telefônicas foram cortadas pelo próprio WhatsApp com a alegação de mau uso da plataforma. Procurado, o aplicativo confirmou que cortou linhas da Enviawhatsapp.
Apesar da gravação, procurado pela Folha, Novoa nega que tenha trabalhado para políticos brasileiros. "Tanto faz se gravaram sem permissão uma conversa informal. Repito pela enésima vez: não trabalhamos com campanhas políticas no Brasil", disse ele à reportagem do jornal brasileiro, quando confrontado pela gravação que cita Bolsonaro.