Motoqueiros e ciclistas de aplicativos de delivery em Niterói reclamam das condições de trabalho
 - Divulgação/Rappi
Motoqueiros e ciclistas de aplicativos de delivery em Niterói reclamam das condições de trabalho Divulgação/Rappi
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Rio - A taxa de desemprego no País recuou para 11,8% no trimestre encerrado em julho, graças ao aumento no número de pessoas atuando na informalidade, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O total de trabalhadores informais alcançou o patamar recorde de 38,683 milhões, mais de 40% da população ocupada. São os empregados do setor privado e os trabalhadores domésticos que atuam sem carteira assinada, trabalhadores por conta própria e empregadores sem CNPJ e aqueles que trabalham ajudando parentes

"O desemprego está caindo, mas o que está acontecendo? Tem uma transferência para a subutilização, tem um aumento na subocupação", disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

De acordo com os dados da instituição, ainda falta trabalho no País para 28,106 milhões de pessoas, entre eles desempregados, subocupados e desalentados. No período de um ano, o mercado de trabalho absorveu 2,218 milhões de trabalhadores, mas somente 233 mil deles foram contratados com carteira assinada no setor privado.

A tendência é que o emprego informal continue avançando, até mesmo na indústria, diante das mudanças de padrão que vêm ocorrendo no mercado de trabalho desde a crise de 2008 e sancionadas pela reforma trabalhista, prevê Eduardo Lisboa, economista da LCA Consultores.

Regime parcial

"Você já vê, por exemplo, trabalhadores em regime parcial (aquele cuja duração não excede 25 horas semanais) avançando. Essa é uma tendência do período pós-crise, em que as empresas passam a buscar mais esse tipo de relação. Pelo outro lado, o trabalhador passa a aceitar com maior facilidade esse tipo de situação", disse Lisboa.

Segundo Cimar Azeredo, a reação esboçada pela carteira assinada na divulgação referente ao trimestre terminado em junho não se confirmou na pesquisa de julho. "Dos dois milhões de ocupados a mais ante o ano passado, mais da metade é (trabalhador por) conta própria, 54%", disse Azeredo.

Como consequência, a proporção de trabalhadores ocupados contribuindo para a Previdência Social caiu a 62,8% no trimestre encerrado em julho, o menor patamar desde 2013.

"A contribuição para a Previdência se mantém em patamar baixo, em função da queda que houve do emprego com carteira assinada e que o mercado de trabalho brasileiro não conseguiu recuperar", justificou o coordenador do IBGE.

Segundo Azeredo, o IBGE está monitorando a entrada em vigor da exigência por uma empresa de transporte por aplicativo de que seus motoristas tenham registro no MEI (Microempreendedor Individual), o que deve aumentar o número de trabalhadores por conta própria com CNPJ e a proporção de ocupados contribuindo para a Previdência. "Ainda não começou, mas estamos monitorando "

O avanço do emprego precário e mais mal remunerado se refletiu sobre a renda média do trabalhador, que encolheu 1,0% em apenas um trimestre. A fraqueza dos rendimentos acende um sinal amarelo sobre a capacidade de consumo dos trabalhadores, alertaram os analistas Thiago Xavier e Rayne Santos, da Tendências Consultoria Integrada. "A massa de rendimentos do trabalho apresenta tendência de desaceleração, o que representa um sinal de cautela para as perspectivas do consumo das famílias nos próximos meses, principal responsável pela retomada econômica em curso", lembraram os analistas da consultoria Tendências, em nota.