
Na mesma hora, a mais de 9 mil quilômetros de distância do Vaticano, na Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro, no Centro, moradores em situação de rua acompanhavam, atentamente, por um telão, a cerimônia. “Foi um momento muito emocionante. E Dom Orani Tempesta (arcebispo do Rio) ofereceu um café da manhã a todos”, detalhou o cônego Claudio Santos.
“Foi linda a cerimônia. Sempre fui devota dela. O olhar da Irmã Dulce transmite bondade, ela sempre foi uma santinha”, conta Cecília Matos de Seixas, 82 anos, momentos antes da Missa de Ação de Graças pela canonização, na Paróquia da Ressurreição, em Ipanema, Zona Sul do Rio. “É um momento importante para nós, que estamos precisando de muita paz”, acrescentou.
Para o padre José Roberto Devellard, responsável há 32 anos pela Paróquia da Ressurreição, Irmã Dulce não é a primeira santa brasileira, mas a primeira canonizada pela igreja. “Quantos brasileiros são santos sem a gente saber? Quantas pessoas dão a sua vida diante de situações sociais? Ela só mostra que existem modelos imitáveis. Um santo está dentro da nossa possibilidade. Basta querer, está ao alcance de todos”, reforça.

Mais candidatos a santos no Brasil
Depois da canonização de Irmã Dulce, ainda há 52 candidatos na fila para serem os próximos santos brasileiros. O processo começa com uma investigação das virtudes ou o martírio do candidato. Concluído o procedimento com parecer positivo, a pessoa é declarada ‘Venerável’ (15 já tiveram suas virtudes reconhecidas pela igreja; os cariocas Odete Vidal de Oliveira, a Odetinha; e Guido Vidal França Schäffer estão entre eles).
Em seguida, uma vez iniciado o processo de investigação, o candidato recebe o título de ‘Servo de Deus’ (68 já possuem suas causas oficialmente abertas). Só conquista o título de ‘Beato’ (52 foram beatificados pela igreja) com a devida comprovação de um milagre por sua intercessão. Com a verificação de um segundo milagre, o Papa declara aquela pessoa (beata) como santa - processo de canonização - e digna de ser levada aos altares.
“O processo é muito sigiloso, sobretudo no que tange ao milagre. Até para que se preserve a isenção da matéria, do estudo, em si. Não podemos dizer: ‘Esse aqui está mais adiantado’. Só quando termina o processo, com um pouco de antecedência, é que avisam. Mas os processos de Beato Francisco de Paula Victor e da Beata Francisca de Paula de Jesus (Nhá Chica) estão bem avançados, em Roma. São beatos e esperam a canonização. Só não consigo afirmar qual será o próximo”, ressalta o padre João Claudio Loureiro do Nascimento, historiador e assessor do Escritório das Causas dos Santos do Rio de Janeiro.
Os processos que aguardam canonização podem ser acompanhados na página Postulação das Causas dos Santos no Brasil, no Facebook.
