Delegada disse que detentos fizeram um túnel com iluminação interna, que começou em um dos banheiros das celas - Reprodução
Delegada disse que detentos fizeram um túnel com iluminação interna, que começou em um dos banheiros das celasReprodução
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Mato Grosso do Sul - O primeiro dos 40 brasileiros do Primeiro Comando da Capital (PCC) que fugiram no domingo da Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, foi recapturado na manhã desta segunda-feira em Ponta Porã, no lado brasileiro da fronteira. De acordo com o secretário da Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antonio Carlos Videira, o preso foi capturado em um dos bloqueios do Departamento de Operações de Fronteira (DOF), unidade especializada que atua na região.

Desde domingo, cerca de 500 quilômetros da fronteira com o Paraguai estão com barreiras montadas pelas forças do Estado e da União na tentativa de evitar a entrada dos fugitivos no Brasil. O homem de 30 anos foi abordado em um dos bloqueios, em Ponta Porã, e levado para a delegacia da Polícia Civil para identificação. Conforme o secretário, ele é de Imperatriz, no Maranhão, e cumpria pena no Paraguai por tráfico de drogas havia quatro anos. Conforme o secretário, ainda será decidido o destino do recapturado.

Galeria de Fotos

Delegada disse que detentos fizeram um túnel com iluminação interna, que começou em um dos banheiros das celas Reprodução
Caminhonetes incendiadas abandonadas em Ponta Porã, no lado brasileiro da fronteira com o Paraguai, após a fuga dos presos do PCC Divulgação
Vista aérea da Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero, na fronteira entre Paraguai e Brasil Reprodução Google Maps


No Paraguai, a ministra da Justiça, Cecilia Pérez, baixou resolução na tarde de domingo decretando intervenção na penitenciária de Pedro Juan Caballero. A medida foi tomada após a fuga. O diretor do presídio, Christian González, foi demitido do cargo e colocado à disposição da Justiça.

A ministra designou como interventor Domingo Antonio Bazan Rojas, que respondia pela penitenciária regional de Concepción. Segundo a assessoria de imprensa da pasta, a ministra determinou também a revisão dos procedimentos de segurança em todos os presídios que abrigam presos de facções criminosas no Paraguai.

As férias de funcionários foram suspensas e houve determinação de que todos se apresentem a seus postos de trabalho na manhã desta segunda, como medida de segurança. A estimativa das autoridades paraguaias é de existirem cerca de 600 detentos ligados ao PCC, a facção brasileira que controla a maioria dos presídios.

Ainda segundo a assessoria, os 30 funcionários estavam sendo ouvidos pela Justiça na manhã desta segunda. Também foi aberta uma investigação interna para apurar possível participação na fuga. "É alta a possibilidade de envolvimento de funcionários corruptos da penitenciária na fuga dos integrantes do PCC, porque é impossível que não tenham visto a quantidade de areia em uma das celas. Não é possível que os funcionários não tenham podido ver uma saída (buraco) no perímetro da penitenciária. Há uma evidente conivência", afirmou a ministra, em nota.

Após a fuga, uma vistoria encontrou cerca de 200 sacos de areia amontoados em uma cela, o que reforçou a suspeita de omissão ou conivência de funcionários. Em outubro de 2018, a polícia paraguaia descobriu um túnel em construção em uma casa vizinha da penitenciária de Pedro Juan Caballero. A obra tinha estrutura para comportar a passagem de até três pessoas por vez. O corredor subterrâneo já havia ultrapassado o muro do presídio, quando foi descoberto. Na ocasião, as autoridades do sistema penitenciário informaram que o túnel serviria para fuga de 90 integrantes do PCC e chegaram a comemorar o fato do plano de fuga ter sido frustrado.

No domingo, a ministra chegou a colocar o cargo à disposição do presidente Mario Abdo Benitez, mas ele não aceitou o pedido. No ano passado, o então titular da pasta, Julio Rios, foi demitido após o resgate de Jorge Samudio, um dos líderes do Comando Vermelho, outra facção brasileira que atua no Paraguai.

Samudio foi libertado após um ataque ao comboio que o levava para prestar depoimento no Palácio de Justiça. Um policial que fazia parte da escolta foi morto na ação.