Bebianno diz que Carlos Bolsonaro queria 'Abin paralela' e compara caso Adriano com Celso Daniel
Ex-ministro também disse que o vereador do Rio comanda um 'gabinete de ódio' no Planalto, onde seriam fabricadas notícias falsas
Ex-presidente nacional do Partido Social Liberal (PSL) e ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno participa do programa Roda Viva
Reprodução
Por O Dia
São Paulo - Ex-braço direito do presidente Jair Bolsonaro e secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno disse que o vereador Carlos Bolsonaro queria montar uma agência de inteligência paralela à Abin e que um delegado da Polícia Federal participou da tentativa. Bebianno não respondeu se o delegado em questão é o atual diretor da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem.
"Não vou revelar por uma questão institucional e pessoal", declarou o ex-ministro em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na segunda-feira.
Bebianno revelou que Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) trouxe o nome do delegado federal e de outros três agentes para participar da agência. Mas, ele e o ex-ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz teriam desaconselhado o presidente.
O ex-ministro também disse que o vereador do Rio comanda um "gabinete de ódio" no Planalto, onde seriam fabricadas notícias falsas. " Eu disse ao presidente que as notícias falsas não podiam estar dentro do Planalto porque poderiam dar em impeachment. Mas a pressão que o Carlos faz é tão grande que o pai não consegue se contrapor ao filho. É como aquela criança que quer um presente no shopping, esperneia e o pai não tem pulso para dizer não", disse Bebianno.
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Carlos deu azar em viagem a Juiz de Fora
Bebianno atribuiu a Carlos Bolsonaro a gravidade do atentado sofrido por Bolsonaro durante a campanha. Segundo ele, naquele dia o vereador do Rio quis ir no carro com o pai e evitou o protocolo de segurança, fazendo com que o então candidato deixasse de usar o colete à prova de balas.
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"Passei um ano ao lado dele. Nós viajávamos fazendo tudo pra ele (Bolsonaro), inclusive a segurança: Eu, um sargento do Bope do Rio e um capitão do Exército das Forças Especiais. Éramos nós três. A única viagem que o Carlos fez conosco foi essa à Juiz de Fora, e ainda deu azar, atrapalhou o esquema de segurança, que resultou no não uso do colete e naquela tragédia", declarou.
Segundo o ex-ministro, o capitão do Exército era encarregado de garantir o uso do colete. " Ele (Carlos) se enfiou por dentro do carro. O capitão ficava encarregado de não deixar que o Jair fosse ao público sem colete. Nesse dia, o Carlos cismou de ir, era uma viagem curta, de 2 horas de carro, o Carlos foi dentro do carro com um drone, parecia uma criança brincando, nem eu pude ir dentro do carro, nem o sargento do Bope, nem o capitão Cordeiro. O resultado: ele desembarcou sem o colete, que teria limitado a penetração da faca", contou.
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Bebianno disse ainda, que tinha impressão de que Bolsonaro sabia que poderia ser atacado, mas corria esse risco. " Passei um ano avisando: 'Capitão, o senhor ainda vai levar uma estocada'. Os desembarques estavam ficando muito tensos", declarou. Perguntado se há alguma chance do atentado ter sido armado por alguém daquele círculo próximo, respondeu: "Zero. Acho que o Adélio foi usado por algum grupo que tinha interesse em tirá-lo da disputa", finalizou.
'Capitão Adriano é o Celso Daniel da família Bolsonaro'
O ex-ministro de Bolsonaro também comparou o chefe do Escritório do Crime, Adriano da Nóbrega, com o caso do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel em 2002, até hoje não esclarecido. " O PT tem um grande fantasma que é o Celso Daniel. E agora a família Bolsonaro tem um fantasma que é o capitão Adriano. Parece uma queima de arquivo. Quem teria interesse na morte dele? Não sei", comentou.
Bebianno disse nunca ter visto Adriano, embora tenha escutado falar dele. " Era um nome que era conhecido, tido como um policial linha de frente e linha dura. Eu não sabia que era miliciano. Era um nome que ouvia algumas vezes, mas não lembro em que circunstâncias. Era alguém com quem se tinha amizade", admitiu.
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O ex-ministro também criticou a postura do governo diante do motim da polícia do Ceará. "O maior problema do Brasil hoje são as milícias. Eu não ouvi uma palavra do governo federal condenando esse motim", declarou.