A Câmara dos Deputados começou a se mobilizar sobre a deputada Flordelis (PSD-RJ), apontada como mandante do assassinato de seu marido, o pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019. Na terça, o deputado Léo Motta (PSL-MG) encaminhou à Mesa Diretora da Casa uma representação para que seja encaminhado ao Conselho de Ética o pedido de perda de mandato de Flordelis por quebra de decoro parlamentar. Já ontem, líderes da Câmara anunciaram que devem se reunir na próxima semana para debater o futuro do mandato da deputada.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou, ontem, que a Casa aguarda apenas o recebimento da documentação pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), processo padrão para abertura de investigações na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ), caso seja aprovada pela Mesa Diretora. "Vou reunir a Mesa, vou reunir os líderes e vamos decidir em conjunto. Eu não posso decidir tudo sozinho, não é o melhor caminho", afirmou ao Estadão.
Se o caso andar pela CCJ, a comissão deverá decidir a favor ou contra a cassação, e têm o tempo de até 10 sessões, ou seja, pouco mais de três semanas, para apresentar o parecer. Se for pela denúncia do deputado Léo Motta (PSL-MG), se for acatada pela Mesa, terá prazo de três sessões ordinárias para ser encaminhada ao Conselho de Ética. Depois, a deputada terá até 10 dias úteis para apresentar sua defesa escrita, e o conselho terá até 40 dias para dar um parecer definitivo. Nos dois casos, após a apreciação nas comissões, o pedido de cassação deverá ir para votação em plenário, e Flordelis perde o cargo se a maioria absoluta, ou seja, a metade mais um deputado, votarem em favor da cassação.
Na primeira instância
Sem a prerrogativa de foro, Flordelis vai responder pelos crimes na primeira instância do Rio. A advogada criminalista Arianne Nery informa que, por se tratar de caso de homicídio, vai para júri popular. "A defesa vai apresentar, em até dez dias, resposta escrita à acusação com testemunhas e os primeiros argumentos para desclassificação do crime para delitos menos graves ou absolvição sumária, que seria a ré inocentada. Nesse caso, acredito que o juízo vai manter a denúncia", afirma. Ela acredita que, após todos os trâmites, o juiz encarregado do caso vai ser favorável ao julgamento por júri.